sexta-feira, junho 10, 2022

Bolsonaro fala com Biden sobre eleições auditáveis e "ameaças" à Amazônia




O presidente Jair Bolsonaro (PL) e Joe Biden, presidente dos Estados, se encontraram pela primeira vez na noite desta quinta-feira (9/6), durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Eleições e Amazônia estiveram entre os temas escolhidos pelo brasileiro para tratar com o líder da maior economia do planeta.

“Este ano temos eleições no Brasil e nós queremos, sim, eleições limpas, confiáveis e auditáveis para que não sobre nenhuma dúvida após o pleito. E tenho certeza que será realizado nesse espírito democrático. Cheguei pela democracia e tenho certeza que quando deixar o governo também será de forma democrática”, apontou Bolsonaro.

Ao líder norte americano, Bolsonaro também citou que, por vezes, sente ameaçada a soberania na Amazônia, mas alegou que o país é exemplo em conservação ambiental e que em breve pode exportar energia limpa. “O Brasil é um país gigantesco, temos riqueza no coração do Brasil, a nossa Amazônia que é maior que a Europa Ocidental. Com riquezas incalculáveis, biodiversidade, água potável e fonte de oxigênio. Por vezes, nós sentimos ameaçados a nossa soberania naquela área, mas o Brasil preserva muito bem o seu território. Dois terços do Brasil são preservados, mais de 85% da Amazônia também. A nossa legislação ambiental é bastante rígida e fazemos o possível para cumpri-la para o bem do nosso país. Hoje, o Brasil se apresenta como uma realidade concreta para o mundo podemos brevemente sermos os maiores exportadores de energia limpa via hidrogênio verde”, disse.

Além disso, Bolsonaro destacou o papel do Brasil na segurança alimentar mundial. “O Brasil alimenta mais de 1 bilhão de pessoas pelo mundo. É agricultura de ponta, mecanizada e com tecnologia incomparável com todo o mundo. O mundo hoje, ouso dizer, depende muito do Brasil para sua sobrevivência”.



Sentado ao lado de Biden, Bolsonaro reconheceu dificuldades em relação à questão ambiental. “Temos as nossas dificuldades, mas fazemos o possível para atender aos nossos interesses e, por que não dizer, a vontade do mundo. Mas como disse, somos exemplo para o mundo na questão ambiental. Além da segurança alimentar, energia alimentar, bem como na questão ambiental, o Brasil é um gigante e se apresenta para o mundo como a solução para muitos problemas”.

O chefe do Executivo brasileiro ressaltou ainda o interesse em aprofundar relações com os Estados Unidos. “Temos interesse enorme em cada vez mais nos aproximar dos EUA. Vivemos há quase 200 anos em parceria. Alguns momentos nos afastamos por questões ideológicas, mas tenham certeza que com a nossa chegada ao governo, nunca tivemos uma oportunidade tão grande pelas afinidades que nosso governo tem”.

“Brasil e EUA têm tudo para selar suas relações comerciais materializando o eixo Norte e Sul porque os nossos países se complementam e temos tudo para cada vez mais nos integrarmos e sermos exemplo para o mundo”, completou.

Em seguida, o presidente brasileiro criticou a política de restrição adotada por governadores e prefeitos em meio à pandemia de covid-19 na tentativa de contenção dos casos e citou a alta da inflação. “As consequências da pandemia com equivocada política do 'fique em casa que a economia a gente vê' depois agravada por uma guerra a 10 mil km de distância do Brasil, as consequências econômicas são danosas para todos nós. E, lá no Brasil, em especial para com os mais humildes que enfrentam inflação em alimentos bem como em energia”.

Bolsonaro também citou caracteristicas em comum com o líder dos Estados Unidos. “Temos muita coisa em comum, como por exemplo, amamos a liberdade, somos democratas, comungamos dos mesmos valores e queremos o bem dos nossos povos e a paz no mundo".
Posicionamento sobre a guerra na Europa

Bolsonaro também alegou indiretamente que o Brasil é dependente de outros países, como a Rússia, em relação a insumos, e que se mantém cauteloso e em posição de equilíbrio em relação ao conflito no Leste europeu por “ter um país para administrar”. “O Brasil ainda é dependente de algumas coisas de outros países. Sempre adotamos uma posição de equilíbrio, queremos a paz e tudo nós faremos para que a paz seja alcançada. Lamentamos os conflitos, mas eu tenho um país para administrar e pela sua dependência temos que sempre sermos cautelosos”.

Por fim, Bolsonaro se colocou à disposição para colaborar em relação à guerra. “Presidente Joe Biden, nós torcemos e estamos a disposição para colaborar na construção deste episódio que não queremos entre Ucrânia e Rússia porque devemos, pretendemos, torcemos e oramos para que saiamos o mais rapidamente dessa situação para que não só o Brasil, o mundo retorne à normalidade”, disse.

Bolsonaro foi cortejado para comparecer

O presidente brasileiro desembarcou na manhã desta quinta-feira em Los Angeles. Há a previsão ainda de um jantar oferecido por Biden e pela primeira-dama, Jill Biden. Na sexta-feira (10/06), Bolsonaro discursará às 13h15 (horário de Brasília) na sessão plenária da 9ª Cúpula das Américas.

Na quarta-feira (8/6), o presidente afirmou que, em conversa com Biden, deveria mostrar “o que é o Brasil”. Ele citou ainda temas como meio ambiente e segurança alimentar. Bolsonaro só aceitou o convite após Biden ter enviado um emissário especial, Christopher Dodd confirmando que o receberia pessoalmente para um encontro.

“Eu não iria à Cúpula. Não iria aparecer em fotografia, mas foi feito um diálogo com o assessor do senhor Joe Biden. Foi acertado uma bilateral e vamos conversar com ele mostrando o que é o Brasil. Vamos falar sobre segurança alimentar. O mundo não vive mais sem o Brasil a não ser passando fome. Falar, se ele tiver alguma pergunta sobre a minha ida à Rússia. Lógico, o que eu puder falar eu vou falar. O que eu não puder falar, não vou falar. Não tenho conversa em off com nenhum chefe de estado do mundo”, apontou na ocasião.
Trump ficou no passado, diz Bolsonaro

No começo desta semana, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida as eleições norte-americanas. Em entrevista ao SBT News, ele alegou que o ex-presidente Donald Trump — que concorreu pela tentativa de reeleição em 2020 — poderia ter razão nas acusações sobre fraude, pois “estava muito bem” no pleito e que fica “com o pé atrás”. Mas nesta quinta-feira, horas antes de sua reunião com Biden, Bolsonaro mudou a abordagem e disse que “Trump ficou no passado”.

"Não vim aqui tratar das eleições americanas, isso é passado. Todos sabem que eu tinha uma ótima relação com o presidente Donald Trump, mas o presente agora é Joe Biden, é com ele que converso, ele é o presidente", disse a jornalistas.

Bolsonaro, que foi um dos últimos governo a reconhecer a vitória do democrata, defendeu ainda a necessidade de “aprofundar” o relacionamento com o norte americano. “Serão oito anos com o presidente Biden”.

Fonte: Correio Braziliense







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