Parlamentares de oposição começaram a se mobilizar nesta sexta-feira (24) para convocar o ministro da Justiça, Anderson Torres, a fim de que ele dê explicações sobre a suposta "interferência" do presidente Jair Bolsonaro em operação da Polícia Federal que na quarta-feira (22) levou à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro — na quinta, por ordem judicial, Ribeiro foi solto.
O ex-ministro é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema pelo qual pastores pediam propina a prefeitos em troca da liberação de recursos do ministério.
O PSOL apresentou requerimento de convocação do ministro para ele comparecer ao plenário da Câmara após a revelação de gravação telefônica feita pela Polícia Federal (vídeo abaixo) com autorização judicial na qual Ribeiro relata à filha um suposto alerta de Bolsonaro em relação a uma possível ação da PF de busca e apreensão. A convocação pelo plenário depende do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro.
O PT fez pedidos de convocação do ministro à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e à Comissão do Trabalho com base nas afirmações do delegado da Polícia Federal responsável pela operação, Bruno Callandrini. Segundo o delegado, houve interferência na operação em razão de uma "decisão superior" para que Ribeiro não fosse transferido para Brasília, conforme determinação judicial emitida na quarta-feira por um juiz federal. Na Comissão do Trabalho, o requerimento entrou na pauta de votações da próxima terça-feira (28).
Nesta sexta, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) na qual pede abertura de inquérito para apurar a possível interferência de Bolsonaro nas investigações da Polícia Federal. Na ação, o senador aponta violação de sigilo e obstrução de justiça por parte do presidente.
O advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou que o presidente não interferiu na Polícia Federal e não tem "nada a ver com essas gravações". "O que se tem por ora é: Milton Ribeiro está usando o nome do presidente de forma indevida, sem autorização. Ele que responda pelos atos dele, ele que se explique", declarou Wassef.
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