A Justiça decretou, nesta sexta-feira, a prisão preventiva do pastor Sérgio Amaral Brito, de 49 anos, acusado de estuprar pelo menos oito mulheres. Como ele já estava atrás das grades desde 16 de dezembro, o prazo da prisão temporária de 30 dias estava prestes expirar. Agora, não há tempo definido para que ele permaneça na cadeia, enquanto aguarda o curso do processo.
De acordo com o delegado Angelo Lages, titular da 66ª DP (Piabetá/Rio de Janeiro), responsável pelas investigações, os relatos na delegacia das oito vítimas identificadas aponta para um mesmo modo de atuação do religioso. Sérgio, que também se apresentava como psicanalista, sexólogo e terapeuta, se aproveitava de sua posição para se aproximar gradativamente das mulheres.
— São oito vítimas uníssonas. Todas com o mesmo tipo de declaração, o que comprova que os crimes aconteceram. Tudo seguia um roteiro, era o modus operandi dele. Na relação de pastor, de terapeuta, ele ganhava a confiança, dava aqueles abraços, e ia evoluindo até chegar ao abuso — conta o delegado.
Uma das vítimas, que procurou a Polícia Civil já depois da prisão, narrou ter sido estuprada em 2014, quando tinha 26 anos. Assim como nos outros casos, o crime aconteceu em um consultório mantido por Sérgio na cidade de Magé, na Baixada Fluminense.
Os depoimentos de mulheres que contam ter sido abusadas pelo pastor revelam que o religioso oferecia um "abraço terapêutico" e, sob esse pretexto, esfregava o próprio corpo nas vítimas. Ao ser interpelado pelos pais de uma das denunciantes, ele alegou que aquele tipo de prática fazia parte de uma técnica aprendida no exterior.
De acordo com a declarações colhidas pelos investigadores da 66ª DP, o pastor também chegava a orientar que as vítimas afirmassem em sua presença que eram "gostosas". Ele dizia que isso ajudaria as pacientes a melhorar a autoestima. O suposto processo terapêutico do religioso incluía ainda um pedido para que as mulheres levassem fotos íntimas ou até uma lingerie ao atendimento, ficando só em roupas de baixo no consultório.
— Ele pediu para que eu levasse para ele fotos minhas de calcinha e sutiã. Disse que, se eu preferisse, poderia levar uma lingerie na próxima consulta e mostrar em meu corpo. Eu respondi que não faria aquilo, e ele me chamou de rebelde. Fui embora dali. Depois, procurei outro terapeuta, contei o que havia acontecido e perguntei se aquilo era normal. Ele disse que nunca havia visto nada igual. Eu me senti suja e impotente diante de tudo o que aconteceu — relata, sob anonimato, uma das vítimas do pastor, que esteve em uma consulta com ele em 2013, quando tinha 27 anos.
Ela e outras quatro vítimas se reuniram em um grupo nas redes sociais depois que a prisão do pastor veio à tona. O objetivo é colher denúncias de mais mulheres que tenham sofrido abusos nas mãos do religioso.
EXTRA - RJ
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