sábado, agosto 07, 2021

Patrimônio Ferroviário de Jatobá (PE), um passado a ser protegido!

 

Construídas num período de grande impulso para o desenvolvimento do sertão do São Francisco (1878-1883) por ordem do Imperador D. Pedro II, as Estações Moxotó e Quixaba integraram a malha ferroviária da exuberante Estrada de Ferro Paulo Afonso, a qual por quase um século fez parte do cotidiano da vida sertaneja (1882-1964).

A Estação Moxotó está localizada no distrito da Volta do Moxotó e neste 02 de agosto completa 139 anos, tendo em seu passado inaugural um grande festejo e muitos sonhos de liberdade e progresso. Como uma das estações intermediárias foi de fundamental importância para o escoamento das riquezas e mobilidade da população tanto com destino a Piranhas, onde começava a linha férrea quanto a Jatobá (Petrolândia) - Estação final. Depois da desativação do trem ocorrida numa época de grande crise política, a estação sofreu por décadas pelo descaso e abandono, mas após a emancipação de Jatobá (1995) veio uma nova esperança e com ela o dever à sua manutenção, preservação e valorização, conforme previsto na Lei Orgânica Municipal, embora nem sempre cumprida. Atualmente, ela funciona como Museu-escola, um espaço de cultura e educação, e mantém-se imponente e bela, única da herança ferroviária do sertão pernambucano.


Já a Estação Quixaba, km 102, não teve a mesma sorte. Ainda que questionada pelos moradores, foi derrubada pela CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) no final dos anos de 1980. Restaram-lhe as lembranças dos viajantes e dos moradores do povoado Quixaba, que ainda se emocionam ao falar sobre esse assunto.

Pertencente também ao patrimônio ferroviário tão igualmente formosa temos a Ponte Moxotó, com quase 200 metros de comprimento foi a que mais recebeu investimento e elogios das autoridades imperiais. Ao longo das décadas também passou por reformas que mudaram o seu estilo original e no momento necessita seriamente de manutenção.

Agregam-se ainda um conjunto de obras de arte localizadas ao longo dos 18 km que separam Moxotó e Quixaba, que entre quipás, catingueiras e cansanção vivem no mais absoluto abandono sem qualquer identificação ou cuidado. Mas ainda assim resistem bravamente a todas as intempéries da natureza e dos homens.

Também de relevância histórica e que fora levada pela negligência foi a Ponte do Riacho Bananeiras, e agora só restam apenas as duas partes extremas que se encontram completamente encobertas pelo mato.

Uma cidade não existe sem passado e esses bens culturais, símbolos dessa memória, devem ser protegidos para que as gerações presentes e futuras possam ter um legado identitário com o lugar onde vivem, por isso a necessidade e a urgência das autoridades competentes bem como de toda a comunidade se unirem em defesa do tombamento desses patrimônios, de forma a serem garantidos a sua conservação e preservação.

Regina Borges

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