A Petrobras anunciou um reajuste de 8,8% para o diesel a partir hoje. O litro do combustível, antes vendido a R$ 4,51, passará a custar R$ 4,91, representando um aumento de 40 centavos para as distribuidoras. Segundo a estatal, o preço do derivado não era corrigido há 60 dias. Com a notícia, os caminhoneiros afirmaram que terão de diminuir a jornada de trabalho, ou até mesmo parar a frota.
Os valores da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP) foram mantidos. "Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus preços de diesel e gasolina inalterados e reduziu os preços de GLP, observando a dinâmica de mercado de cada produto", afirmou a estatal em nota.
A Petrobras informou ainda que a nova alta do diesel decorre de uma redução global de oferta em relação à demanda e de estoques abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões fornecedoras. Esse desequilíbrio, de acordo com a nota, resultou na elevação dos preços do diesel no mundo inteiro, "com a valorização desse combustível muito acima da valorização do petróleo". "A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta", informou a estatal.
Caminhoneiros
Os caminhoneiros afirmam que não estão conseguindo manter a frota com o preço do diesel. Wallace Landim, conhecido como Chorão, comanda a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Em vídeo, ele declarou que o aumento de 40 centavos vai impactar diretamente no bolso do trabalhador. "Não podemos ficar quietos, eu conheço e sei o quanto vai impactar na mesa do trabalhador no final", explicou.
"Na última fala do presidente (Bolsonaro), ele começou a entender que precisa realmente mexer no preço da paridade da importação. Uma estatal que teve um aumento de lucro de 3.400% no trimestre", reclamou.
O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), alerta para os impactos econômicos do reajuste. "O diesel já subiu 49% em 12 meses. Então qualquer reajuste que a gente tenha daqui para frente pesa mais na estrutura produtiva", explicou. "A gente sabe que a prestação de serviços, o frete, em especial e o movimento das máquinas agrícolas, tudo isso tende a ficar mais caro, subir de preço e isso acaba espalhando as pressões inflacionárias", disse.
Para Braz, o aumento de 8,8% na refinaria chega na bomba pela metade em torno de 4,5%. "Temos mais uma pressão inflacionária que, apesar de pequena frente ao último reajuste, só engrossa a necessidade de a gente ver correção de preços em serviços, principalmente no transporte público." O economista observou, ainda, que o impacto do diesel no IPCA é pequeno. "O diesel pesa pouco na inflação ao consumidor, mas pesa muito no frete, então o efeito indireto do diesel na inflação é o mais perverso."
Em nota à imprensa, a Abrava manifestou indignação com os novos valores do combustível. "O governo e a Petrobras mudaram a estratégia, não estão aumentando tudo de uma vez. Uma semana aumenta o gás, na outra a gasolina, e agora o diesel. Lembramos que essa luta pelo fim do PPI (preço de paridade de importação) não é só dos caminhoneiros, mas sim de toda a população brasileira, principalmente os mais vulneráveis e a classe média."
Com o reajuste no diesel, aumenta a expectativa em relação à gasolina. Na semana passada, o preço do derivado subiu pela quarta semana seguida e chegou a custar, em alguns postos, R$ 7,59. A Petrobras informou ao Correio que os aumentos não partem da estatal, e sim das distribuidoras de combustíveis. "O último aumento da gasolina que a Petrobras fez foi em 11 de março (58 dias), e agora ela já reajustou o diesel. Não tem por que ter qualquer aumento por conta da estatal", informou a empresa.
O problema não é só no preço. O Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis/DF), Paulo Tavares, alerta para o risco de desabastecimento. "Está faltando gasolina em todo território nacional", afirmou. "Hoje eu pedi para entregar 70 mil litros nos meus postos, mas recebi apenas 40 mil litros."
Correio Braziliense
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