Trocou a roupa de dormir, e saiu, com de costume. Fez o trajeto: da poeirenta Av. Nossa Senhora de Fátima, a sua esquerda, adentra na Trav. D. Pedro II, chegando ofegante ao Bar da Esquina do Sr. Zé Lino, com a Av. D. Pedro II. Tomou uma bicada com lambú assada e de saída, na calçada cruzou com Pedro Doido que, calça social surrada, camisa de botão mangas curtas, alpercata velha nos pés, sempre compenetrado em seus cálculos ignora quem passa, mas ao seu cumprimento assente com a cabeça.
Apressado, Pedro ruma à Regente Feijó. É sexta, dia de feira. Na frente da delegacia bancas de roupas e calçados esperam por compradores. Na frente das lojas bolsas* boca piu vão ficando pesadas, meninos e suas carroças ajudam a carregar. Bancas armadas nos dois lados transformam a rua em passarela onde as pessoas, enquanto compram, se encontram, conversam e, às vezes, também acertam odiosas questões mal resolvidas. Há poucas opções de verduras, mas sobram mangas , pinha e umbus que as mulheres do brejinho esparramam em alvos panos forrando o chão. Junto cachimbo doce, cocada e alfenim. Faz umas poucas compras, dinheiro curto, para um dedo de prosa no bar de Afonso de Pedro Toinho.
Lá dentro só homens, bebem e conversam exaltados.
Ao meio-dia, sob um sol escaldante, esfaimado vai a taberna da baiana Tieta, no beco do Mercado Central, sonhando se empanturrar de arubacão. No beco bancas de peixe exalam um odor nada agradável, na taberna o cheiro de bode guisado saído das panelas bem areadas enche o ambiente e atiça a fome. A mesa grande em frente ao fogão serve de balcão, onde nos bancos compridos de madeira e sem encosto, que chega senta junto.
No Bar de Zé Lino, as conversas fluíam sobre futebol, o mal desempenho do cetroavante do Independente - motivo de farras e mulheres -, ou bom, pelo gol de placa na vitória; sobre os clientes – inclusive a silhueta de bárbie da vítima - do fotografo Seu João; da pasmaceira na política, sempre o mesmo prefeito - a casa do prefeito e prefeitura ficavam próximas; ouvia-se um bom brega acompanhado do seresteiro Bedê e seu violão.
Ao meio-dia, sob um sol escaldante, esfaimado vai a taberna da baiana Tieta, no beco do Mercado Central, sonhando se empanturrar de arubacão. No beco bancas de peixe exalam um odor nada agradável, na taberna o cheiro de bode guisado saído das panelas bem areadas enche o ambiente e atiça a fome. A mesa grande em frente ao fogão serve de balcão, onde nos bancos compridos de madeira e sem encosto, que chega senta junto.
No Bar de Zé Lino, as conversas fluíam sobre futebol, o mal desempenho do cetroavante do Independente - motivo de farras e mulheres -, ou bom, pelo gol de placa na vitória; sobre os clientes – inclusive a silhueta de bárbie da vítima - do fotografo Seu João; da pasmaceira na política, sempre o mesmo prefeito - a casa do prefeito e prefeitura ficavam próximas; ouvia-se um bom brega acompanhado do seresteiro Bedê e seu violão.
A feira estava fraca, motivo da seca.
No almoço, era profusão de sons, cores e de pessoas, comerciantes, agricultores brejinheiro, com sotaque de judeu convertido; baianos mercadores, traziam suas mercadorias pelo rio, em canoas de remo e velas; pescadores e suas histórias de capturas de surubins gigantes e caboclos d"agua - O velho e o mar de Hemingway - caçadores expondo suas presas. Tudo sob a fumaças de braseiros e cheirosas iguarias sertaneja.
Final do dia, a noite, ainda sem a TV, sem opções, sem a brisa noturna, Pedro, cantava e tocava violão, fuxicava, ou subia para os cabarés, conhecido Shell.
A cidade estava condenada a submergir nas águas do Rio São Francisco, pela represa que seria construída entre os Estados de Pernambuco e Bahia, também, submergiria o flamejante encantamento amoroso entre a amante Ana e seu parceiro, Pedro, comerciante, aproximadamente com 50 anos, casado e possessivo.
Dias antes da inundação(pouco dias antes da remoção da população) marcaram encontro no povoado conhecido como Rio Fundo, lugarejo onde se ergueriam as onipotentes paredões da barragem, e ali nas madrugadas de ar rarefeito de um tórrido verão sertanejo, debaixo de um velho e frondoso pé de Jatobá, se amaram como se fossem únicos e últimos, porém de lampejo, Ana, ainda sussurrando de prazer diz que a partir daquele momento tudo tinha acabado, pois sem a cidade, seu amor também morreria, o que não foi aceito por Pedro, que sentira um soco no estômago, nessa cerimônia de adeus, e disse que não creditaria, já que o amor suportaria o submergir da cidade nas águas do São Francisco.
Ana apressou-se e vestiu-se rapidamente, ainda com os carrapichos preso a suas peças íntimas, e como uma louca saiu correndo para a estrada em sentido a cidade.
Pedro ainda atordoado, pois nunca tivera um período refratário tão angustiante, dá um salto e ainda sem as roupas agarra violentamente Ana pelo braço e pede para que não vá -
Ana olha com certo ar de desprezo e avisa que mais tarde, pela manhã faz sua última visita em seu negócio, loja comercial conhecida como “Barracão”, na rua do Mercado Municipal.
Ana, estava à frente das jovens do seu tempo, mormente nos sentimentos eróticos-sensuais, filha de pai negro e mãe judia convertida(novos cristãos), migrara para o interior do Estado, muito bonita, morena, com seus 18 anos, se envolvera com Pedro(Don Juan), Pedro, católico fervoroso, freqüentava as missas nos sábados(salão do Coral); domingo, na igreja matriz, sempre compenetrado nos sermões libertadores do padre Cristiano.
Era homem prospero e talentoso com as mulheres, este era comentário na cidade, como jovem, Ana, curiosa, queria conhece-lo mais de perto.
Dias antes do fatídico encontro, Ana, dissera a família, que tinha aspiração de sair daquela cidade de mexericos e de pouca criatividade, porém, escondia seu romance.
Nas tardes de verão, quase em seu crepúsculo, chega Ana - no estabelecimento de Pedro - com uma roupa mostrando sua silhueta, seu seios firme, mirando o horizonte, deixando-o inerte, e a convida para entrar.
Ao adentrar, fecha-se as portas e começa um diálogo acalorado, porém com o passar dos minutos, tem-se uma calmaria, e Pedro numa ágil manobra agarra Ana, que se entrega mais uma vez aos caprichos lascivos, quando terminam, Pedro insiste para que fique, Ana, diz não veemente, uma vez que Pedro nunca tivera coragem de deixar a mulher e ser só sua, e que no sucumbir(submergir) da cidade, também para ela chegaria ao fim sua ilusão amorosa.
Pedro, na sua patológica possessiva, salta em Ana e violentamente agarra em seu pescoço e contorce até não ouvir mais a respiração, desfalecendo-o em seus braços.
Em desespero, mais premeditado, joga o corpo flácido de Ana na caixa d’água subterrânea da sua loja, e incinera a roupa, para não deixar vestígios.
Ao sair da loja percebe que não tem mais ninguém na rua, apenas o vento suave de inicio das noites de verão.
Dias após o nefasto acontecimento a cidade é submersa e Pedro em seu deleite, medita, foste embora de mim, mas da cidade não, permaneceras amalgamada ao seu lodo.
Pedro vai residir em nova cidade construída, porém passa pouco tempo, pois sua mulher, sofrendo de esquizofrenia, as vezes dizia que tinha visto Pedro com uma bela mulher em seu negócio nos últimos dias do submersão da cidade, e por cautela, internando-a num clínica na capital
O filho de Pedro, Adelmo, no termino dos ensinos no interior, fora morar na capital numa república de universitário, eram três, fieis as namoradas que tinham deixado na cidade do interior, um deles fazia coleção da revista Playboy, onde descarrega sua fúrias concupiscente.
O filho de Pedro, se dedica a mergulho e vai ajudar o pai nos mistérios das águas profundas do lago de Itaparica.
Pedro consegue um visto e vai moram na Florida, onde conhece uma provecta senhora, aposentada e rica, e tem inicio a uma nova vida conjugal.
Mais tarde mata a idosa e deixa o corpo em sua caixa d'água, retornando a cidade Nova, e com o dinheiro arrancado da segunda vítima, adquiri uma lancha para velejar nas águas do grande Lago.
Ana não dissera a família para onde iria, mas já tinha comprado uma passagem para Florida, pois tinha um tio de trabalhava na polícia de migração, se gabando de caçar brasileiros com se fosse um troféu para sua coleção exótica de bichos em extinção.
Único cinegrafista da cidade, Sr. João, estava realizando filmagens para o arquivo municipal, fazendo a cobertura da demolição da cidade e registrando os últimos momento agônicos, que seria engolfada pela imponência das águas represadas do São Francisco.
Inicia as investigações a partir das alucinações da esposa de Pedro - em sua terapia - complementado pelas imagens do documentário, que ao exibi-lo para os habitantes da nova cidade, percebem em alguns fragmentos de imagens, ANA, adentrando pela última vez na loja de Pedro.
Com a captar das imagens do último momento de vida de Ana, o tio de Ana, João José, forma uma equipe de mergulhadores amadores e dão as primeiras investidas.
Por surpresa, surge o filho de Pedro com outra equipe, clandestina, para sabotar e destruir as provas, surgindo as primeiras mortes misteriosas, e corpos flutuando no espelho da água.
"Texto de ficção especulativa, com singela pretensão de trabalhar a imaginação dos queridos conterrâneos"
Por: Manoel Gabriel Neto
* Formado em Direito, atualmente o advogado petrolandense Manoel Gabriel Neto mora em Belo Jardim/PE
Caramba!!passou o filme na minha cabeça,pelo qual fiz parte!peguei frete na feira, tinha uma carroça de ,madeira, feita por seu Nelson!Que que saudades!!
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