Registro do evento aurora boreal
Por Lúcia Xavier
Há exatamente cinco anos, no dia 17 de setembro de 2017, publicamos neste blog a postagem Há 35 anos luzes coloridas no céu de Recife causaram alvoroço na população, Essa postagem é o relato de um evento presenciado pela coeditora deste blog, Lúcia Xavier, em sua adolescência, quando residia em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, em meados dos anos 80. Até hoje, trata-se da postagem do Blog de Assis Ramalho com maior número de comentários relevantes. São dezenas de relatos de experiências vividas por outras pessoas que assistiram ao mesmo fenômeno que, pelas localidades citadas nos depoimentos, foi avistado em grande extensão da região Nordeste. E mais, a experiência não aconteceu somente no final da tarde de 17 de setembro de 1982, mas também no dia seguinte.
Desde sua publicação, durante cinco anos, a postagem costuma receber comentários periodicamente e, como alguns dos comentários explicitam, o Blog de Assis Ramalho é o único a possuir uma matéria relacionada ao evento, ocorrido há 40 anos. Há relatos de Pernambuco, Ceará, Alagoas e outros estados. Infelizmente, nem todas as pessoas deixaram o nome ou a cidade onde residiam quando o fato aconteceu. Abaixo, três exemplos de depoimentos.
"Nossa! Procurei por muito tempo algo referente a esse episódio na Internet e aqui estou bem satisfeita em achar esses relatos. Eu tinha uns 10 anos na ocasião e foi muito, muito surreal o que vi no céu do bairro em que morava, em Recife (Mangueira). Morava de lado a uma igreja e o culto foi interrompido dando lugar a um tumulto eufórico, misturados entre medo e alegria dos que achavam que era o Apocalipse. Foi espetacular... Nunca esqueci. É difícil descrever e tenho uma sensação de que não foi algo ruim. Lindo, muito lindo! Se ocorresse hoje, talvez não reagiria com tanta serenidade como quando criança. Vendo os relatos, me recordo que foi exatamente assim como descreveram". E são muito os relatos que enriqueceram e se tornaram um regalo a mais naquela postagem.
"Eu também fui testemunha desse acontecimento, no interior de Alagoas, (cidade de) Canapi. Aconteceu 17 de setembro por volta das 18 hs, fim de tarde, ao anoitecer. Foi fantástico e, ao mesmo tempo, (causou) muito medo pela proporção muito grande das cores que abriam em círculo no céu. As bolhas coloridas se abriam, se expandindo, depois apagava e, logo em seguida, abriam outras e sempre cada uma que abria tinha tonalidade de cor diferente da anterior. Era uma sequência de cores muito vivas, tipo neon. (As bolhas) abriam como se estivessem vindo em nossas direções, (caindo) sobre nossas cabeças. (Vi) muita gente rezando, outros chorando, pedindo perdão, mulheres tirando os batons, outras raspando esmalte das unhas. Foi um pânico total..." Canapi está situada no Sertão de Alagoas. Há diversos relatos com as reações, às vezes hilárias (passado o fato), das pessoas durante as "luzes".
"Olá, bom dia! Eu sou Sérgio Ricardo Soares de Lima, tenho 47 anos de idade, eu vi esse fenômeno no céu. Há tempos venho procurando alguém ou algum comentário sobre esse evento nos céus. Eu não lembrava do ano, mês ou dia, até ver no seu blog. Só lembro que foi à noite e lembro da TV Globo anunciar que foi um foguete de Barreira do Inferno. Acho intrigante, porque perguntei a pessoas mais velhas que eu e ninguém lembra. Acho que seria interessante saber a idade das pessoas hoje e na época do ocorrido, porque parece que esse evento foi apagado da memória das pessoas mais velhas que viveram naquela época". Essa mensagem foi recebida por e-mail no início de 2022. O relato de Ricardo destaca o "esquecimento" do fenômeno por grande parte das pessoas que o presenciaram. Além de belo e fascinante, as explosões de luzes coloridas pode ter sido assustadora e traumática pelo inesperado e grandioso espetáculo que evoluiu no céu. Algumas testemunhas relatam que suas memórias não eram levadas a sério quando comentavam o fato.
Mas, entre a verdadeira comunidade que se manifestou, através de comentários à postagem, repercutiu também a desconfiança sobre a veracidade do fenômeno ter sido provocado por explosão de foguetes lançados na Barreira do Inferno, em Natal, Rio Grande do Norte. Não faltam menções a extraterrestres e discos voadores, além de teorias conspiratórias. Mas, "a verdade está lá fora" e sentimos frustrar as especulações sobre a origem extraterrestre do fenômeno. Entre os mais de 100 comentários (até agora), recebemos algumas contribuições para elucidar a natureza do fenômeno maravilhoso, inesquecível para alguns felizardos, e jamais reprisado em nossos céus.
Uma dessas contribuições aponta para existência do registro de lançamento de duas sondas, dias 17 e 18 de setembro de 1982, disponíveis na Internet hoje no endereço http://www.astronautix.com/s/sonda3.html Ali constam as seguintes informações:
1982 September 17 - . 20:56 GMT - . Launch Site: Natal. LV Family: Sonda. Launch Vehicle: Sonda 3.Colored Bubbles Ionosphere mission - . Nation: Germany. Agency: DLR. Apogee: 335 km (208 mi).
O horário Greenwich Mean Time (GMT) está 3 horas à frente de Brasília (DF). Nossos relógios marcavam 17h56min no dia 17 e 17h45min no dia seguinte. Por isso, escolhemos o horário 17h56min para publicar esta matéria.
1982 September 18 - . 20:45 GMT - . Launch Site: Natal. LV Family: Sonda. Launch Vehicle: Sonda 3.Colored Bubbles Ionosphere mission - . Nation: Germany. Agency: DLR. Apogee: 335 km (208 mi).
Entre as contribuições que recebemos, a principal identificou o "pai" da experiência científica que marcou nossas vidas. Trata-se do Dr. Mangalathayil Ali Abdu (foto abaixo). Nascido na Índia, ele chegou ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 1973, e, entre outras atividades naquela instituição, coordenou a linha de pesquisas ionosféricas de 1978 a 2008. Sim, ele é o pai da experiência maravilhosa que presenciamos.
O extenso currículo Lattes do Dr. Mangalathayil Ali Abdu informa que ele possui graduação em Física pelo Maharajas College (1959), mestrado em Física pelo Maharajas College (1961), Universidade Kerala, e doutorado em Física da Ionosfera - Physical Research Laboratory Gujarat University (1967), Ahmedabad, India. Realizou pesquisa de pôs doutorado (1968-71) na Universidade de Western Ontario, London, Canada. Professor Pesquisador no Centro de Radio Astronomia e Astrofísica (CRAAM) da Universidade Mackenzie (1971-73). Atualmente é pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pesquisador de novel 1A do CNPq. Coordenou a linha de pesquisas ionosféricas do INPE de 1978 ate 2008. Professor do curso de mestrado e doutorado em Geofísica Espacial desde 1973, tendo orientado vários alunos (30 alunos) de mestrados e doutorado, diversas bolsistas de iniciação científica e de pós doutorado. Membro do CA do CNPQ (2005-2008). Chefe da divisão de Aeronomia no INPE (1992-1996). Membro do comitê executivo da IAGA (International Association of Geomagnetism and Aeronomy subordinado a IUGG) (2003-2011); Discipline Representative, Scientific committee on Solar-Terrestrial Physics (SCOSTEP), 1987- 1995; Chairman da Comissão Inter-divisional da IAGA para promoção de pesquisas nos Países em Desenvolvimento (ICDC) (1987-1991); Foi responsável pelo estabelecimento de vários observatórios ionosféricos no Brasil. Tem experiência na área de, Física solar-terrestre, Geofisica espacial com ênfase em Ciências Espaciais e Atmosféricas e na física de Ionosfera e Aeronomia. Frequente revisor de diversos periódicos indexados desde 1973. Reconhecimento por excelência como revisor pelos AGU e Elsevier. Consultor a CNPq, FAPESP, NASA, NSF etc. Publicou cerca de 290 artigos científicos em periódicos indexados de alto nível, um livro, e diversos capítulos de livros. Premio: Vikram Sarabhai medal de excelencia em promover pesquisas espaciais em paises em Desenvolvimento, concedido pelo COSPAR e ISRO. Membro Titular da ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO ( ACIESP). Distinguished lecture, em Solar-Terrestrial Science no congresso Asia-Oceania (AOGS) em Singapore (2015). Membro do Award Committee do COSPAR desde 2016. Premio Maro Acunha conferido pela Assoiacao Latino-Americano de Geofisica Espacial (ALAGE) em 2018. As informações foram coletadas em 01/05/2022.
Para esta matéria de 40 anos, outra contribuição recebida foi o link de uma entrevista do cientista, reproduzida por Antonio Biondi no Jornal do SindCT, edição nº 39 (Julho e Agosto de 2015). Confira abaixo.
Indiano graduado em Física na Universidade Kerala, pós-doutorado no Canadá, Abdu é um dos pioneiros do INPE, onde chegou em 1973. Ele tornou-se um dos maiores especialistas mundiais em ionosfera.
Quando chegou para lecionar no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 1973, Mangalathayil Ali Abdu foi saudado por Fernando de Mendonça, diretor pioneiro do instituto, com um “Welcome home!”, ou, em português, “Bem-vindo à sua casa!”. Naquele momento o cientista indiano, radicado havia dois anos em São Paulo, não poderia imaginar que passaria as quatro décadas seguintes na instituição, onde viria a orientar 25 mestrandos e doutorandos no curso de Geofísica Espacial.
Ele também chefiou a divisão de Aeronomia entre 1992 e 1996 e coordenou a linha de pesquisas ionosféricas de 1978 a 2008. Hoje (2015), Abdu é pesquisador sênior do INPE e pesquisador de nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Físico graduado pelo Maharajas College (1959), da Universidade Kerala (onde, em seguida, cursou mestrado em Física), ele se doutorou em Física da Ionosfera no Physical Research Laboratory, da Gujarat University (1967), em Ahmedabad, ainda em seu país natal. O pós-doutorado levou-o à Western Ontario University, no Canadá.
No ano da conclusão, mudou-se para o Brasil. Como consultor, o físico colaborou com instituições como a NASA, a National Science Foundation (NSF), o CNPq e a Fapesp. Publicou cerca de 270 artigos em periódicos científicos de alto nível, um livro e diversos capítulos de livros. Foi premiado com a medalha Vikram Sarabhai, concedida a cientistas que se destacaram na promoção de pesquisas espaciais em países em desenvolvimento.
Teve destacada atuação na International Association of Geomagnetism and Aeronomy (IAGA), da qual integrou o comitê executivo entre 2003 e 2011 e o Comitê Científico de Física Solar-Terrestre (Scostep) de 1987 a 1995. Atuou, ainda, como chairman da comissão interdivisional para promoção de pesquisas nos países em desenvolvimento, a ICDC, no período 1987-1991, quando foi responsável pelo estabelecimento de vários observatórios ionosféricos no Brasil. Na mesma data em que recebeu a equipe de reportagem do Jornal do SindCT, o professor se preparava para uma reunião em que seriam estudadas possíveis aplicações para um novo satélite a ser desenvolvido com a NASA, para acompanhamento das atividades da ionosfera.
“Uma vez que existe uma grande quantidade de artefatos desse tipo, precisamos de justificativas fortes e novas aplicações interessantes para o desenvolvimento de mais esse”, explicou. Na entrevista a seguir, Mangalathayil Ali Abdu conta sua trajetória e a relação de mais de quatro décadas com o Brasil e o INPE.
Quando o sr. chega ao Brasil, e posteriormente, ao INPE?
Fiz o pós-doutorado no Canadá entre 1968 e 1971, e de lá vim para o Brasil. Inicialmente, como professor da Universidade Mackenzie. Em 1973, ingresso no INPE.
O professor Mendonça [Fernando de Mendonça, um dos fundadores do INPE — e seu primeiro diretor], quando me encontrou, disse “bem-vindo à sua casa”. Não imaginava que ficaria todo esse tempo.
Como o sr. decidiu vir para o Brasil?
Quando eu estava no Canadá, conhecia muitos colegas que estavam no Brasil, e me convidaram para vir. Acabei ficando. O clima é muito bom, a sociedade amigável, e existia liberdade para pesquisar nessa área.
Na época, havia alguma dificuldade para receber recursos para pesquisa, mas hoje isso está muito melhor. Meus filhos cresceram no Brasil e estudaram aqui. E depois se mudaram justamente para o Canadá.
Em termos de idioma, como foi a adaptação?
Na Índia, cada Estado possui uma língua, e falamos o inglês ou o português também.
No meu Estado na Índia, fala-se o Malayalam. No INPE, além de mim existe mais um pesquisador com quem posso falar utilizando o Malayalam.
Mantém vínculos de pesquisa com a Índia hoje?
Visito a Índia a cada um ou dois anos. Tenho colaboração com várias instituições locais. Índia e Brasil começaram as pesquisas no espaço quase ao mesmo tempo. Mas, na parte da tecnologia, a Índia tem avançado mais.
Os dois países possuem grandes dimensões e importância mundial, mas a Índia possui mais conflitos com os países vizinhos, e isso interfere nesse ponto do desenvolvimento tecnológico e espacial.
O sr. poderia nos explicar didaticamente o que é a ionosfera, o seu tema por excelência?
A ionosfera é uma região da atmosfera terrestre que é ionizada [e que se encontra entre aproximadamente 60 km e 1.000 km de altitude].
Nela, existem cargas elétricas (íons e elétrons), que se encontram em um estado de plasma ionosférico. Ela interfere sobretudo nas questões da comunicação, na propagação das ondas relativas a esse setor, que podem, por exemplo, bater na ionosfera e voltar, ou atravessá-la.
O sr. possui estudos importantes sobre a região do Equador. O que essa região possui de especial para o tema?
Na região equatorial a atividade da ionosfera é mais intensa. Essa movimentação da ionosfera dificulta a transmissão dos sinais, interfere nas ondas de comunicação, de GPS [Global Positioning System], por exemplo.
E isso interfere em várias atividades, especialmente de navegação de todos os tipos: navios, aviões, automóveis etc. Quando o Sol fica ativo, ele manda massa, energia para a ionosfera. E isso causa impacto nas comunicações em toda a Terra, normalmente com maior efeito sobre a região equatorial.
É uma área de estudos que possui, portanto, diversas aplicações e interesses. Vários grupos possuem interesse em estudar a ionosfera. Inclusive para se buscar previsibilidade dos fenômenos verificados nela e seus impactos. As principais aplicações se referem à navegação e comunicação. O SGDC brasileiro [Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, em desenvolvimento pela Embraer e Telebras, por meio da Visiona], por exemplo, ficará estacionado sobre a linha do Equador, exatamente.
E irá girar à mesma velocidade que a Terra, a fim de manter-se sobre o mesmo ponto de referência. O monitoramento da ionosfera é muito importante e possui muito mais aplicações no campo físico. Traz elementos fundamentais para o estudo do clima, do tempo na Terra, e de sua previsibilidade.
Os fenômenos do Sol e sua incidência sobre a ionosfera mudam tudo na Terra. Os raios do Sol penetram mais facilmente nos polos da Terra, e mais intensamente no Equador. E ambos os processos se inter-relacionam. A comunidade científica tem muito interesse em conhecer melhor esses processos, do ponto de vista físico, eletrodinâmico etc.
Em que áreas o INPE foca seus estudos sobre a ionosfera?
O INPE estuda principalmente os aspectos físicos. Usa esse conhecimento para desenvolver previsões. Existem modelos baseados em supercomputadores, nos EUA por exemplo, que buscam consolidar o maior número possível de informações para desenvolver essa previsibilidade. No Brasil, são modelos mais empíricos, físicos.
Os modelos buscam contemplar todos os conhecimentos que possuímos sobre a ionosfera, atmosfera, atividade do Sol, etc. No caso do Brasil, são abordados inúmeros aspectos, cada um deles, ou um conjunto deles é estudado de forma específica, e depois se busca reunir todos os elementos em um grande conjunto.
Podemos dizer que o Brasil se encontra em uma posição intermediária no mundo nessa questão dos modelos. Os fenômenos envolvendo a ionosfera variam conforme a latitude na Terra e em cada país.
No Rio Grande do Sul eles vão se manifestar de uma forma, em Fortaleza de outra, por exemplo. Assim, o Brasil precisa de uma rede que integre todas essas pesquisas, e o país está avançando nesse sentido. Atualmente, o Brasil conta, por meio do INPE e instituições parceiras, com uma rede de sondagem da ionosfera que possui pontos em Fortaleza (CE), São Luís do Maranhão (MA), Cachoeira Paulista (SP), Boa Vista (RR) e Campo Grande (MS). Ainda serão instalados pontos da rede em Alta Floresta (MT) e no Rio Grande do Sul.
A rede é baseada em sondas que emitem sinais para a ionosfera, que rebate os sinais. O funcionamento é semelhante ao de um radar.
Em 2008, o sr. recebeu do Committee on Space Research a medalha Vikram Sarabhai. Do ponto de vista acadêmico, o Brasil possui bons indicadores nessa área de pesquisa?
O Brasil possui uma boa quantidade de citações nessa área. O livro que publiquei sobre o tema, por exemplo, foi muito baixado nos últimos quatro anos, com mais de 25 mil downloads dos artigos. O país possui publicações de relevância na área. E a relação entre publicações e citações do país é bastante positiva nessa área.
Como avalia a situação atual da pesquisa e do desenvolvimento em ciência e tecnologia no Brasil, sobretudo a aeroespacial, e especialmente a geofísica espacial?
O país tem realizado importantes avanços nas últimas décadas nessas temáticas. O Brasil reencontrou a importância de investir nessa área de ciência e tecnologia, com maior destinação de recursos, intercâmbio com outros países, inserção na comunidade científica internacional, etc. Se considerarmos os aspectos da ciência, tecnologia e aplicação, podemos afirmar que o Brasil vem tendo crescimento especialmente em ciência e aplicação, com a chegada de massa crítica, que agora precisa ser transformada em mais voz. Isso já está acontecendo, tanto junto ao governo quanto frente à sociedade, mas é preciso ampliar isso.
Na parte da tecnologia, entendo que o país ainda enfrenta mais dificuldades para desenvolver-se. O sr. está satisfeito hoje com suas atividades no INPE e com o reconhecimento que recebe na comunidade do instituto e de pesquisas do país em geral?
Contamos com recursos, bom clima, colaboração de outros pesquisadores, equipe muito boa, integração... O ambiente para pesquisa no INPE é muito bom.
Entrevista: Mangalathayil Ali Abdu, Autoridade Internacional em Geofísica Espacial
Indiano graduado em Física na Universidade Kerala, pós-doutorado no Canadá, Abdu é um dos pioneiros do INPE, onde chegou em 1973. Ele tornou-se um dos maiores especialistas mundiais em ionosfera.
Quando chegou para lecionar no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 1973, Mangalathayil Ali Abdu foi saudado por Fernando de Mendonça, diretor pioneiro do instituto, com um “Welcome home!”, ou, em português, “Bem-vindo à sua casa!”. Naquele momento o cientista indiano, radicado havia dois anos em São Paulo, não poderia imaginar que passaria as quatro décadas seguintes na instituição, onde viria a orientar 25 mestrandos e doutorandos no curso de Geofísica Espacial.
Ele também chefiou a divisão de Aeronomia entre 1992 e 1996 e coordenou a linha de pesquisas ionosféricas de 1978 a 2008. Hoje (2015), Abdu é pesquisador sênior do INPE e pesquisador de nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Físico graduado pelo Maharajas College (1959), da Universidade Kerala (onde, em seguida, cursou mestrado em Física), ele se doutorou em Física da Ionosfera no Physical Research Laboratory, da Gujarat University (1967), em Ahmedabad, ainda em seu país natal. O pós-doutorado levou-o à Western Ontario University, no Canadá.
No ano da conclusão, mudou-se para o Brasil. Como consultor, o físico colaborou com instituições como a NASA, a National Science Foundation (NSF), o CNPq e a Fapesp. Publicou cerca de 270 artigos em periódicos científicos de alto nível, um livro e diversos capítulos de livros. Foi premiado com a medalha Vikram Sarabhai, concedida a cientistas que se destacaram na promoção de pesquisas espaciais em países em desenvolvimento.
Teve destacada atuação na International Association of Geomagnetism and Aeronomy (IAGA), da qual integrou o comitê executivo entre 2003 e 2011 e o Comitê Científico de Física Solar-Terrestre (Scostep) de 1987 a 1995. Atuou, ainda, como chairman da comissão interdivisional para promoção de pesquisas nos países em desenvolvimento, a ICDC, no período 1987-1991, quando foi responsável pelo estabelecimento de vários observatórios ionosféricos no Brasil. Na mesma data em que recebeu a equipe de reportagem do Jornal do SindCT, o professor se preparava para uma reunião em que seriam estudadas possíveis aplicações para um novo satélite a ser desenvolvido com a NASA, para acompanhamento das atividades da ionosfera.
“Uma vez que existe uma grande quantidade de artefatos desse tipo, precisamos de justificativas fortes e novas aplicações interessantes para o desenvolvimento de mais esse”, explicou. Na entrevista a seguir, Mangalathayil Ali Abdu conta sua trajetória e a relação de mais de quatro décadas com o Brasil e o INPE.
Quando o sr. chega ao Brasil, e posteriormente, ao INPE?
Fiz o pós-doutorado no Canadá entre 1968 e 1971, e de lá vim para o Brasil. Inicialmente, como professor da Universidade Mackenzie. Em 1973, ingresso no INPE.
O professor Mendonça [Fernando de Mendonça, um dos fundadores do INPE — e seu primeiro diretor], quando me encontrou, disse “bem-vindo à sua casa”. Não imaginava que ficaria todo esse tempo.
Como o sr. decidiu vir para o Brasil?
Quando eu estava no Canadá, conhecia muitos colegas que estavam no Brasil, e me convidaram para vir. Acabei ficando. O clima é muito bom, a sociedade amigável, e existia liberdade para pesquisar nessa área.
Na época, havia alguma dificuldade para receber recursos para pesquisa, mas hoje isso está muito melhor. Meus filhos cresceram no Brasil e estudaram aqui. E depois se mudaram justamente para o Canadá.
Em termos de idioma, como foi a adaptação?
Na Índia, cada Estado possui uma língua, e falamos o inglês ou o português também.
No meu Estado na Índia, fala-se o Malayalam. No INPE, além de mim existe mais um pesquisador com quem posso falar utilizando o Malayalam.
Mantém vínculos de pesquisa com a Índia hoje?
Visito a Índia a cada um ou dois anos. Tenho colaboração com várias instituições locais. Índia e Brasil começaram as pesquisas no espaço quase ao mesmo tempo. Mas, na parte da tecnologia, a Índia tem avançado mais.
Os dois países possuem grandes dimensões e importância mundial, mas a Índia possui mais conflitos com os países vizinhos, e isso interfere nesse ponto do desenvolvimento tecnológico e espacial.
O sr. poderia nos explicar didaticamente o que é a ionosfera, o seu tema por excelência?
A ionosfera é uma região da atmosfera terrestre que é ionizada [e que se encontra entre aproximadamente 60 km e 1.000 km de altitude].
Nela, existem cargas elétricas (íons e elétrons), que se encontram em um estado de plasma ionosférico. Ela interfere sobretudo nas questões da comunicação, na propagação das ondas relativas a esse setor, que podem, por exemplo, bater na ionosfera e voltar, ou atravessá-la.
O sr. possui estudos importantes sobre a região do Equador. O que essa região possui de especial para o tema?
Na região equatorial a atividade da ionosfera é mais intensa. Essa movimentação da ionosfera dificulta a transmissão dos sinais, interfere nas ondas de comunicação, de GPS [Global Positioning System], por exemplo.
E isso interfere em várias atividades, especialmente de navegação de todos os tipos: navios, aviões, automóveis etc. Quando o Sol fica ativo, ele manda massa, energia para a ionosfera. E isso causa impacto nas comunicações em toda a Terra, normalmente com maior efeito sobre a região equatorial.
É uma área de estudos que possui, portanto, diversas aplicações e interesses. Vários grupos possuem interesse em estudar a ionosfera. Inclusive para se buscar previsibilidade dos fenômenos verificados nela e seus impactos. As principais aplicações se referem à navegação e comunicação. O SGDC brasileiro [Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, em desenvolvimento pela Embraer e Telebras, por meio da Visiona], por exemplo, ficará estacionado sobre a linha do Equador, exatamente.
E irá girar à mesma velocidade que a Terra, a fim de manter-se sobre o mesmo ponto de referência. O monitoramento da ionosfera é muito importante e possui muito mais aplicações no campo físico. Traz elementos fundamentais para o estudo do clima, do tempo na Terra, e de sua previsibilidade.
Os fenômenos do Sol e sua incidência sobre a ionosfera mudam tudo na Terra. Os raios do Sol penetram mais facilmente nos polos da Terra, e mais intensamente no Equador. E ambos os processos se inter-relacionam. A comunidade científica tem muito interesse em conhecer melhor esses processos, do ponto de vista físico, eletrodinâmico etc.
Em que áreas o INPE foca seus estudos sobre a ionosfera?
O INPE estuda principalmente os aspectos físicos. Usa esse conhecimento para desenvolver previsões. Existem modelos baseados em supercomputadores, nos EUA por exemplo, que buscam consolidar o maior número possível de informações para desenvolver essa previsibilidade. No Brasil, são modelos mais empíricos, físicos.
Os modelos buscam contemplar todos os conhecimentos que possuímos sobre a ionosfera, atmosfera, atividade do Sol, etc. No caso do Brasil, são abordados inúmeros aspectos, cada um deles, ou um conjunto deles é estudado de forma específica, e depois se busca reunir todos os elementos em um grande conjunto.
Podemos dizer que o Brasil se encontra em uma posição intermediária no mundo nessa questão dos modelos. Os fenômenos envolvendo a ionosfera variam conforme a latitude na Terra e em cada país.
No Rio Grande do Sul eles vão se manifestar de uma forma, em Fortaleza de outra, por exemplo. Assim, o Brasil precisa de uma rede que integre todas essas pesquisas, e o país está avançando nesse sentido. Atualmente, o Brasil conta, por meio do INPE e instituições parceiras, com uma rede de sondagem da ionosfera que possui pontos em Fortaleza (CE), São Luís do Maranhão (MA), Cachoeira Paulista (SP), Boa Vista (RR) e Campo Grande (MS). Ainda serão instalados pontos da rede em Alta Floresta (MT) e no Rio Grande do Sul.
A rede é baseada em sondas que emitem sinais para a ionosfera, que rebate os sinais. O funcionamento é semelhante ao de um radar.
Em 2008, o sr. recebeu do Committee on Space Research a medalha Vikram Sarabhai. Do ponto de vista acadêmico, o Brasil possui bons indicadores nessa área de pesquisa?
O Brasil possui uma boa quantidade de citações nessa área. O livro que publiquei sobre o tema, por exemplo, foi muito baixado nos últimos quatro anos, com mais de 25 mil downloads dos artigos. O país possui publicações de relevância na área. E a relação entre publicações e citações do país é bastante positiva nessa área.
Como avalia a situação atual da pesquisa e do desenvolvimento em ciência e tecnologia no Brasil, sobretudo a aeroespacial, e especialmente a geofísica espacial?
O país tem realizado importantes avanços nas últimas décadas nessas temáticas. O Brasil reencontrou a importância de investir nessa área de ciência e tecnologia, com maior destinação de recursos, intercâmbio com outros países, inserção na comunidade científica internacional, etc. Se considerarmos os aspectos da ciência, tecnologia e aplicação, podemos afirmar que o Brasil vem tendo crescimento especialmente em ciência e aplicação, com a chegada de massa crítica, que agora precisa ser transformada em mais voz. Isso já está acontecendo, tanto junto ao governo quanto frente à sociedade, mas é preciso ampliar isso.
Na parte da tecnologia, entendo que o país ainda enfrenta mais dificuldades para desenvolver-se. O sr. está satisfeito hoje com suas atividades no INPE e com o reconhecimento que recebe na comunidade do instituto e de pesquisas do país em geral?
Contamos com recursos, bom clima, colaboração de outros pesquisadores, equipe muito boa, integração... O ambiente para pesquisa no INPE é muito bom.
Finalmente, mais uma contribuição aponta um artigo científico sobre o experimento Colored Bubbles. O documento, entre outros existentes, cheios de gráficos e tabelas, é uma prova de que o fenômeno foi frutos de uma série de experiências científicas realizadas na ionosfera. A ionosfera - ou termosfera - é a camada da atmosfera que se localiza entre 60 km e 1000 km de altitude. Ela contêm muitas partículas carregadas de eletricidade, chamadas íons.
A ocorrência das Bolhas Coloridas (Colored Bubbles) foi tratada em artigo científico de Gerhard Haerendel, pesquisador do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, Garching, Alemanha. Intitulado Experimentos de injeção de plasma no espaço estão sendo ordenados de acordo com cinco aspectos: (1) Diagnóstico de campos elétricos, (2) Acoplamento à ionosfera, (3) Interações com o vento solar, (4) Experimentos de modificação e (5) processos, o texto está disponível na internet no endereço https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fspas.2019.00029/full Nesse artigo descobrimos que nossas mais belas memórias celestes foram explosões de plasma na ionosfera.
"As três primeiras tentativas ocorreram em Thumba/Índia em 1972, em Natal/Brasil em 1973, e em Punta Lobos/Peru em 1979. Ou os foguetes falharam ou o spread-F não se desenvolveu, desde que as nuvens fossem observáveis. O único resultado foi o aparecimento das onipresentes estrias e distorções. No entanto, nas campanhas combinadas de BIME por Narcisi (1983) e Bolhas Coloridas de Haerendel et al. (1983) em Natal, em 1982, houve sucesso parcial. Considerações teóricas posteriores deixaram claro que cargas com 26 kg da mistura Ba-CuO empregadas nesses experimentos não seriam suficientes para gerar nuvens de plasma suficientemente pesadas capazes de perturbar massivamente a ionosfera. Seriam necessárias massas muito maiores. No entanto, eles foram suficientes para excitar a propagação localizada de F."
"A ideia básica dos experimentos do Colored Bubbles era colocar duas grandes nuvens de bário lado a lado, na perna superior e inferior de um vôo de foguete, respectivamente. Era de se esperar que, enquanto os dois tubos de fluxo fortemente carregados com plasma de bário se movessem para baixo, o tubo de fluxo entre eles subiria. Isto é devido à incompressibilidade do campo magnético. A esperança era que eventualmente o tubo de fluxo ascendente evoluiria para uma bolha, o nome introduzido para um plasma de baixa densidade subindo para a densa região F superior. Tais bolhas, especificamente suas bordas para oeste, foram reconhecidas como os principais locais de instabilidades secundárias devido ao vento neutro soprando para leste ( Zalesak et al., 1982 ). No entanto, simulações numéricas da situação experimental de Çakir et al. (1992) mais tarde mostrou que a criação de uma bolha real exigiria a injeção de massas 40 vezes maiores".
"Houve mais um resultado da campanha Bolhas Coloridas. Foi derivado dos movimentos observados das cinco pequenas liberações na perna superior, que exibiram uma forte variação vertical dos fluxos de plasma horizontais. Na tentativa de entender as razões dos fluxos de cisalhamento, foi desenvolvido um modelo analítico usando grandezas integradas em tubos de fluxo e calculada a evolução temporal da ionosfera equatorial pós-poente. Assim, foi possível analisar os papéis dos três mais importantes contribuintes para o fluxo de cisalhamento e ascensão pós-pôr do sol da região F, o dínamo de vento neutro, a corrente de Hall e a divergência do eletrojato equatorial durante o pôr do sol ( Haerendel et al. ., 1992 )"
"O autor não tem conhecimento de nenhum experimento posterior com o mesmo objetivo e empregando nuvens de plasma", detalha o cientista. Está explicado por que não assistimos a nenhum outro fenômeno parecido, após os eventos dos anos 1980.
"A ideia básica dos experimentos do Colored Bubbles era colocar duas grandes nuvens de bário lado a lado, na perna superior e inferior de um vôo de foguete, respectivamente. Era de se esperar que, enquanto os dois tubos de fluxo fortemente carregados com plasma de bário se movessem para baixo, o tubo de fluxo entre eles subiria. Isto é devido à incompressibilidade do campo magnético. A esperança era que eventualmente o tubo de fluxo ascendente evoluiria para uma bolha, o nome introduzido para um plasma de baixa densidade subindo para a densa região F superior. Tais bolhas, especificamente suas bordas para oeste, foram reconhecidas como os principais locais de instabilidades secundárias devido ao vento neutro soprando para leste ( Zalesak et al., 1982 ). No entanto, simulações numéricas da situação experimental de Çakir et al. (1992) mais tarde mostrou que a criação de uma bolha real exigiria a injeção de massas 40 vezes maiores".
"Houve mais um resultado da campanha Bolhas Coloridas. Foi derivado dos movimentos observados das cinco pequenas liberações na perna superior, que exibiram uma forte variação vertical dos fluxos de plasma horizontais. Na tentativa de entender as razões dos fluxos de cisalhamento, foi desenvolvido um modelo analítico usando grandezas integradas em tubos de fluxo e calculada a evolução temporal da ionosfera equatorial pós-poente. Assim, foi possível analisar os papéis dos três mais importantes contribuintes para o fluxo de cisalhamento e ascensão pós-pôr do sol da região F, o dínamo de vento neutro, a corrente de Hall e a divergência do eletrojato equatorial durante o pôr do sol ( Haerendel et al. ., 1992 )"
"O autor não tem conhecimento de nenhum experimento posterior com o mesmo objetivo e empregando nuvens de plasma", detalha o cientista. Está explicado por que não assistimos a nenhum outro fenômeno parecido, após os eventos dos anos 1980.
Chegado como pesquisador ao INPE em 1971, Dr. Mangalathayil Ali Abdu aposentou-se este ano, aos 84 anos, como chefe de seu departamento de pesquisa. Ele ainda tem uma página do Facebook https://www.facebook.com/MangalathayilAliAbdu
Não existem fotos nem vídeos, mas as bolhas coloridas estarão sempre em cores vivas na nossa memórias. Obrigada, Dr. Mangalathayil Ali Abdu, pelas fantásticas memórias que guardamos há 40 anos!
Redação do Blog de Assis Ramalho
Sempre ouvi falar deste fato por meio dos meus parentes que vivenciaram e guardam-no até hoje na memória. Eu ainda não era nascido na época e acredito que tenha sido uma experiência extremamente marcante, gostaria de tê-la presenciado. Muito obrigado por este artigo muito bem detalhado que explica todo o ocorrido naquele fim de tarde e que com certeza ajuda a sanar as dúvidas de todos que estavam olhando para o céu no momento.
ResponderExcluirMuito boa a matéria, adorei! há muito tempo buscava respostas para oq presenciei naquela noite, hj tenho 47 e tinha uns 6 a 7 anos de idade na época quando morava em Vitória de St. Antão-PE Estava em uma festa de crianças foi quando vi todos correndo para dentro da casa apavorados e resolvi ficar fora desobedecendo a ordem de minha mãe e ver o show das luzes que saía um círculo de dentro do outro foi lindo demais inesquecível.
ResponderExcluirMuito boa a matéria! Adorei! Hj aos 47 anos buscava respostas até hoje para o q vi naquela noite estava em uma festa de criança quando residia em Vitória de St Antao-PE e tinha por volta de 6a 7 anos naquela época me lembro como se fosse hoje, todos correndo apavorados para dentro de casa e resolvi ficar fora desobedecendo a ordem de minha mãe e ficar vendo o show das luzes que saiam uma de dentro da outra foi muito lindo e inesquecível pensei que era um disco voador que teria vindo nos visitar fiquei bem embaixo do círculo o admirando até hj não me sai da memória já fui até motivo de chacota mas tá tudo bem, kkkkk parabéns pela matéria!
ResponderExcluirMuito boa a matéria. Parabéns! Eu também vi as famosas bolhas coloridas no céu de Maceió, fato que até hoje me intrigava.
ResponderExcluirBoa noite! Estava na cidade de Cedro de São João, em Sergipe; em dezembro de 1973. Eu tinha 7 anos, minha primeira viagem à casa dos meus avós. Jamais esquecerei, muitas luzes, como pingos de uma aquarela. Minha tia caiu de joelhos, rezando o terço. Quando lembramos desse fato, eu, minhas irmãs e minha mãe, temos a mesma sensação: foi maravilhoso! Meu pai estava com meu avô e tio no Recife. Meu tio, falou na ocasião que era lançamento de teste, na Barreira do Inferno. Pra nós, foi e é inesquecível! Obrigada pela matéria!
ResponderExcluirLembro bem de todo o acontecido, mas imaginava que o ano era. 1981. Eu estava na calçada do colégio Americano Batista na rua Dom Bosco, eu tinha 16 anos e estudava colégio Contato. Foi fascinante. O trânsito parou totalmente, todo mundo queria ver o fenômeno. Agora temos a versão definitiva e científica. Parabéns pelo desenvolvimento da matéria.
ResponderExcluirEu sou Alberi Rodrigues de Almeida. Tenho 51 anos. Eu nunca havia falado sobre esse assunto. Porque eu perguntava as pessoas mais velhas, como minha avó por exemplo e ela não lembrava. Foi algo extraordinário. Aquelas bolhas no céu que viravam arcos . Tudo colorido. Eu morava em São Rafael no Rio Grande do Norte. E não tinha luz elétrica na rua em que eu morava o que deixou tudo muito ilunado. Hj lembrei desse ocorrido e contei pra minha filha e ela me aconselhou a pesquisar na Internet. E acabei encontrando esses relatos. Fiquei feliz em saber que não foi fantasia de minha cabeça. E minha filha com 8 anos ficou encantada em saber que minha história é verdadeira.
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