"A Ju era significado de amor, de perseverança, de luz na nossa casa. Era muito amiga, generosa, bondosa. Falta um pedaço no meu coração". Quem descreve Juliana Creizimar de Resende Silva é sua irmã, Josiana Rezende.
Juliana é a mais recente identificação feita pela Polícia Civil entre os casos de vítimas do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho. A identificação foi confirmada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (25), um dia depois de os bombeiros encontrarem um corpo entre os rejeitos de minérios nas áreas de buscas.
A operação completa hoje 2 anos e 7 meses de buscas. Ao todo, 261 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem já foram identificadas. Nove vítimas continuam desaparecidas.
Ao completar dois anos da tragédia, a reportagem do Estado de Minas conversou com Josiana Rezende, que lutou incansavelmente por justiça e para que todas as outras vítimas sejam encontradas.
“A Ju realmente iluminava. Era muito amiga, generosa, bondosa, e todos a viam dessa forma. O coração perdeu um pedaço. Esse pedaço não vai ser preenchido. É exatamente isso pra mim. Falta um pedaço no meu coração”, lamentou a irmã.
Josiana, conhecida como “Jojô”, foi vice-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum) até este mês de agosto.
Tragédia familiar
Juliana Resende deixou dois gêmeos órfãos de pai e mãe, já que a tragédia também levou o marido de Juliana, Dennis Augusto, ambos funcionários da Vale.
Apesar do sofrimento, Jojô participa ativamente das reuniões com o Corpo de Bombeiros e profissionais do IML, cobrando das autoridades o andamento das buscas. Em janeiro deste ano, Josiana falou do sentimento de esperança em continuar a operação.
“Essa ausência dela em todos os momentos é muito complicada. No que se agarrar? Hoje, nos filhos dela. É a motivação de manter as buscas, de seguir em frente. Meu pai fala que no meio disso tudo eles têm dado um colorido na nossa vida. O tempo passa muito rápido. A gente só percebe quando vê que os meninos já estão fazendo 3 anos e até hoje nessa situação de espera”, diz.
Memória e saudade
A vida, hoje, é reviver o rompimento da barragem. Seja numa forma de reparação, de honrar as “joias” – como os bombeiros chamam as vítimas ainda não encontradas –, de cobrar por justiça ou de dar alento às nove famílias. O pedido é para que haja um lugar digno em memória de Juliana. Mesmo sabendo que Juliana não volta mais para casa, o desejo sob lágrimas é de dizer mais uma vez: “Eu te amo”.
“Eu queria poder abraçar ela de novo, ouvir a voz, sentir o cheirinho, conversar, ouvir a risada, ver ela brincando com os meninos dela. Mas o fundamental é eu dizer o quanto eu a amo. Não que eu não dissesse, mas seria a oportunidade de falar o que eu sinto por ela”, ressalta Josiana.
Estado de Minas
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