Geovanna, de 1 mês, morreu pouco antes de ser transferida para UTI — Foto: Reprodução/Instagram
Uma bebê de 1 mês morreu antes da transferência para um leito de terapia intensiva, nesta terça-feira (24). A menina, que estava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Curado, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, aguardava há quatro dias por vaga em UTI.
Giovanna Amélia, de 1 mês e 17 dias, deu entrada na UPA na quinta-feira (19). "Ela tinha conseguido duas horas antes o leito de UTI. Foi quando ela estava esperando a ambulância que não resistiu", disse a tia da menina, Lanna Luz. A menina teve uma parada cardiorrespiratória.
Na segunda-feira (23), um menino de 11 meses morreu na emergência pediátrica do Hospital Barão de Lucena, no Recife, à espera de um leito de UTI. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), nesta terça-feira (24), há 88 crianças e bebês aguardando um leito.
Também na segunda, o MPPE, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital, deu o prazo de cinco dias para a Secretaria Estadual de Saúde comprovar a lotação dos três médicos pediatras nomeados na última semana para atuar no Hospital Barão de Lucena.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) explicou que a Giovanna chegou à UPA com quadro de tosse e cansaço, recebendo uma pulseira amarela ao passar pela triagem, que é para casos de gravidade moderada. Ela foi internada na unidade e passou a ser acompanhada.
"Com quadro de bronquiolite viral aguda, a paciente passou a receber suportes ventilatório [...], realizou exames laboratoriais e raio-X, iniciou terapia com antibiótico, aspiração nasal, entre outros", informou a secretaria
A bebê apresentou uma piora clínica e foi solicitado que ela fosse para um leito de UTI na sexta-feira (20), segundo a UPA do Curado. A menina morreu ainda na unidade de saúde, durante o processo de transferência.
Espera por leito
O número de crianças e bebês esperando por leito de UTI no estado foi recebida pelo MPPE pelo governo de Pernambuco, nesta terça-feira (24).
Quando a lista foi disponibilizada pela Secretaria Estadual de Saúde para o MPPE, nesta segunda, 73 crianças e 15 bebês aguardavam por uma vaga de UTI (veja lista abaixo). Com síndrome respiratória aguda grave, havia 62 crianças e 11 bebês. De acordo com o governo, o número pode variar de acordo com o horário do dia.
Lista de espera por UTI na terça, 24 de maio
Tipo de leito Quantidade
UTI Infantil SRAG 62
UTI Infantil Clínica 11
Total 73
UTI Neonatal SRAG 11
UTI Neonatal Neonatologia 4
Total 15
UTI Geral Adulto SRAG 5
UTI Geral adulto outras 67
Total 72
Fonte: Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital
Espera e angústia
A angústia devido à espera por um leito de UTI tem sido mostrada pelo g1 há uma semana. Arthur Rafael Nascimento, de pouco mais de um mês, foi transferido para o HBL no sábado (21), e a família tinha esperança de ele conseguir ir para um leito de terapia intensiva lá, mas ficou na emergência pediátrica
O menino, que foi diagnosticado com bronquiolite, teve cinco paradas cardiorrespiratórias ainda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), contou a mãe, Júlia Silva. Na manhã desta terça-feira (24), ela contou que o filho, ainda na fila de espera, teve uma intercorrência mais cedo e os pulmões dele estavam "com dificuldade de expansão".
No começo da tarde, ele conseguiu ser transferido para a UPA do Maria Lucinda, segundo a família.
Doenças respiratórias em alta
Na quarta (18), o secretário de Saúde, André Longo, afirmou que houve um aumento de casos de doenças respiratórias como nunca havia sido visto, com um maior grau de severidade e também com maior frequência de solicitação de leitos pediátricos.
Na ocasião, secretário disse que está predominando o vírus sincicial respiratório (VSR) em crianças de até 2 anos e o rinovírus, nos meninos e meninas a partir dessa idade.
O VSR um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. O rinovírus é o causador do resfriado comum, capaz de desenvolver quadros infecciosos mais graves em crianças.
Diante dessa crise, Sociedade Brasileira de Imunologia recomendou que pais e responsáveis evitassem tirar crianças pequenas de casa nos próximos dias, sobretudo, por causa de doenças respiratórias.
Por Katherine Coutinho, g1 PE
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