Por Lúcia Xavier
As ruínas da Igreja do Sagrado Coração de Jesus são a imagem de destaque do município quando se fala em "preservar o patrimônio histórico", e as memórias de uma "velha cidade" costumam ser enaltecidas. Entretanto, o que é feito para preservar o patrimônio histórico e cultural de Petrolândia que poderá, ou não, estar presente no futuro e ser apreciado pelas próximas gerações? Qual será nosso patrimônio daqui a 100, 150 ou 200 anos?
Temos prédios, praças, calçadas, esculturas, mas é fato que Petrolândia, com seus cento e alguns anos de história, ainda engatinha na questão de preservar o patrimônio. Quando, em Petrolândia, uma árvore ou uma calçada será tombada como patrimônio histórico, como aconteceu e acontece em cidades grandes e pequenas, mais desenvolvidas? A resposta é nunca, a depender dos passados e atuais legislativos e executivos. Talvez um dia, em um futuro não muito próximo, venha a acontecer. Por enquanto, a cultura é de cultuar a mudança, a moda e o efêmero, de não valorizar nem preservar o que pode ser duradouro ou permanente.
Várias construções da cidade já poderiam estar tombadas como patrimônio histórico e cultural desde a comemoração dos 100 anos, por remeterem à construção da cidade, por serem obras de arte ou marcarem períodos da história, cultura e religião. Estátua do padroeiro São Francisco de Assis no Mirante da Serrota, murais e pinturas ainda remanescentes do artista Marcel que adornam um quiosque na Orla Fluvial, o Ginásio de Esportes e o Parque de Exposições João Pernambuco.
Para citar apenas um exemplo, observamos o Ginásio de Esportes Dr. Francisco Simões de Lima, localizado na Quadra 01, na Orla.
O Ginásio de Esportes é um belo prédio, ornamentado com painéis artísticos no interior e no exterior. Não são "pinturas" quaisquer. São obras únicas, exclusivas, criadas especialmente para aquele prédio. Sem zelo nem conservação e à mercê do vandalismo, o prédio mostra suas cicatrizes - e citamos somente problemas vistos do lado de fora do prédio.
Alguns pedaços das obras que cobrem a parede frontal tem virado areia e poeira, desfeitas pela infiltração de umidade e falta de restauração. Inscrições de vândalos também preenchem longos trechos dos desenhos.
Na cor predominante da bandeira de Petrolândia, o revestimento cerâmico azul que protege algumas áreas externas do prédio foram (ou estão sendo) arrancados em grandes blocos, propositadamente, em intervenções recentes. Poucos pedaços arrancados são antigos, diferenciados pelo escurecimento dos locais onde faltam peças. A calçada em volta do prédio, feita de pedras pretas e brancas, em vez de recuperada em seu desenho original, recebeu grotesco remendo de cimento.
É lamentável ver o patrimônio histórico e cultural de Petrolândia entregue à degradação, ao alcance de poucos olhos que o admiram e de incontáveis mãos que o depredam e mal conservam.
As fotos são de Lúcia Xavier, registradas em 10 de agosto de 2022.
Redação do Blog de Assis Ramalho
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