Aqueles que estão assustados com o atual preço do gás de cozinha devem se preparar para mais um choque no orçamento. As projeções indicam que o botijão, vendido acima de R$ 100, deve ficar 30% mais caro até março de 2022. A estimativa se baseia no valor do GPL no Golfo do México, maior exportador do produto. A tonelada está em US$ 700 e deve saltar para US$ 900 no fim do primeiro trimestre do próximo ano.
Segundo Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), não há perspectiva de redução nos preços do gás de cozinha, que acumulam alta de quase 40% neste ano. Muito pelo contrário, tudo aponta para futuras altas, dada à conjuntura negativa do mercado, que conjuga petróleo em alta no exterior e dólar em disparada no Brasil.
O executivo ressalta que, além de a Petrobras acompanhar as cotações do mercado internacional do produto, o Brasil não é autossuficiente na produção de gás de cozinha. Pelo menos 25% do que é consumido no país vêm de fora. Portanto, para se manter rentável, a estatal precisa seguir o que está sendo praticado no mundo. “Tabelar e congelar preços já se mostraram políticas desastrosas no passado”, afirma.
Não há saída fácil
Para Bandeira de Mello, não há saída fácil para minimizar os impactos do encarecimento do gás de cozinha no orçamento das famílias mais vulneráveis. Ele acredita que o projeto aprovado pelo Senado e que depende do aval da Câmara, subsidiando 50% do valor do botijão de 13 quilos para os mais pobres, é uma iniciativa importante, mas precisa ter foco, como o de eliminar o uso do fogão a lenha.
“A focalização do programa foi retirada do projeto original. Portanto, o subsídio aprovado pelo Congresso pode se dado como renda, e as famílias poderão gastar como quiser, pois têm muitas prioridades”, afirma Bandeira de Mello. “Assim, continuarão usando fogão a lenha, o que deveria ser combatido”, frisa. A energia gerada pela queima de lenha representa 26% da matriz energética no país, mais do que o GLP (24%).
Outra medida importante, no entender do presidente do Sindigás, é uma campanha de conscientização sobre o consumo de gás de cozinha, só usar o necessário. Ele ressalta, ainda, que, caso o governo decida subsidiar o preço do botijão, será preciso definir, de forma transparente, de onde virão os recursos, uma vez que a situação fiscal do Brasil é muito delicada.
Subsídios custam caro
“Estamos falando de um subsídio muito caro”, reconhece Bandeira de Mello. A Petrobras, por exemplo, anunciou que repassará R$ 300 milhões ao longo de 15 meses para subsidiar o gás. Mas, apenas para bancar 50% do valor do produto a 10 milhões de famílias, são necessários R$ 3 bilhões por ano. “Para a empresa, R$ 300 milhões são uma quantia expressiva, mas, para o subsídio necessário, é muito pouco”, destaca.
Na opinião do executivo, se couber aos consumidores bancar todo o valor do gás de cozinha, que se faça campanhas para estimular a economia no uso do produto. Se a conta cair no colo dos contribuintes, por meio de subsídios, que tudo seja muito bem explicado. O Brasil é o quinto mercado mundial de GPL. Consome em torno de 35 milhões de botijões por mês — de 12 a 14 por segundo.
Via Correio Braziliense
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