A motivação primeira para a realização deste trabalho foi o fato de encontrarmos muito pouco ou quase nada sobre Hildebrando em pesquisas pelo seu nome no Google. Tomamos como ponto de partida de nossa pesquisa escritos inéditos de seu filho Adelmo (que chegou a organizar uma rica compilação de artigos extraídos de jornais da época para futura publicação em livro) e textos sobre Hildebrando constantes do livro “DE JATOBÁ A PETROLÂNDIA (Três Nomes, Uma Cidade, Um Povo)” de seu outro filho Gilberto de Menezes.
Destacamos aqui, do conteúdo produzido para esse artigo biográfico na Wikipédia, a seção “Cronologia sumária“, que apresenta os principais acontecimentos de sua vida de maneira sintética ano após ano, bem como a tabela de atalhos para mais de duas dezenas de artigos seus publicados no Diário de Pernambuco de 1932 até 1967 dentre outras matérias envolvendo sua participação na seção “Colaborações e citações em jornais“.
Adotamos a Wikipédia como sítio para abrigar o resultado inicial deste trabalho pelo nosso sincero reconhecimento acerca do tamanho da trajetória de Hildebrando, que com certeza vai além das fronteiras de nossa querida Petrolândia. A plataforma é regida por critérios de verificabilidade de fontes, os quais procuramos respeitar com desvelo, realizando os devidos apontamentos das referências consultadas sempre que possível.
A versão ora liberada desse artigo na Wikipédia não tem a pretensão de encerrar ou resumir a história do Hildebrando, mas sim de inspirar outras pessoas a também colaborar com novas informações e correções, a fim de respeitosamente preservarmos a memória e o legado de luta desse corajoso sertanejo.
Boa leitura e até a próxima!
Aos nostálgicos: Revivendo o Correio do Sertão (1934-1937) / Há 100 anos, nascia em Jatobá de Tacaratu (atual Petrolândia) o jornal A Semente, fundado por Hildebrando Gomes de Meneses / Registros da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Tacaratu (1845-1961)
Apresentação do acervo de edições do Correio do Sertão organizado pelo IGHP.
Embarque com a gente e boa viagem!
CONTEXTO HISTÓRICO
UM SEMANÁRIO SERTANEJO
ANÚNCIOS PITORESCOS DO SERTÃO
NOSSO ACERVO
Contexto histórico
Em março de 1934, a nova Constituição do Brasil é promulgada e Getúlio Vargas, governando desde 1930 em regime provisório, acabara de garantir a continuidade de seu governo por mais quatro anos, abrindo passagem à sua fase ditatorial. É então em outubro deste mesmo ano, distante uma década do último número do seu A Semente, que Hildebrando Gomes de Menezes funda, em Jatobá, seu segundo jornal denominado CORREIO DO SERTÃO.
Do acervo de Publicações Digitalizadas da Fundação Joaquim Nabuco no Volume 13 da “História da Imprensa de Pernambuco”, à página 555 em seção intitulada “CORREIO DO SERTÃO”, da parte que versa sobre o município de Petrolândia, temos que o novo jornal de Hildebrando “(…) apoiou, politicamente, o governo estadual, ocupado por Carlos de Lima Cavalcanti“.
Em 1930 Hilbebrando é nomeado Delegado de Ensino de Jatobá de Tacaratu pelo então Governador Carlos de Lima Cavalcanti, acumulando esta função com a de prefeito, nomeado pelo mesmo governador, estando assim ligado à Comarca de Tacaratu, então sede do Município.Do livro “De Jatobá a Petrolândia – três nomes, uma cidade, um povo” (de Gilberto de Menezes, filho de Hildebrando)
Na Jatobá de 34 a expectativa era de progresso: empregos em alta, dinheiro circulando e comércio movimentado, a Cia. Agrícola e Pastoril do São Francisco iniciando os trabalhos de aproveitamento do potencial energético da cachoeira de Itaparica e a Comissão de Piscicultura do Nordeste chegando para desenvolver melhoramento das espécies em águas correntes, visando ao abastecimento de peixes nos açudes construídos pela então Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (atual DNOCS).
No Estado, no entanto, o clima político se desgastava celeremente, o que motivou seu interventor a organizar o Partido Socialista Democrático a fim de concorrer nas eleições indiretas. Descontente com as tentativas de Vargas de perpetuação no poder, Carlos de Lima vai se convertendo em crítico tenaz da situação através de seus jornais. Em 10 de novembro de 1937 se configura o golpe com a instauração do Estado Novo e os agora então perseguidos irmãos Lima de Cavalcanti têm seus jornais fechados e Agamenon Magalhães é nomeado novo governador de Pernambuco.
Não por acaso, nessa mesma época, em Itaparica (novo nome da cidade de Jatobá, modificado através do projeto de Lei do então Deputado Hildebrando), seguramente ciente dos riscos aos quais estava sujeita a ‘imprensa livre’ da época durante regimes detatoriais, Hildebrando resolve se antecipar optando pelo abrupto encerramento das atividades do Correio do Sertão.
Todavia, amante que era das letras e de sua região, não abandonou o ofício e passou a atuar como colaborador dos recifenses Diário de Pernambuco e Jornal Pequeno, geralmente publicando artigos em defesa do Sertão.
TOPO
Um semanário sertanejo
Tendo o “PROGRAMMA – DEFEZA DOS INTERESSES SERTANEJOS” como subtítulo permanente desde seu número inaugural a 4 de outubro de 1934 até o derradeiro em 28 de fevereiro de 1937, o semanário fundado por Hildebrando de Menezes e impresso pela Tipografia União (também de sua propriedade) descreve seu “programma” de propósitos logo na matéria de capa de sua primeira edição conforme abaixo:
E esse programma é excluzivamente defender os interesses sertanejos. Sem paixão, sem partidarismo, impessoal no commento dos factos, sincero na explanação das necessidades do nosso empobrecido hinterland, com uma secção de informações veridicas doas acontecimentos que se desenrolarem no Paiz, destinada ao nosso sertanejo que não tem tempo ou recurso para ler os grandes jornaes, o Correio do Sertão tem ancia de ser util desse modo a zona em que nasceu e vae viver.Parágrafo 2º. do Nº. 1 do Correio do Sertão
É com ares de uma simbólica modernidade, aqui percebida no vocábulo interior, traduzido do estrangeirismo “hinterland” no fragmento acima, que o “falar para o interior e em nome das causas sertanejas” parece timbrar a destinação primária do novo jornal de Jatobá. Tomaram corpo nas folhas da publicação temáticas como agricultura, irrigação, crédito para o sertão, pecuária, alimentação, higiene, ruralismo e fomento à produção de mamona e algodão, dentre outras.
Antenado com as mudanças advindas da nova Legislação Eleitoral em vigor a partir de 1934, que entre outras mudanças, passava a permitir o voto feminino, o Correio do Sertão abriu espaço a publicações de autoria de moças de famílias ilustres, reconhecendo o protagonismo das mulheres no setor literário e cultural. Setor este, altamente prestigiado pelo jornal, com destaque para as festas do Padroeiro, os festejos natalinos e o carnaval, que também mereceram ampla cobertura.
Constata-se ainda, no mesmo texto referido acima de lançamento do jornal, o importante elo entre entre as duas empreitadas jornalísticas do visionário Hildebrando, quando lemos que o Correio do Sertão “(…) veio substituir ‘A Semente’ que plantamos aqui com a confiança inabalável de crentes na força praliferadora das bôas ideias; é elle assim, como que o fruto dessa semente que praliferou no bom terreno alimentado pelas nossas forças espirituaes”.
Além de seguir carreira na trilha aberta de A SEMENTE, é também digno de nota que o fundador do Correio do Sertão se sentia motivado pela prévia experiência de dirigir o JORNAL DA PEDRA e cuidar para que a luta em prol dos interesses da zona sertaneja não esmaecesse.
Em formato de 33/22 cm e com 4 páginas de quatro colunas estreitas, manteve-se até seu fechamento com a promessa de sempre sair aos domingos, embora tenha saído também em datas incertas. Do Volume 13 da “História da Imprensa de Pernambuco” referenciado no início desta postagem, temos também que Hildebrando sempre esteve na função de diretor (apesar de suas longas ausências) e que nunca se viu tabelas de assinaturas e nem se divulgaram nomes de outros redatores. Todavia do texto da FUNDAJ sabe-se também que o jornal “Inseria, também, colaboração de Alexandre Meneses, Lauro Góis, Vesano, o das ‘Maluquices’; Djalma Meneses, A. Mendonça, M. N. G., autor da seção ‘Perfilando’; Estevão Soares e, além de raros outros, Olho Grande que, cada ano, redigia, na época carnavalesca, a seção ‘No reinado da pândega’. Alguma literatura, propriamente, veio a ocorrer já no fim da existência da folha”.
TOPO
Anúncios pitorescos do Sertão
Fizemos recortes de anúncios das folhas do Correio do Sertão de nosso acervo. Destaca-se o da loja M. Ovídio & Sobrinho (de Manuel Ovídio) pela variedade de produtos em oferta (de colchões a leite condensado). “O Barracão”, como era popularmente conhecido, mudou de proprietário e passou a se chamar “Casa Baiana”, mas manteve-se funcionando no mesmo endereço e munido do sortimento de sempre até a transferência da cidade, em razão da construção da barragem de Itaparica.
O famoso depurativo “Elixir de Nogueira“, o “Xarope S. João” com seu grito libertador “Larga-me! Deixa-me gritar“, o poderoso tônico “Vinho Creosotado” e para dor de cabeça a “CAFIASPIRINA” da BAYER (em três divertidas versões de propagandas) na linha de frente dos produtos medicinais.
A “CLÍNICA ODONTOLÓGICA Antônio Almeida“, a “Loja S. Pedro” e a “Typographia União” (do fundador do jornal) são outros anunciantes que marcavam presença no jornal.
A galeria abaixo reúne nossos recortes dos anúncios citados acima:
Com a finalidade de completar este acervo, o IGHP deseja ainda acessar as edições publicadas entre novembro de 1935 e fevereiro de 1937, que constam da coleção completa dos exemplares publicados pelo Correio do Sertão, doada por Hildedrando ao Arquivo Público Estadual de Pernambuco.
ANNO I
Nº. 01 (dia 04) – Correio do Sertão
Nº. 02 (dia 14) – Pro Agricultores das Serras Negra e do Periquito
Nº. 03 (dia 21) – Commentarios Opportunos
Nº. 04 (dia 28) – Pelo Sertão Nordestino
Out/34
Nº. 05 (dia 04) – Medidas Contra as Seccas nos Sertões do Nordeste
Nº. 06 (dia 11) – Pelos Principaes Interesses do Sertão
Nº. 07 (dia 18) – A Emmissão de Apolices do Estado para Garantia de um Emprestimo a Cia. Agrícola e Pastorial do S. Francisco
Nº. 08 (dia 25) – Pela Instrucção; Sobre o ensino religioso nas escolas
Nov/34
Nº. 09 (dia 02) – O Travessão da Serra de Tacaratú. Sua importância e seus oppositores
Nº. 10 (dia 09) – Com o fisco federal
Nº. 11 (dia 16) – A situação da pecuaria sertaneja
Nº. 12 (dia 23) – O aniquilamento do banditismo
Nº. 13 (dia 30) – Pró interesses do Sertão
Dez/34
Nº. 14 (dia 06) – O travessão da Serra de Tacaratú
Nº. 15 (dia 13) – Commentarios opportunos
Nº. 16 (dia 20) – As necessidades do Sertão como estão sendo tratadas no Recife
Nº. 17 (dia 27) – A irrigação salvará o sertão do flagello das seccas
Jan/35
Nº. 18 (dia 03) – Credito para o Sertão
Nº. 19 (dia 10) – O travessão da Serra de Tacaratú
Nº. 20 (dia 27) – Pela nossa pecuariaN.º 20: A página 3 está como 'Segunda página' , acreditamos ter sido erro na impressão.
Fev/35
Nº. 21 (dia 03) – Pro interesses de Floresta
Nº. 22 (dia 10) – Necessidades de Caixas ruraes no Sertão
Nº. 23 (dia 24) – A serra de Tacaratú
Nº. 24 (dia 31) – Dois grandes certamesN.º 23: Está faltando a página 3 deste número.
Mar/35
Nº. 25 (dia 07) – Cuidemos de nossas terras
Nº. 26 (dia 21) – DO RECIFE
Nº. 27 (dia 28) – Emendas ao Ante Projecto de Constituição do EstadoN.º 25: Estão faltando as páginas 2 e 3 deste número.
Abr/35
Nº. 28 (dia 12) – Necessidade de credito para o sertão
Suplemento (dia 13) – PELOS INTERESSES DA IMPRENSA DO INTERIOR DE PERNAMBUCO
Nº. 29 (dia 19) – DO RECIFE; Projecto do Governo do Estado
Nº. 30 (dia 26) – DO RECIFE; Semana Ruralista em JatobáN.º 28: Neste número observamos que a página 1 está com data de 13/05/1935 e acreditamos que possa ter sido erro na impressão, uma vez que as demais páginas estão com data de 12/05/1935 e dia 13 saiu o Suplemento.
Mai/35
Nº. 31 (dia 02) – DO RECIFE; O plantio do feijão
Nº. 32 (dia 16) – DO RECIFE; Senana Ruralista de Jatobá
Nº. 33 (dia 23) – DO RECIFE
Nº. 34 (dia 30) – DO RECIFE; A Installação do Circulo de Amigos da Instrucção
Jun/35
Nº. 35 (dia 07) – A nossa exposição
Nº. 36 (dia 26) – As Semanas RuralistasN.º 36: Neste número observamos que as páginas 3 e 4 foram indevidamente impressas como 'Sétima' e 'Oitava' páginas, respectivamente.
Jul/35
Nº. 37 (dia 04) – OS TRABALHOS DA SEMANA RURALISTA DE JATOBÁ
Nº. 38 (dia 11) – O que penso sobre candidactos a prefeitos e vereadores do nosso municipio
Nº. 39 (dia 25) – O nosso municipio acima de tudo
Ago/35
Nº. 40 (dia 01) – DO RECIFE; OS TRABALHOS DA SEMANA RURALISTA DE JATOBÁ
Nº. 41 (dia 08) – TUDO PELO NOSSO MUNICIPIO
Nº. 42 (dia 15) – Em torno de um projeto util
Nº. 43 (dia 29) – Verdades que devem ser conhecidasN.º 42: Este foi o último número em o nome da cidade foi impresso como 'Jatobá'.
N.º 43: A partir deste número o nome da cidade passou a ser impresso como 'Itaparica' ou 'Itaparica (Antigo Jatobá).
Set/35
Nº. 44 (dia 06) – NOSSO PRIMEIRO ANNIVERSARION.º 44: Este foi o último número do ANNO I do semanário.
Out/35
ANNO II
Nº. 45 (dia 13) – O algodão e a mamona
Nº. 46 (dia 20) – Prespectiva Agradavel
A resgatar …
Out/35
TOPO
Pesquisa: Paula Francinete Rubens de Menezes
Paula Francinete Rubens de Menezes - Educadora, Escritora e Presidenta do IGH de Petrolândia.
O IGH Petrolândia nasceu com a finalidade primeira de servir de apoio à pesquisa sobre a história do nosso povo e se sente muito feliz em divulgar este material de inestimável valor histórico.
Blog de Assis Ramalho
Aos petrolandenses nostáugicos - Há 100 anos, nascia em Jatobá de Tacaratu (atual Petrolândia), o jornal A Semente, fundado por Hildebrando Gomes de Meneses
Criada em 1761 e elevada a título de Santuário em 1999, a Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Saúde, localizada no município de Tacaratu há 21 km de Petrolândia , ajuda a contar a história do povo da região através de seus registros de batismos, casamentos e óbitos.
Na coleção de registros históricos de Igrejas Católicas de Pernambuco do site FamilySearch de 1762 a 2002, localizamos uma compilação de registros de batismos (1845-1952), índices de batismos (1900-1958), matrimônios (1845-1952), crismas (1944-1961) e óbitos (1944-1954) da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Tacaratu organizada conforme figura abaixo:
Figura extraída de navegação no site FamilySearch
FamilySearch (antiga Sociedade Genealógica de Utah) é uma organização de pesquisa genealógica mantida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e com sede em Salt Lake City, Utah nos Estados Unidos. É a maior entidade voltada para esse tipo de pesquisa no mundo[1] e que se propõe a ajudar pessoas no mundo inteiro a descobrir a história de suas famílias. Seus serviços são disponibilizados gratuitamente em seu site, aplicativo móvel ou pessoalmente em seus mais de 5 mil centros de história da família locais (em Recife temos o Recife Brazil Family History Center), mas é requerida uma criação de conta no site para se poder acessar os serviços de buscas em seu acervo.
Informações adicionais como autoria, formato, idioma, publicação, dentre outras, podem ser acessadas para cada título de Registro Paroquial do catálogo a partir da aba “Informações” destacada na figura abaixo e após um clique sobre a linha do Item de Registro do Catálogo desejado.
Figura extraída de navegação no site FamilySearch
As imagens são disponibilizadas em altíssima qualidade e o navegador de imagens mostrado na figura acima permite ao usuário aproximar e afastar a imagem (zoom) bem como baixá-las através do botão “Baixar” no canto direito superior da figura acima. Esta facilidade permite que as imagens possam ser apreciadas em nível de detalhe até maior do que em comparação à consulta física dos documentos originais. A título de exemplo, a figura abaixo apresenta as informações sobre o título do catálogo onde está localizada a imagem da figura acima.
Figura extraída de navegação no site FamilySearch
Falando com o Sertão
O IGHP mais uma vez se regozija em poder convidar seu público a reviver as tantas histórias contadas em prol do povo sertanejo pelo Correio do Sertão na Jatobá e Itaparica nos meados da marcante e decisiva década de 30 no Brasil.Embarque com a gente e boa viagem!
CONTEXTO HISTÓRICO
UM SEMANÁRIO SERTANEJO
ANÚNCIOS PITORESCOS DO SERTÃO
NOSSO ACERVO
Contexto histórico
Em março de 1934, a nova Constituição do Brasil é promulgada e Getúlio Vargas, governando desde 1930 em regime provisório, acabara de garantir a continuidade de seu governo por mais quatro anos, abrindo passagem à sua fase ditatorial. É então em outubro deste mesmo ano, distante uma década do último número do seu A Semente, que Hildebrando Gomes de Menezes funda, em Jatobá, seu segundo jornal denominado CORREIO DO SERTÃO.
Do acervo de Publicações Digitalizadas da Fundação Joaquim Nabuco no Volume 13 da “História da Imprensa de Pernambuco”, à página 555 em seção intitulada “CORREIO DO SERTÃO”, da parte que versa sobre o município de Petrolândia, temos que o novo jornal de Hildebrando “(…) apoiou, politicamente, o governo estadual, ocupado por Carlos de Lima Cavalcanti“.
Em 1930 Hilbebrando é nomeado Delegado de Ensino de Jatobá de Tacaratu pelo então Governador Carlos de Lima Cavalcanti, acumulando esta função com a de prefeito, nomeado pelo mesmo governador, estando assim ligado à Comarca de Tacaratu, então sede do Município.Do livro “De Jatobá a Petrolândia – três nomes, uma cidade, um povo” (de Gilberto de Menezes, filho de Hildebrando)
Na Jatobá de 34 a expectativa era de progresso: empregos em alta, dinheiro circulando e comércio movimentado, a Cia. Agrícola e Pastoril do São Francisco iniciando os trabalhos de aproveitamento do potencial energético da cachoeira de Itaparica e a Comissão de Piscicultura do Nordeste chegando para desenvolver melhoramento das espécies em águas correntes, visando ao abastecimento de peixes nos açudes construídos pela então Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (atual DNOCS).
No Estado, no entanto, o clima político se desgastava celeremente, o que motivou seu interventor a organizar o Partido Socialista Democrático a fim de concorrer nas eleições indiretas. Descontente com as tentativas de Vargas de perpetuação no poder, Carlos de Lima vai se convertendo em crítico tenaz da situação através de seus jornais. Em 10 de novembro de 1937 se configura o golpe com a instauração do Estado Novo e os agora então perseguidos irmãos Lima de Cavalcanti têm seus jornais fechados e Agamenon Magalhães é nomeado novo governador de Pernambuco.
Não por acaso, nessa mesma época, em Itaparica (novo nome da cidade de Jatobá, modificado através do projeto de Lei do então Deputado Hildebrando), seguramente ciente dos riscos aos quais estava sujeita a ‘imprensa livre’ da época durante regimes detatoriais, Hildebrando resolve se antecipar optando pelo abrupto encerramento das atividades do Correio do Sertão.
Todavia, amante que era das letras e de sua região, não abandonou o ofício e passou a atuar como colaborador dos recifenses Diário de Pernambuco e Jornal Pequeno, geralmente publicando artigos em defesa do Sertão.
TOPO
Um semanário sertanejo
Tendo o “PROGRAMMA – DEFEZA DOS INTERESSES SERTANEJOS” como subtítulo permanente desde seu número inaugural a 4 de outubro de 1934 até o derradeiro em 28 de fevereiro de 1937, o semanário fundado por Hildebrando de Menezes e impresso pela Tipografia União (também de sua propriedade) descreve seu “programma” de propósitos logo na matéria de capa de sua primeira edição conforme abaixo:
E esse programma é excluzivamente defender os interesses sertanejos. Sem paixão, sem partidarismo, impessoal no commento dos factos, sincero na explanação das necessidades do nosso empobrecido hinterland, com uma secção de informações veridicas doas acontecimentos que se desenrolarem no Paiz, destinada ao nosso sertanejo que não tem tempo ou recurso para ler os grandes jornaes, o Correio do Sertão tem ancia de ser util desse modo a zona em que nasceu e vae viver.Parágrafo 2º. do Nº. 1 do Correio do Sertão
É com ares de uma simbólica modernidade, aqui percebida no vocábulo interior, traduzido do estrangeirismo “hinterland” no fragmento acima, que o “falar para o interior e em nome das causas sertanejas” parece timbrar a destinação primária do novo jornal de Jatobá. Tomaram corpo nas folhas da publicação temáticas como agricultura, irrigação, crédito para o sertão, pecuária, alimentação, higiene, ruralismo e fomento à produção de mamona e algodão, dentre outras.
Antenado com as mudanças advindas da nova Legislação Eleitoral em vigor a partir de 1934, que entre outras mudanças, passava a permitir o voto feminino, o Correio do Sertão abriu espaço a publicações de autoria de moças de famílias ilustres, reconhecendo o protagonismo das mulheres no setor literário e cultural. Setor este, altamente prestigiado pelo jornal, com destaque para as festas do Padroeiro, os festejos natalinos e o carnaval, que também mereceram ampla cobertura.
Constata-se ainda, no mesmo texto referido acima de lançamento do jornal, o importante elo entre entre as duas empreitadas jornalísticas do visionário Hildebrando, quando lemos que o Correio do Sertão “(…) veio substituir ‘A Semente’ que plantamos aqui com a confiança inabalável de crentes na força praliferadora das bôas ideias; é elle assim, como que o fruto dessa semente que praliferou no bom terreno alimentado pelas nossas forças espirituaes”.
Além de seguir carreira na trilha aberta de A SEMENTE, é também digno de nota que o fundador do Correio do Sertão se sentia motivado pela prévia experiência de dirigir o JORNAL DA PEDRA e cuidar para que a luta em prol dos interesses da zona sertaneja não esmaecesse.
Em formato de 33/22 cm e com 4 páginas de quatro colunas estreitas, manteve-se até seu fechamento com a promessa de sempre sair aos domingos, embora tenha saído também em datas incertas. Do Volume 13 da “História da Imprensa de Pernambuco” referenciado no início desta postagem, temos também que Hildebrando sempre esteve na função de diretor (apesar de suas longas ausências) e que nunca se viu tabelas de assinaturas e nem se divulgaram nomes de outros redatores. Todavia do texto da FUNDAJ sabe-se também que o jornal “Inseria, também, colaboração de Alexandre Meneses, Lauro Góis, Vesano, o das ‘Maluquices’; Djalma Meneses, A. Mendonça, M. N. G., autor da seção ‘Perfilando’; Estevão Soares e, além de raros outros, Olho Grande que, cada ano, redigia, na época carnavalesca, a seção ‘No reinado da pândega’. Alguma literatura, propriamente, veio a ocorrer já no fim da existência da folha”.
TOPO
Anúncios pitorescos do Sertão
Fizemos recortes de anúncios das folhas do Correio do Sertão de nosso acervo. Destaca-se o da loja M. Ovídio & Sobrinho (de Manuel Ovídio) pela variedade de produtos em oferta (de colchões a leite condensado). “O Barracão”, como era popularmente conhecido, mudou de proprietário e passou a se chamar “Casa Baiana”, mas manteve-se funcionando no mesmo endereço e munido do sortimento de sempre até a transferência da cidade, em razão da construção da barragem de Itaparica.
Anúncio da loja M. Ovídio & Sobrinho
O famoso depurativo “Elixir de Nogueira“, o “Xarope S. João” com seu grito libertador “Larga-me! Deixa-me gritar“, o poderoso tônico “Vinho Creosotado” e para dor de cabeça a “CAFIASPIRINA” da BAYER (em três divertidas versões de propagandas) na linha de frente dos produtos medicinais.
A “CLÍNICA ODONTOLÓGICA Antônio Almeida“, a “Loja S. Pedro” e a “Typographia União” (do fundador do jornal) são outros anunciantes que marcavam presença no jornal.
A galeria abaixo reúne nossos recortes dos anúncios citados acima:
Nosso Acervo
O acervo do Correio do Sertão do IGHP abrange quase metade do total de 94 edições publicadas do jornal, sendo 46 números mais uma edição Suplementar de 13/05/1935. As mais de 170 imagens de páginas do jornal foram capturadas a partir de originais doados a este instituto por Gilberto de Menezes, filho de seu fundador.
O acervo do Correio do Sertão do IGHP abrange quase metade do total de 94 edições publicadas do jornal, sendo 46 números mais uma edição Suplementar de 13/05/1935. As mais de 170 imagens de páginas do jornal foram capturadas a partir de originais doados a este instituto por Gilberto de Menezes, filho de seu fundador.
Com a finalidade de completar este acervo, o IGHP deseja ainda acessar as edições publicadas entre novembro de 1935 e fevereiro de 1937, que constam da coleção completa dos exemplares publicados pelo Correio do Sertão, doada por Hildedrando ao Arquivo Público Estadual de Pernambuco.
ANNO I
Nº. 01 (dia 04) – Correio do Sertão
Nº. 02 (dia 14) – Pro Agricultores das Serras Negra e do Periquito
Nº. 03 (dia 21) – Commentarios Opportunos
Nº. 04 (dia 28) – Pelo Sertão Nordestino
Out/34
Nº. 05 (dia 04) – Medidas Contra as Seccas nos Sertões do Nordeste
Nº. 06 (dia 11) – Pelos Principaes Interesses do Sertão
Nº. 07 (dia 18) – A Emmissão de Apolices do Estado para Garantia de um Emprestimo a Cia. Agrícola e Pastorial do S. Francisco
Nº. 08 (dia 25) – Pela Instrucção; Sobre o ensino religioso nas escolas
Nov/34
Nº. 09 (dia 02) – O Travessão da Serra de Tacaratú. Sua importância e seus oppositores
Nº. 10 (dia 09) – Com o fisco federal
Nº. 11 (dia 16) – A situação da pecuaria sertaneja
Nº. 12 (dia 23) – O aniquilamento do banditismo
Nº. 13 (dia 30) – Pró interesses do Sertão
Dez/34
Nº. 14 (dia 06) – O travessão da Serra de Tacaratú
Nº. 15 (dia 13) – Commentarios opportunos
Nº. 16 (dia 20) – As necessidades do Sertão como estão sendo tratadas no Recife
Nº. 17 (dia 27) – A irrigação salvará o sertão do flagello das seccas
Jan/35
Nº. 18 (dia 03) – Credito para o Sertão
Nº. 19 (dia 10) – O travessão da Serra de Tacaratú
Nº. 20 (dia 27) – Pela nossa pecuariaN.º 20: A página 3 está como 'Segunda página' , acreditamos ter sido erro na impressão.
Fev/35
Nº. 21 (dia 03) – Pro interesses de Floresta
Nº. 22 (dia 10) – Necessidades de Caixas ruraes no Sertão
Nº. 23 (dia 24) – A serra de Tacaratú
Nº. 24 (dia 31) – Dois grandes certamesN.º 23: Está faltando a página 3 deste número.
Mar/35
Nº. 25 (dia 07) – Cuidemos de nossas terras
Nº. 26 (dia 21) – DO RECIFE
Nº. 27 (dia 28) – Emendas ao Ante Projecto de Constituição do EstadoN.º 25: Estão faltando as páginas 2 e 3 deste número.
Abr/35
Nº. 28 (dia 12) – Necessidade de credito para o sertão
Suplemento (dia 13) – PELOS INTERESSES DA IMPRENSA DO INTERIOR DE PERNAMBUCO
Nº. 29 (dia 19) – DO RECIFE; Projecto do Governo do Estado
Nº. 30 (dia 26) – DO RECIFE; Semana Ruralista em JatobáN.º 28: Neste número observamos que a página 1 está com data de 13/05/1935 e acreditamos que possa ter sido erro na impressão, uma vez que as demais páginas estão com data de 12/05/1935 e dia 13 saiu o Suplemento.
Mai/35
Nº. 31 (dia 02) – DO RECIFE; O plantio do feijão
Nº. 32 (dia 16) – DO RECIFE; Senana Ruralista de Jatobá
Nº. 33 (dia 23) – DO RECIFE
Nº. 34 (dia 30) – DO RECIFE; A Installação do Circulo de Amigos da Instrucção
Jun/35
Nº. 35 (dia 07) – A nossa exposição
Nº. 36 (dia 26) – As Semanas RuralistasN.º 36: Neste número observamos que as páginas 3 e 4 foram indevidamente impressas como 'Sétima' e 'Oitava' páginas, respectivamente.
Jul/35
Nº. 37 (dia 04) – OS TRABALHOS DA SEMANA RURALISTA DE JATOBÁ
Nº. 38 (dia 11) – O que penso sobre candidactos a prefeitos e vereadores do nosso municipio
Nº. 39 (dia 25) – O nosso municipio acima de tudo
Ago/35
Nº. 40 (dia 01) – DO RECIFE; OS TRABALHOS DA SEMANA RURALISTA DE JATOBÁ
Nº. 41 (dia 08) – TUDO PELO NOSSO MUNICIPIO
Nº. 42 (dia 15) – Em torno de um projeto util
Nº. 43 (dia 29) – Verdades que devem ser conhecidasN.º 42: Este foi o último número em o nome da cidade foi impresso como 'Jatobá'.
N.º 43: A partir deste número o nome da cidade passou a ser impresso como 'Itaparica' ou 'Itaparica (Antigo Jatobá).
Set/35
Nº. 44 (dia 06) – NOSSO PRIMEIRO ANNIVERSARION.º 44: Este foi o último número do ANNO I do semanário.
Out/35
ANNO II
Nº. 45 (dia 13) – O algodão e a mamona
Nº. 46 (dia 20) – Prespectiva Agradavel
A resgatar …
Out/35
TOPO
Pesquisa: Paula Francinete Rubens de Menezes
Paula Francinete Rubens de Menezes - Educadora, Escritora e Presidenta do IGH de Petrolândia.
O IGH Petrolândia nasceu com a finalidade primeira de servir de apoio à pesquisa sobre a história do nosso povo e se sente muito feliz em divulgar este material de inestimável valor histórico.
Blog de Assis Ramalho
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Em 1921, há exatamente 100 anos, nascia em Jatobá de Tacaratu (atual Petrolândia), o jornal A Semente, um dos primeiros periódicos publicados na Região. Fundado por Hildebrando Gomes de Meneses, a publicação que teve apenas dois anos de duração, tratou de diversos temas de interesse local como a situação política e administrativa da cidade, informações sobre obras e serviços, além de muita literatura e poesia.
Neste ano de 2021, festejamos os 100 anos de nascimento do jornal A Semente, o Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia, a fim de preservar notícia de uma Petrolândia viva na memória afetiva de seus filhos, compartilha em seu site, edições quase completa do último número do periódico, além de um artigo completo sobre a fundação do jornal e suas curiosidades dentro do contexto histórico-político da época.
E ainda fazendo parte das comemorações, o IGH continua em busca de outras publicações, e por isso pede que aqueles que por ventura tenham em mão outras edições desta peça jornalística, entrem em contato. Contamos com a ajuda dos filhos de Petrolândia para alimentar o ânimo de manter o empenho em preservar e (re)contar a história de nossa querida cidade.
O contato pode ser através do site www.ighpetrolandia.org e também por nossas redes sociais @ighpetrolandia no Facebook e no Instagram.
Serviço:
https://ighpetrolandia.org/2021/04/06/a-semente-plantada-ha-um-seculo/
www.ighpetrolandia.org
Facebook - @ighpetrolandia
Instagram – ighpetrolanida
Contato: Paula Francinete, presidente do IGH Petrolândia
Telefone – (87) 99908.2900
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Registros da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Tacaratu (1845-1961)
Neste ano de 2021, festejamos os 100 anos de nascimento do jornal A Semente, o Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia, a fim de preservar notícia de uma Petrolândia viva na memória afetiva de seus filhos, compartilha em seu site, edições quase completa do último número do periódico, além de um artigo completo sobre a fundação do jornal e suas curiosidades dentro do contexto histórico-político da época.
E ainda fazendo parte das comemorações, o IGH continua em busca de outras publicações, e por isso pede que aqueles que por ventura tenham em mão outras edições desta peça jornalística, entrem em contato. Contamos com a ajuda dos filhos de Petrolândia para alimentar o ânimo de manter o empenho em preservar e (re)contar a história de nossa querida cidade.
O contato pode ser através do site www.ighpetrolandia.org e também por nossas redes sociais @ighpetrolandia no Facebook e no Instagram.
Serviço:
https://ighpetrolandia.org/2021/04/06/a-semente-plantada-ha-um-seculo/
www.ighpetrolandia.org
Facebook - @ighpetrolandia
Instagram – ighpetrolanida
Contato: Paula Francinete, presidente do IGH Petrolândia
Telefone – (87) 99908.2900
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Registros da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Tacaratu (1845-1961)
Igreja de Nossa Senhora da Saúde – Foto Lúcia Xavier/Blog de Assis Ramalho
Na coleção de registros históricos de Igrejas Católicas de Pernambuco do site FamilySearch de 1762 a 2002, localizamos uma compilação de registros de batismos (1845-1952), índices de batismos (1900-1958), matrimônios (1845-1952), crismas (1944-1961) e óbitos (1944-1954) da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Tacaratu organizada conforme figura abaixo:
Figura extraída de navegação no site FamilySearch
Informações adicionais como autoria, formato, idioma, publicação, dentre outras, podem ser acessadas para cada título de Registro Paroquial do catálogo a partir da aba “Informações” destacada na figura abaixo e após um clique sobre a linha do Item de Registro do Catálogo desejado.
Figura extraída de navegação no site FamilySearch
Como se pode visualizar na figura acima, os Registros Paroquiais consultados no referido catálogo têm como autor a “Igreja Católica. Nossa Senhora da Saúde (Tacaratu, Pernambuco); Arquivo da Diocese de Floresta” e sua publicação realizada pela FamilySearch em 2003, em Português e formato Manuscrito em Filme.
A figura abaixo apresenta um recorte aproximado da imagem de uma folha do livro de Batismos do período de 1950-1952 baixada para fins de publicação nesta postagem.
A figura abaixo apresenta um recorte aproximado da imagem de uma folha do livro de Batismos do período de 1950-1952 baixada para fins de publicação nesta postagem.
Por : Paula Francinete Rubens de Menezes - Educadora, Escritora e Presidenta do IGH de Petrolândia.O IGH Petrolândia nasceu com a finalidade primeira de servir de apoio à pesquisa sobre a história do nosso povo e se sente muito feliz em divulgar este material de inestimável valor histórico.
Blog de Assis Ramalho
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