segunda-feira, setembro 06, 2021

Religiosos evangélicos 'desconvocam' igrejas Batistas para atos do 7 de Setembro



O Movimento Batistas por Princípios, um grupo de religiosos, emitiu nota para desconvocar os fiéis para as manifestações do feriado de 7 de Setembro, Dia da Independência. Eles lamentaram o posicionamento de líderes religiosos em declarar apoio a “iniciativas autoritárias e pouco democráticas do atual presidente da República” Jair Bolsonaro (sem partido).

Na nota, o grupo demonstrou preocupação com as ameaças de fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), quando as convocações são feitas “em nome da defesa da liberdade”. O movimento também afirmou que o presidente deve satisfações das últimas acusações divulgadas na mídia.

Por fim, eles pedem para que fiéis, especialmente batistas “que sempre defenderam
princípios de verdadeira democracia e separação entre Igreja e Estado” a não comparecerem nas manifestações de 7 de Setembro. O movimento afirma que outras atividades podem ser mais “recompensadoras”.

Confira a nota na íntegra:

Diante da convocação feita às igrejas evangélicas, por diversas lideranças, para saírem às ruas em apoio às manifestações do próximo dia 7 de setembro, fazemos as seguintes considerações:

1. Defendemos e propagamos a liberdade de expressão e opinião, garantidas pela Constituição Brasileira, na convicção de que nenhum cidadão do nosso país está acima das normas constitucionais;

2. Estranhamos o lamentável fato de que pastores, embora ensinem em suas igrejas uma eclesiologia democrático-congregacional, expressem sua solidariedade a uma manifestação de claro apoio a iniciativas autoritárias e pouco democráticas do atual Presidente da República;

3. Denunciamos, com perplexidade, o evidente caráter contraditório da manifestação, uma vez que — em nome da defesa da liberdade — faz a apologia inconstitucional do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal;

4. Expomos nossa desconfiança em relação a um movimento que pretende dar salvo-conduto a um presidente que, juntamente com seus filhos, ainda deve explicações a sérios e graves indícios de corrupção e uso indevido de verbas de gabinete constituídas por dinheiro público — indícios que estão sendo investigados e, por si, revelam situações que parecem desmontar discursos hipócritas contra a corrupção;

5. Discordamos de todo e qualquer apoio acrítico ao atual governo — bem como à voluntária submissão ao papel de massa de manobra que se tem visto em vários setores da sociedade, em especial no ambiente evangélico — tendo em vista:


a) o fracasso na condução da crise de saúde no país como resultado da pandemia do Coronavírus;
b) o fracasso da política econômica, que se confirma pelo aumento do desemprego, da fome e da miséria, bem como de outras diversas maneiras, inclusive no crescente abandono do país por multinacionais muito conhecidas e aqui presentes há várias décadas;
c) o fracasso no controle inflacionário, resultando no absurdo e crescente aumento de preços, cujos mais notórios são dos alimentos, gás de cozinha e combustíveis, situação que deixa ainda mais vulneráveis aqueles que, de alguma forma, já se encontram prejudicados pela pandemia;
d) o fracasso no prometido combate à política predatória do chamado Centrão, cujo maior representante está hoje assentado num dos gabinetes do Palácio do Planalto, na qualidade de Ministro da Casa Civil;
e) o fracasso na estabilização política;
f) o fracasso nas políticas educacionais;
g) o fracasso no plano de prevenção à crise hídrica e de energia elétrica que, depois de claros sinais, agora se avizinha.

6. Afirmamos com ênfase que a convocação para tal manifestação pública, embora exiba como fachada a defesa da liberdade e da democracia, na verdade se revela como astuta tentativa do atual governo de provocar rupturas institucionais e criar ambiente favorável a instalação de um governo autoritário e personalista.

Sendo assim, conclamamos aos irmãos e irmãs, especialmente aos batistas que sempre defenderam princípios de verdadeira democracia e separação entre Igreja e Estado, a não comparecerem às ruas na próxima terça-feira, dia 7 de setembro, aproveitando melhor o seu tempo com outras atividades mais recompensadoras e que, ao fim e ao cabo, demonstrem o autêntico respeito que temos pelo Dia da Independência."

Por Correio Braziliense

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