sexta-feira, março 25, 2022

Estado de Pernambuco terá montadora no Sertão

Foto: Rômulo Chico / DP Foto


O Grupo Novo Brasil (NBR) lançou ontem a pedra fundamental de sua nova montadora, em Araripina, município do Sertão de Pernambuco. A estrutura, com um investimento inicial de R$ 260 milhões, terá uma plataforma modular e deve fabricar carros compactos e buggies. O projeto também inclui uma usina solar fotovoltaica e uma pista de testes. Durante a fase de construção, que deve durar cerca de 18 meses, a expectativa é de que sejam gerados 240 empregos diretos. Quando entrar em operação, o total subirá para 450, além de mais de três mil indiretos.

De acordo com o diretor administrativo e financeiro do grupo, Edilson Vieira, um dos fatores que influenciaram a escolha por Araripina foi a localização estratégica do município, tendo em vista que, no local, a empresa estará a um raio de 300 km de sete estados. “Temos um sonho de trazer desenvolvimento para o Sertão e impactar o Nordeste colocando nossa marca em ação. Araripina está no epicentro da logística que será escoada pelos portos de Pecém (CE) e Suape e Salgueiro, de onde estaremos mais próximos do Sudeste do que Goiana”, afirmou.

Utilizando tecnologia europeia, a planta industrial será mista, com mão de obra humana e robotizada, e terá capacidade instalada de 1.600 carros por mês. Inicialmente, a produção será de 1.200 unidades. No entanto, a previsão é de que em três anos, o número possa ser dobrado. Já a mão de obra será prioritariamente local. Para tal, o grupo NBR está negociando com a Secretaria de Trabalho, Capacitação e Empreendedorismo de Pernambuco e ao Sistema S um projeto de capacitação para até mil pessoas nas áreas de laminação de fibra de vidro e de carbono, elétrica, mecânica, montagem e funilaria, entre outros.
A chegada da montadora foi celebrada pelo prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel. “Ficamos quase dois anos tratando do projeto e a escolha de Araripina para nós tem um significado imenso do ponto de vista econômico e social. Representa uma oportunidade de trazer a indústria automotiva que vai mudar a base econômica da nossa cidade e região”, observou o gestor municipal.

Veículos chegam em 2023

A plataforma modular da planta de Araripina, que promete reduzir os custos de desenvolvimento e facilitar o processo produtivo, permitirá a produção de dois modelos bases. O primeiro a ser
lançadopelamontadora,ummodular compacto fechado para até cinco pessoas que possui porta-malas e pode ser convertido em um buggy aberto, custará a partir de R$ 66 mil em valores de hoje, devendo chegar ao mercado no final de 2023. No primeiro ano, a expectativa da empresa é de vender cerca de 36 mil carros. Com isso, o faturamento mensal deverá girar em torno dos R$ 94 milhões.

“Nossa montadora ocupa uma lacuna em que não há concorrentes em nenhum país do mundo. Grandes marcas apresentaram protótipos de buggies que ainda não chegaram ao mercado. Nosso objetivo é contribuir para o desenvolvimento do nosso estado, levando outras oportunidades à região conhecida por ser o polo gesseiro pernambucano”, comentou o diretor-presidente do Grupo NBR, Evandro Lira. Entre os componentes mecânicos, o destaque fica por conta dos motores dianteiros 1.0, 1.0 turbo, 1.3 e 1.5, com tração 4x2 e 4x4, on e off road, quatro pneus do mesmo tamanho, sistema de suspensão independente nas quatro rodas, direção hidráulica e sistema de iluminação em LED. Inicialmente, o motor será à combustão Flex, disponível para gasolina e álcool.

No entanto, o consumidor que preferir contará com a possibilidade de conversão a gás natural veicular (GNV) de fábrica. Além disso, o Grupo NBR pretende desenvolver bases para montagem de outros modelos de carro e anunciar, no futuro, um plano para produção de carros híbridos e elétricos. Os veículos serão comercializados online e em lojas próprias, começando por Recife, Natal(RN), Fortaleza(CE), São Paulo(SP) e Florianópolis(SC) e revendas homologadas pelo fabricante. De acordo com a empresa, as unidades, que serão compostas por showroom e oficinas autorizadas, poderão ser expandidas para outros estados a depender da demanda.

Por: Danielle Santana
Diário de Pernambuco

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