Há 18 anos, o Acampamento Terra Livre (ATL) ocupa a capital do país (Brasília). Em 2022, o acampamento acontece entre 4 a 14 de abril no Complexo Cultural Funarte, e já reúne mais de sete mil indígenas, de 176 povos de todas as regiões do país. A mobilização é realizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e suas organizações de base.
Com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, a maior mobilização indígena do Brasil ocorre em um momento de extrema preocupação com uma série de projetos de lei em curso no congresso que ameaçam o meio ambiente e os territórios indígenas.
Entre os projetos, estão:
PL do Veneno (6.299/2002), que facilita a venda e o uso de agrotóxicos; PL da Grilagem (2.633/2020 e o 510/2021), que possibilita o roubo de terras públicas; PL 490/200, que permite que o governo retire da posse dos povos indígenas áreas oficializadas há décadas e escancara as terras indígenas a empreendimentos predatórios; PL do Licenciamento Ambiental (3.729/2004), que pode ampliar os riscos de proliferação de novos crimes socioambientais, como as tragédias ocorridas em Mariana e Brumadinho (MG).
POVO ANGICO PANKARARU, DE PETROLÂNDIA, PELA PRIMEIRA VEZ PRESENTE NO EVENTO
A liderança indígena Pankararu da região do sertão de Itaparica, Petrolândia, Ubirajara Fernandes Barbosa, mais conhecido por Bira, esteve presente no Acampamento Terra Livre, em Brasília, e envia com exclusividade ao Gota D’Água um breve relato da experiência:
“Essa jornada acontece anualmente para tratar de políticas indígenas e pautas relacionadas aos territórios indígenas. Denunciar os descasos e os garimpos ilegais. A ATL é um encontro de todos os povos para estarmos discutindo e entendendo as dificuldades de outro parente, conhecendo as dificuldades e lutas e se organizar enquanto povo (…)
Pela primeira vez o povo Angico Pankararu participou do encontro, e só foi possível graças a uma rede de apoios e amigos. A APOINME (ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO NORDESTE, MINAS GERAIS E ESPIRITO SANTO) ajudou com transporte e alimentação, o Sindicato dos Bancários, através do meu amigo, também indígena Pankararu, Rubens Nadiel, a minha parente indígena, Niedja Batista, que nos ajudou com documentação e toda articulação.Tivemos, ainda, contribuições voluntárias do nosso próprio povo e amigos.” declarou Bira.
Com dez dias de programação e mais de 40 atividades, o ATL inclui em sua programação, além do enfrentamento da agenda anti-indígena, debates sobre educação e saúde indígena, povos isolados, protagonismo das juventudes, mulheres indígenas na política, indígenas LGBTQIA+, além de plenárias sobre impactos no judiciário, demarcação de terras indígenas e políticas públicas.
Com informações da Apoinme e Instituo Socioambiental e imagens enviadas por Bira
Via Blog Gota d'água
Via Blog Gota d'água
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