Conforme o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes, esses eventos pluviométricos estão ligados à Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), mesmo fenômeno que tem provocado as fortes chuvas na Bahia.
"Ela [ZCAS] está favorecendo o aumento da nebulosidade em todo Nordeste. Esse fenômeno é o principal sistema atmosférico que está provocando as chuvas no sul da Bahia", explicou Fernandes. As precipitações no estado baiano já deixaram 18 mortos e mais de 16 mil desabrigados.
Entretanto, no Ceará, as precipitações não devem ter o mesmo volume e estrago. Fernandes explica que, apesar de ser o mesmo fenômeno, ele começou a perder força e se dissipou para outros estados do Nordeste com menor intensidade.
A ZCAS é formado por uma faixa de nuvens proveniente da região amazônica e que segue até a área central do Atlântico Sul. Segundo meteorologistas, é um fenômeno comum no verão e dura em média 3 dias. Após este período, um novo sistema pode ganhar força e prolongar, como foi na Bahia, o período das chuvas.
Neste mês, o sistema subiu em direção ao Nordeste e causou grandes estragos na Bahia. Questionado se a ZCAS pode causar mais chuvas em cidades do território cearense nos próximos dias, Flaviano afirmou que sim. "A atmosfera do Nordeste está toda instável, podendo ocorrer chuvas fortes em qualquer um dos estados", pontuou.
No Ceará, a ZCAS foi responsável pelas chuvas dos últimos dois dias (sábado e domingo). Anterior a este período, o fenômeno, apenas com "resquícios" sobre o Estado, conforme pontuou Flaviano Fernandes, não foi suficiente para incidir em bons volumes pluviométricos.
Os maiores volumes pluviométricos registrados, no Ceará, entre as 7 horas de domingo (26) e 7 horas desta segunda-feira (27) foram no Sul do Estado e no Sertão Central. A cidade de Cedro lidera o ranking, com pluviometria acumulada de 120 milímetros.
Por lá, a chuva deixou algumas ruas alagadas. Vídeos postados nas redes sociais, e confirmados pelo Diário do Nordeste, mostram motociclistas com dificuldade de tráfego no Centro comercial da cidade. Conforme o prefeito de Cedro, Joãozinho de Titico (PDT), apesar dos pontos de alagamento, não houve registro de desabrigados ou desalojados.
"Visitamos vários pontos, como a Rua Adalto Castelo, Praça Antônio Marques, Coronel Caetano Afonso, que é um ponto crítico historicamente, e, durante as chuvas, o volume da água subiu. Mas já baixou, não houve danos e seguimos monitorando toda a cidade", disse.
Outras cidades com bons volumes pluviométricos foram Icó (100 mm), Iracema (84 mm), Meruoca (84 mm) e Ararendá (82 mm). Em Fortaleza, os índices pluviométricos das últimas horas ainda não foram contabilizados pela Funceme.
As boas chuvas registradas nos últimos dois dias em quase todas as regiões cearenses elevaram a média pluviométriso do mês de dezembro. Até agora, a Funceme registrou o acumulado de 36,3 mm. Para o mês, a normal climatológica é de 31,6 milímetros. o que representa, atualmente, desvio positivo de 15,9%.
A continuidade das chuvas é importante para melhoria do cenário hídrico cearense. Atualmente, dos cinco maiores reservatórios do Estado, quatro estão há quase dez anos sem recarga hídrica.
O Castanhão tem apenas 8,33% de seu volume. Ele é estratégico para vacinar uma população estimada em 4,5 milhões de pessoas. O Banabuiú, reservatório que ocupa o posto de terceiro maior do Estado, tem somente 8,21%.
Já o açude Orós, segundo maior do Ceará, tem 22% de volume armazenado. Apenas o Araras, quarto maior reservatório, tem bom índice (63%).
Contudo, apesar dos baixos índices e da curva linear de queda observada ao longo de quase uma década, o volume atual dos três maiores açudes cearenses consegue conferir abastecimento à população em 2022, mesmo que não ocorra chuvas dentro ou acima da média.
Por Diário do Nordeste
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