Em um estudo observacional publicado na revista científica Journal of Alzheimer’s Disease nessa terça (13/9), os cientistas cruzaram registros médicos de 6,2 milhões de idosos atendidos entre fevereiro de 2020 e maio de 2021, todos sem diagnóstico prévio para a doença neurodegenerativa.
Parte dos participantes já tinha sido infectada pelo coronavírus e a maioria, não. Após avaliar os dados, os cientistas perceberam que houve uma maior incidência de Alzheimer nos idosos já afetados pelo vírus. No grupo sem contato com o coronavírus, 0,35% dos participantes foi diagnosticado com a demência. Já entre os que tiveram Covid-19, a taxa ficou em 0,68%. Nas pessoas que tinham mais de 65 anos, por exemplo, a probabilidade de ter o problema neurológico aumentou 69% no pós-Covid.
Nos grupos que tinham acima de 85 anos e contato prévio com o coronavírus, as chances de apresentar a doença foram ainda maiores, chegando a 89%. De acordo com os pesquisadores, as mulheres são as mais propensas a desenvolver a demência depois da Covid-19 — entre as participantes analisadas, o risco de ter Alzheimer no pós-coronavírus foi de 82%, contra os 50% apresentados entre os homens.
“Os fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença de Alzheimer têm sido mal compreendidos, mas duas peças consideradas importantes são infecções anteriores, especialmente virais, e inflamação. Como a infecção pelo Sars-CoV-2 foi associada a anormalidades do sistema nervoso central, incluindo inflamação, queríamos testar se, mesmo a curto prazo, a Covid-19 poderia levar a diagnósticos aumentados de Alzheimer”, explica a autora do estudo, a professora Pamela Davis, em comunicado à imprensa.
Segundo ela, é importante continuar monitorando o impacto da Covid-19 nas doenças neurodegenerativas, pois o Alzheimer não tem cura e, caso a quantidade de novos casos diagnosticados continue subindo como está, “sobrecarregará ainda mais os recursos de cuidados da doença em longo prazo”.
Como a pesquisa é observacional, ainda não é possível apontar como o coronavírus e o Alzheimer estão ligados. Pamela informa, ainda, que o estudo é apenas um alerta e é preciso avançar mais nas pesquisas sobre os impactos da infecção ao longo do tempo para indicar possíveis prevenções e tratamentos.
Metrópoles
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