"No sentido de fortalecer a confiança mútua e criar condições necessárias para negociações futuras e alcançar o objetivo final de assinar um acordo, tomamos a decisão de reduzir radicalmente e por uma ampla margem as atividades militares nas direções de Kiev e Chernihiv", declarou Fomin.
O vice-ministro disse ainda que Moscou vai revelar mais detalhes da decisão e das negociações após a delegação russa retornar ao país. O anúncio foi feito depois do final da nova rodada de negociações que Rússia e Ucrânia realizaram nesta manhã em Istambul, na Turquia, para tentar colocar fim a mais de um mês de ataques russos ao território ucraniano.
No encontro, a Ucrânia propôs adotar a neutralidade, segundo informaram membros da delegação na saída da reunião. O status neutro significa que o país não pode fazer parte de alianças militares, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nem hospedar bases militares em seu território.
Em troca, Kiev pediu garantias de segurança, disseram negociadores ucranianos.
As propostas também incluiriam um período de consulta de 15 anos sobre o status da Crimeia anexada e poderiam entrar em vigor apenas no caso de um cessar-fogo completo.
Os negociadores disseram que divulgarão ainda nesta terça-feira um documento comum com as conclusões do encontro.
O negociador russo, Vladimir Medinsky reforçou que essa redução nos ataques não implicará em um cessar-fogo.
Os negociadores foram recebidos pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que pediu o fim imediato da guerra. Na semana passada, a conversa entre os dois países terminou travada nos principais pontos. No domingo (27), porém, o presidente ucraniano disse que seu país estava "pronto" para a neutralidade.
"As conversas que acontecem agora focam em questões importantes. Uma delas são as garantias internacionais de segurança para a Ucrânia e a segunda é o cessar-fogo para que possamos resolver problemas humanitários que se acumularam no país", disse o conselheiro político do governo da Ucrânia Mykhailo Podolyak. "Com esse acordo seremos capazes de dar um fim à guerra".
Do lado russo, o negociador Vladimir Medinsky afirmou na televisão estatal do país antes das conversas que os dois lados devem produzir uma declaração conjunta já nesta terça-feira. A delegação enviada pelo Kremlin vai exigir da Ucrânia garantias de neutralidade.
No início da sessão, o presidente turco pediu colaboração das duas partes. "As partes têm preocupações legítimas, é possível chegar a uma solução que seja aceitável para a comunidade internacional. A prorrogação do conflito não interessa a ninguém", afirmou Erdogan, que pediu pressa às delegações.
"O mundo inteiro espera boas notícias", disse o líder turco aos negociadores.
O oligarca russo Roman Abramovich, que que tentou se posicionar como negociador entre Moscou e Kiev, também participou do encontro. Abramovich e outros membros da delegação ucraniana passaram mal após reunião na capital da Ucrânia, e foi levantada a suspeita de envenenamento, que o serviço de inteligência dos Estados Unidos negou na segunda-feira (28).
Posição da Turquia
A Turquia recebeu em março a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia desde o início da invasão russa. Mas o encontro não resultou em um cessar-fogo e nenhum avanço significativo foi registrado.
A Turquia, que compartilha a costa do Mar Negro com os dois países beligerantes, atua desde o início da crise para manter laços fluidos com as duas partes e e se esforça para atuar como mediador do conflito. Ancara é um aliado tradicional de Kiev e forneceu ao país os drones Bayraktar, que a Ucrânia utiliza no conflito.
Ao mesmo tempo, o governo de Erdogan país também procura manter boas relações com a Rússia, já que depende fortemente das importações de gás e das receitas do turismo.
A Turquia também se envolveu, ao lado de França e Grécia, na negociação de uma retirada humanitária dos milhares de civis bloqueados no porto ucraniano de Mariupol, cercado pelos soldados russos.
G1
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