O escritor Machado de Assis - que morreu aos 69 anos, em 1908 - falava muito sobre a melancolia, a solidão e a viuvez da velhice. Ele, aos 60 anos, já se achava um “homem do passado”. Assim, já guardava num armário envidraçado as relíquias da vida, retratos velhos ou memórias femininas.
Neste domingo, 29 de maio, Zé Ferraz completa um século de vida.
Quando nasceu, em 1922, o mundo vivia sob conflitos e o Brasil comemorava seu primeiro século de independência perante o império português.
No Sudeste que acolhia migrantes nordestinos em pau-de-arara, todas as atenções da elite paulista estavam voltadas para a Semana de Arte Moderna, que renovou a linguagem artística e cultural brasileira.
Na nossa região, mesmo banhada pelo Riacho do Navio e os rios Pajeú e São Francisco, a seca e a fome se sobrepunham a outro flagelo: as terríveis batalhas entre os cangaceiros de Lampião e seus asseclas com moradores das nossas queridas Nazaré do Pico e Fazenda Ema - onde José Ferraz e os irmãos Geni, Dulce, Socorro, Lourdes, Luís, Gregório e Napoleão nasceram e cresceram sob o rígido, porém justo, padrões de educação de seus pais, Helvécio Gregório Ferraz Nogueira e Luzia Ayres Ferraz.
Essa trupe, acrescida de outro meio-irmão, Apolônio, era o que se chamava à época de pau-para-toda-obra. Na condição de primogênito, José Ferraz forjou suas rugas e definiu a tez da pele tirando leite de vacas, buscando cabritos em meio aos marmeleiros, facheiros e xique-xiques e cortando lenha e picando palma para alimentar a criação.
O escritor Euclides da Cunha, o homem que estudou e revelou os traumas e dramas da Batalha de Canudos e a liderança do velho Conselheiro, contava que nenhum pioneiro da ciência suportou ainda as agruras daquele (nosso) rincão em prazo suficiente para o definir.
Aqui e agora é assim: não há pioneiro para definir José Ferraz.
Quando nasceu, em 1922, o mundo vivia sob conflitos e o Brasil comemorava seu primeiro século de independência perante o império português.
No Sudeste que acolhia migrantes nordestinos em pau-de-arara, todas as atenções da elite paulista estavam voltadas para a Semana de Arte Moderna, que renovou a linguagem artística e cultural brasileira.
Na nossa região, mesmo banhada pelo Riacho do Navio e os rios Pajeú e São Francisco, a seca e a fome se sobrepunham a outro flagelo: as terríveis batalhas entre os cangaceiros de Lampião e seus asseclas com moradores das nossas queridas Nazaré do Pico e Fazenda Ema - onde José Ferraz e os irmãos Geni, Dulce, Socorro, Lourdes, Luís, Gregório e Napoleão nasceram e cresceram sob o rígido, porém justo, padrões de educação de seus pais, Helvécio Gregório Ferraz Nogueira e Luzia Ayres Ferraz.
Essa trupe, acrescida de outro meio-irmão, Apolônio, era o que se chamava à época de pau-para-toda-obra. Na condição de primogênito, José Ferraz forjou suas rugas e definiu a tez da pele tirando leite de vacas, buscando cabritos em meio aos marmeleiros, facheiros e xique-xiques e cortando lenha e picando palma para alimentar a criação.
O escritor Euclides da Cunha, o homem que estudou e revelou os traumas e dramas da Batalha de Canudos e a liderança do velho Conselheiro, contava que nenhum pioneiro da ciência suportou ainda as agruras daquele (nosso) rincão em prazo suficiente para o definir.
Aqui e agora é assim: não há pioneiro para definir José Ferraz.
Ele sobreviveu, cresceu, fez história. Hoje, é agropecuarista. Mas foi tabelião de cartório, dono de hotel e militar. Em 1945, nos estertores da II Guerra Mundial que destruiu a Europa, foi convocado pelo Exército brasileiro - para desespero de seus pais e irmãos. Quando já estava no arquipélago de Fernando de Noronha, pronto para a batalha, o conflito acabou com a rendição da Alemanha nazista e o suicídio de Adolf Hitler.
Zé Ferraz foi, antes de tudo, um forte.
Um dia, casou-se com a prima legítima Maria Amélia de Souza Ferraz (que nos deixou ainda recentemente, aos 93 anos) e pôs no mundo, já numa situação mais favorável do que tivera, Jair, Rejane, Helvécio e Jadilson - que lhes deram netos, algumas dores de cabeça, mas também muitas alegrias.
Afinal, as crias - assim como as plantas catingueiras, das juremas aos anjicos - têm cascas grossas e, principalmente, troncos fortes que rebrotam ano a ano.
José Ferraz, no fundo, foi e é um umbuzeiro, a árvore sagrada do sertão e sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros.
Como José Ferraz, dá mais do que um fruto saboroso: oferta sombra e acolhimento e ainda tem raízes capazes de acumular água e, consequentemente, vida.
“O umbuzeiro alimenta e mitiga a sede do matuto, do sertanejo”, dizia o autor de Os Sertões. “Abre-lhe o seio acariciador e amigo, onde os ramos recurvos e entrelaçados parecem de propósito feitos para a armação das redes bamboantes”.
Parabéns, José Ferraz pai, avô, irmão, tio, compadre, vizinho, parceiro, contador de histórias, visionário…
Hoje, com 100 anos, talvez não haja mais na terra a quem o senhor possa pedir bençãos. Por isso, todos nós aqui presentes pedimos encarecidamente que Deus lhe Abençoe.
Por Iêdo e Renato Ferraz , jornalista.
parabéns meu amigo deus ti comseda muitas benção nesta data tão especial feliz aniversário
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