O aumento de casos de Covid-19, que se acredita estar associado ao avanço da variante Ômicron, já se reflete no sistema de saúde. Ao menos dez unidades da federação apresentam aumento de internações e atendimentos pela doença.
— Sem dúvida está havendo aumento nas internações, mas os casos de Covid-19 não estão tão graves quanto nas ondas anteriores — diz a cardiologista Ludhmila Hajjar, professora de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e intensivista da Rede D'Or.
Em Belo Horizonte (MG), a ocupação dos leitos de enfermaria para Covid-19 nos sistemas público e privado está em 78,4%, segundo informações divulgadas pela prefeitura. A ocupação dos leitos de UTI está em 62,2%. Porém, se consideramos apenas o Sistema Único de Saúde (SUS), já faltam leitos. Na enfermaria, a ocupação está em 107,5%; na UTI, em 73,1%. A rede suplementar está um pouco mais confortável, com 50% e 50,5% de ocupação, respectivamente.
No estado de São Paulo, a taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) saiu de 21,49% na primeira semana de dezembro para 27,75% na primeira semana de janeiro, segundo dados da secretaria de Saúde. Também houve aumento no número absoluto de pacientes internados, em especial em enfermaria, de 79,4%, na comparação entre os dias 5 de janeiro e 8 de dezembro.
Na capital paulista, o tempo de espera no pronto-atendimento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o maior complexo hospitalar da América Latina, chega a quatro horas e não há mais leitos de enfermaria. O Hospital Israelita Albert Einstein registrou um incremento de 186% no número de pacientes internados em decorrência da Covid-19 entre a primeira e a última semana de dezembro.
A superlotação no atendimento de problemas respiratórios em Londrina (PR) chegou a fazer com que pacientes deitassem no chão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jardim Sabará. A espera chegava a cinco horas para triagem, sem nenhum distanciamento.
No Distrito Federal, segundo informações da secretaria de Saúde, o aumento dos casos de síndrome gripal tem contribuído para um aumento na demanda dos hospitais da rede. Em Pernambuco, o cenário é ainda mais grave. O número de solicitações ativas de leitos de UTI e de enfermaria para pacientes com problemas respiratórios cresceu 858%, em duas semanas. Segundo dados do governo, a quantidade de pedidos saiu de 43 para 412, na comparação entre a terça e o dia 21 de dezembro.
No Hospital Adventista Silvestre, no Rio, o número de atendimentos de emergência ligados a síndrome gripal passou de 27 nos primeiros cinco dias de novembro, para 122 no mesmo período de dezembro e 133 em janeiro. Os casos de Covid começaram a crescer no fim de dezembro.
Já no Hospital Pró- Cardíaco, também no Rio, houve aumento de 127% nos atendimentos de pronto-socorro, em relação ao mês de dezembro. "Observa-se uma escalada significativa de pacientes com sintomas respiratórios neste momento", relatou o hospital em uma nota.
Nos hospitais Samaritano Barra e Vitória, no Rio, informam que houve um aumento de 90% nos atendimentos de pronto-socorro, em relação aos mesmos períodos nos meses de dezembro, novembro e outubro. "Observa-se uma escalada significativa de pacientes com sintomas respiratórios, sendo que os quadros de influenza atingiram um platô em dezembro e encontram-se em queda neste momento. Por outro lado, os casos de Covid seguem em elevação", informou em nota o Americas Medical City, complexo-hospitalar do qual os dois hospitais fazem parte.
O Globo
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