Com uma ótima memória, ela fez longo relato de sua vida em entrevista a esse blogueiro/radialista Assis Ramalho, seu neto mais velho.
O gostoso bate-papo aconteceu na manhã desta sexta-feira (19/11/2021), na residência da família - na Quadra 05 de Petrolândia.
Com uma memória de dá inveja a qualquer jovem, ela recordou com muita clareza seus tempos desde sua chegada no distrito de Tacaratu, em 1942. [Veja abaixo o vídeo da entrevista]
Ela ultrapassou inúmeros desafios, muitas provas de fogo! em sua longa tragetória, sempre foi uma pessoa que não soube o que é desistir.
Expedita Jacobino Ramalho nasceu em 19 de novembro de 1922, no Sítio Cajazeiras, município de Ibiara, no sertão da Paraíba. Filha de Isaías Jacobino de Souza e Ana Ramalho de Souza, ficou órfã de mãe aos 20 anos de idade.
A convite do pai, Isaías, fizeram um passeio para visitar familiares que residiam na região de Tacaratu-PE. Nessa visita conheceu o então jovem Antônio Nunes de Souza [In Memorian], filho único do tacaratuense Pedro Nunes de Souza e de Marcionila Gomes Souza, natural de Floresta-PE.
Apaixonados, casaram-se um ano depois.
Antônio e Expedita constituíram família e tiveram 11 filhos: Elita [mãe deste blogueiro], Maria José, Eliêda, Socorro, Carminha, Aparecida, Naninha, Manoel (falecido), Pedro, Antônio e Isaías.
Os onze filhos já renderam dezenas de netos e bisnetos.
Abaixo: Vídeo da entrevista, a história completa de Expedita Jacobina e fotos de arquivo da família
Expedita Jacobino Ramalho - uma vida de luta e conquistas ao lado do marido Antônio Nunes, no sítio Mundo Novo (Petrolândia).
As mulheres, normalmente eram as encarregadas de raspar a mandioca, que depois de raspadas eram colocadas na cevadeira, espécie de triturador, fazendo a massa cair em um grande cocho de madeira , que depois era levada para a prensa. Fazer a roda da prensa girar era coisa de homem, precisava ter força. A água que desprendia da massa era jogada fora. Era venenosa. Já a massa, agora livre da água, era peneirada e seguia para o forno, onde era mexida por braços de homem até torrar. Uma parte dessa massa, antes de ir ao forno, era novamente lavada e jogada dentro de uma pequena rede para coar. O caldo que dela escorria era aparado, da água decantada surgia a goma branquinha com a qual se fazia o tapioca e o beijú.
Eram noites animadas na casa de farinha de propriedade de Antônio Nunes. De manhã beiju quentinho pra todo mundo comer com o café que Expedita trazia de casa logo cedo. Também costurava enormes sacos de tecido para armazenar toda a farinha, resultado de até um mês de farinhada, muitas vezes.
Antônio Nunes e Expedita Jacobina criaram seus seis filhos: Elita, Maria José, Eliêda, Ana (Naninha) , Manoel, Pedro, Antonio (Toinho), Socorro, Maria do Carmo (Carminha), Maria Aparecida (Cida) e Isaías.
A única festa que o casal não perdia perdia era a de Nossa Senhora da Saúde em Tacaratu. Antonio Nunes levava carne de bode retalhada e ficavam por lá, pelo menos os últimos três da festa em casa de amigos. Religiosa, católica fervorosa, Expedita é integrante do Apostolado da Oração desde esse tempo. Muitas vezes o casal ia a pé assistir à missa do Sagrado Coração de Jesus em Tacaratu.
Os filhos foram crescendo e precisavam continuar a estudar, pois no sítio Mundo Novo só havia o primário. Antônio Nunes, que era marchante, matava boi para a feira de Barreiras, comprou casa lá e botou os filhos mais velhos para estudar. Anos depois teve que comprar casa em Petrolândia para que fizessem o segundo grau. Moraram na rua Gonçalves Dias, 126.Antônio Nunes e Expedita Jacobina continuavam no Mundo Novo. Agora, o que era bom ficou melhor. Energia, água encanada e muito mais gente morando por lá. Ao todo dezoito famílias.
Mas havia a questão indígena. As terras, segundo eles, haviam sido doadas aos índios pela Princesa Isabel, conta de ouvir falar, Expedita Jacobina. Já havia uma parte delas demarcadas. Uma cerca passava perto de uma propriedade da família dos Nunes. Mas eles reivindicavam toda a aérea e nela incluía toda a terra do Mundo Novo. Essa questão durou anos. Antes de chegarem a uma solução, Antonio adoeceu e tiveram que vir morar em Petrolândia.
Antônio Nunes tinha adquirido a doença de Chagas, o coração estava crescido. Só depois de falecido a família recebeu a indenização de suas terras do Mundo Novo. Com o dinheiro construíram casa na nova cidade de Petrolândia, que estava mudando de localização em função da inundação causada pela barragem de Itaparica. Ficaram casados por 50 anos. Ele faleceu em 2001, aos 89 anos.
Fonte: Museu da Pessoa
Veja abaixo fotos de arquivo da família
Antônio Nunes faria 102 anos no dia 30 de junho de 2021
Homem trabalhador, tinha criatório de cabras e gado, plantava feijão, melancia e muita mandioca. Também era marchante, matava boi para a feira de Barreiras, distrito de Petrolândia. Costumava dizer que a palavra de um homem mais que dinheiro valia. Antônio Nunes faleceu na Nova Petrolândia em 2001, vítima da doença de Chagas, aos 89 anos.
Blog de Assis Ramalho
Maravilhas concedida por Deus, que família maravilhosa fomos vizinhos na velha cidade, que Deus abençoe esse clã.
ResponderExcluirBelinho.