domingo, setembro 05, 2021

Ex-BBB Josy Oliveira morre em São Paulo

Josy Oliveira foi participante do BBB 9 — Foto: Reprodução/redes sociais


A ex-BBB Josy Oliveira, participante da nona edição do "Big Brother Brasil", morreu aos 43 anos, em São Paulo. Segundo familiares, ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante uma cirurgia para tratar de um aneurisma diagnosticado no final de 2020.

Mineira de Juiz de Fora, Josy era formada em psicologia, mas se dedicou à carreira de cantora após a participação no reality show. Ela era casada e deixou um filho.


Josy, ex-participante do Big Brother Brasil 9 — Foto: TV Globo/Fabrício Mota


Josy, ex-participante do Big Brother Brasil 9 — Foto: TV Globo/Fabrício Mota

Aneurisma e AVC: entenda o quadro que levou à morte da ex-BBB Josy Oliveira


O neurorradiologista intervencionista e neurologista Fabricio Buchdid Cardoso explicou ao G1 o que é um aneurisma, como identificá-lo, o tratamento e o AVC. Fabricio trabalha nos Hospitais de Clínicas Unicamp e no Centro Médico de Campinas, além do Instituto Neuron Campinas.

Segundo Fabricio, existem dois tipos de AVC:

Hemorrágico: onde há o extravasamento do sangue na artéria que nutre o cérebro
Isquêmico: onde há a interrupção do fluxo de sangue na artéria que nutre o cérebro

1 - O que é um aneurisma cerebral?


Os vasos cerebrais são constituídos de artérias e veias, assim como todos os órgãos do corpo. As artérias são constituídas por uma quantidade de músculos na parede maior que nas veias, então elas são mais resistentes. O aneurisma cerebral é uma dilatação na parede da artéria por uma determinada fragilidade, uma descontinuidade muscular em uma determinada parte da parede e que, ao longo do tempo, ocasiona uma dilatação. Essa região mais frágil é submetida à pressão sanguínea que vai abaulando, aumentando de tamanho, e fica cada vez mais frágil e irregular até o momento em que estoura.

2 - Há uma idade em que seja mais comum, ou predisposição?

Não tem predileção por idade. É mais comum em adulto jovem, mas pode acometer todas as faixas etárias, incluindo crianças. Nas crianças, uma das principais causas são as pós-traumáticas, após acidentes em que há traumatismo craniano.

É importante citar a genética no caso de predisposição, ou seja, quando uma pessoa da família é diagnosticado com aneurisma, pais, tios, primos, irmãos e filhos devem passar por exames.

Existem fatores de risco, como tabagismo, por conta da fragilidade da parede vascular ocasionada pelo uso do cigarro, e doenças renais como rins policísticos, o que pode causar a formação de aneurismas cerebrais ou em outras partes do corpo.

3 - Como pode ser detectado?

Muitas pessoas ao longo da vida podem acabar tendo um aneurisma cerebral que passa desapercebido, que não é rompido. Contudo, o aneurisma pode ser detectado por exames seja na fase em que haja a ruptura como quando ainda não há sintomas.

Sem sintomas: o paciente pode descobrir o aneurisma durante exames de rotina;
Com sintomas: o principal sintoma é uma cefaleia, dor de cabeça súbita, intensa e explosiva e, segundo o neurologista Amaury Bara, também com paralisia de algum lado do corpo ou até coma.

O aneurisma pode ser detectado por exames de imagens que contrastam os vasos cerebrais, como a angioressonância (que pinta as artérias cerebrais), a angiotomografia (que injeta um contraste que passa por dentro das artérias) e a angiografia cerebral (uma espécie de cateterismo cerebral pela virilha ou braço que chega à artéria do pescoço --é injetado um contraste direto na vasculatura arterial para permitir a detecção via exame de imagem).

Existem graus de sangramento diferentes, como a escala de Fischer Modificado, que considera níveis de 0 a 4. Quanto maior a escala, mais grave e com riscos de piora.

4 - Como é o tratamento?

Existem critérios de tratamento conforme o quadro do paciente: o cirúrgico se dá com uma "clipagem" do aneurisma, ou via endovascular, uma embolização por dentro da artéria. Para definir o melhor tratamento, é preciso uma série de exames que definirão se o aneurisma é grande ou pequeno. Para aneurismas menores de 5 milímetros há uma tendência de monitorar anualmente; mas, se for irregular, com bifurcações, a opção mais indicada é o o tratamento cirúrgico.

Cirurgia aberta do crânio: há uma exposição do tecido cerebral até a chegada do vaso sanguíneo no qual há o aneurisma. Ele então recebe um clipe metálico para manter a circulação dos vasos, evitando que o paciente tenha uma complicação.

Endovascular: um cateter é colocado na artéria da virilha (femoral) ou na do braço (radial) e segue o trajeto até o pescoço. Então, realiza um cateterismo das artérias até chegar ao aneurisma. Na região, são usados dispositivos como se fossem fios de pesca para entrar dentro do aneurisma e recheá-lo com molas platinadas.

Foi esse o procedimento adotado para tratar Josy Oliveira, segundo a irmã dela declarou ao G1. Fabricio disse que houve uma complicação: "São colocados materiais metálicos dentro de uma artéria frágil, mas acabou gerando uma complicação. Existem estratégias para conter o sangramento, mas nem sempre é possível, devido às complicações".

Técnicas endovasculares têm baixas taxas de complicação, mas, como todo procedimento, pode haver complicações, como no caso de Josey. São elas: sangramento, a ruptura do aneurisma, a formação de pequenos coágulos e o fechamento do vaso cerebral com o aneurisma.

5 - O AVC na cirurgia para corrigir um aneurisma

Um dos efeitos possíveis durante uma cirurgia para correção de um aneurisma é um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A hemorragia do AVC faz aumentar a pressão intracraniana, pois o espaço onde fica o cérebro não tem muita capacidade de se estender. A caixa craniana, formada por ossos, impede o inchaço do cérebro até determinado ponto; mas é um ambiente contido.

Associado a isso, uma das complicações é a hidrocefalia: dentro do cérebro existem espaços em que há produção do liquido cefalorraquidiano, produzido pelo próprio cérebro e que fica contido em alguns bolsões dentro do cérebro, chamado ventrículos. No caso da hemorragia intracraniana, isso dificulta que esse líquido seja produzido e reabsorvido, ou seja, o líquido é mais produzido do que reabsorvido.

Isso faz com que o líquido se acumule dentro do cérebro e o ventrículo aumenta, o que se chama hidrocefalia. Para tentar controlar a complicação, é feita a sedação para que o paciente fique com o menor metabolismo cerebral possível, intubado, em coma induzido. Pode ser necessária a aplicação de medicamentos na veia para diminuir o inchaço e a colocação de um dreno para que esse líquido em excesso diminua a pressão.

Por Nathália Alves, G1 Zona da Mata — Juiz de Fora

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