Bolsonaro usava uma máscara ao descer do Airbus presidencial no aeroporto de Vnukovo. Ele costuma desprezar a proteção contra o novo coronavírus. Foi recebido por um dos vice-chanceleres do país, Serguei Riabkov, e pelo diretor de Protocolo do Kremlin, Igor Bogdachev.
Após ouvir os hinos russo e brasileiro na pista, foi para o hotel Four Seasons, na boca da praça Vermelha. Entrou de carro, sem parar, às 16h45 (12h45 em Brasília).
Segundo um membro da delegação, o presidente está incomodado com a chamada "bolha de Covid" do Kremlin, que visa blindar o presidente russo de qualquer contato com o novo coronavírus. Bolsonaro famosamente não se vacinou e critica a imunização contra a doença --Putin já recebeu três doses da russa Sputnik V.
Visitantes recentes do russo, como o presidente francês, Emmanuel Macron, e do premiê alemão, Olaf Scholz, não aceitaram fazer o exame de PCR russo para detecção do Sars-CoV-2, preferindo um teste de seu país para proteger dados de seus DNAs.
O Itamaraty disse que Bolsonaro faria os exames requeridos, mas não especificou se seriam os russos, como tudo indica.
Pelos protocolos sanitários do Kremlin, Bolsonaro deveria ficar no hotel até a manhã de quarta (16), quando ofertará uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido junto à muralha do Kremlin. Depois, se encontra e almoça com Putin, com quem fará uma declaração à imprensa após as reuniões.
Enquanto isso, haverá um encontro entre os ministros Walter Braga Netto (Defesa) e Carlos França (Itamaraty) com seus homólogos Serguei Choigu e Serguei Lavrov, respectivamente. Na chegada ao Moscou, França disse que não haveria nenhum óbice à relação do Brasil com a Otan (aliança militar ocidental) ou a Ucrânia devido à visita.
Essa é a polêmica central da viagem, de resto em linha com a posição histórica de independência do Itamaraty em relação às queixas americanas pelos contatos com Moscou. Políticos e diplomatas criticaram o "timing" do conflito, que de resto parece ter encontrado um caminho de desescalada nesta terça, com o presidente russo ordenando algumas retiradas de tropas em torno do vizinho.
Isso foi celebrado por bolsonaristas em redes sociais, que criaram memes acerca do presidente estar "salvando o mundo da guerra" e despropósitos do gênero.
O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles publicou no Twitter: "[o presidente americano Joe] Biden e o mundo ocidental agradecendo Bolsonaro por ter convencido Putin a desistir da invasão, talkey?!?". Depois, foi obrigado a dizer que estava sendo irônico, ante a acusação de fake news.
Seja como for, a situação na quarta tende a ser bem mais tranquila para Bolsonaro do que nos dias anteriores, quando EUA e Otan diziam que a invasão russa da Ucrânia ocorreria até o dia 20, talvez no próprio 16.
MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) -
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