A estudante Myllena Haddad Araujo Patzlaff, filha de Monique, contou ao G1 que a família sempre tomou todos os cuidados de prevenção e que a perda deixou todos desolados.
“É uma tragédia. Eram pessoas muito amadas e queridas por todos, pessoas maravilhosas com corações mais maravilhosos ainda. A melhor mãe que eu poderia ter, o melhor avô e avó que eu poderia ter e o melhor tio que eu poderia ter. Sinto falta deles todos os dias, e estarão para sempre em nossos corações e pensamentos”, lamentou.
De acordo com Myllena, o primeiro a sentir os sintomas da Covid-19 foi o avô Octacilio, no dia 10 de fevereiro. Ele foi contaminado pelo coronavírus por duas vezes.
Segundo ela, a suspeita é que o vírus tenha sido contraído de uma profissional da saúde que foi até a casa da família para um tratamento e estava com a doença, mas não sabia até então.
Octacilio chegou a tomar a vacina contra a Covid-19 no dia 13 de fevereiro, no entanto, ele já estava contaminado. No mesmo dia, o idoso teve febre e procurou um hospital.
“A médica disse que era uma reação da vacina, passou uns remédios e o liberou. Como ele tinha pego a Covid na metade de dezembro, não imaginávamos que poderia ser, achávamos que era reação da vacina mesmo”, contou.
Myllena disse que, dois dias depois, a febre do avô voltou. Novamente, ele procurou o médico e tomou novos medicamentos, que causaram uma melhora temporária.
“No dia 17 de fevereiro ele teve falta de ar, fez uso de oxigênio em casa, e no dia 18 foi para o hospital. A médica que o atendeu pediu exames de sangue, tomografia e teste de Covid. O resultado foi positivo. O pulmão já estava 50% comprometido”, relatou.
Octacilio foi encaminhado a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, durante o tratamento, contraiu uma infecção bacteriana. Dois dias depois, em 20 de fevereiro, ele morreu.
A estudante contou ainda que, no mesmo dia do falecimento do avô, toda a família realizou o teste de Covid, e os resultados foram positivos.
A mulher de Octacilio foi intubada oito dias após a morte dele, também para tratar a doença. Para evitar a presença no hospital, ela foi para casa com home care. No entanto, devido ao comprometimento dos pulmões, Geny faleceu no dia 6 de março.
“Minha mãe estava com home care em casa igual a minha avó. No dia 3 de março, foi para o hospital, no dia 4 intubaram ela, e no dia 15 de março, ela faleceu”, contou Myllena.
Já o tio de Myllena, João José, que tinha se mudado recentemente para Valinhos (SP), foi internado na cidade no dia 6 de março, apenas para acompanhamento médico e sem a necessidade de uma UTI. No dia 30, ele foi liberado com home care.
No entanto, segundo Myllena, na madrugada da última sexta-feira (2), João voltou para o hospital e foi direto para UTI. No sábado (3), ele passou por um procedimento para retirada de água do pulmão, mas o órgão não voltou para o tamanho normal e ele morreu.
“Meus avós deixam uma filha, minha mãe deixa duas filhas e o marido e meu tio deixa suas duas filhas”, disse Myllena.
Outros membros da família também foram contaminados pelo coronavírus, mas não tiveram sintomas graves, fizeram o tratamento isolados em casa e já estão recuperados.
Servidores públicos
Octacílio era ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso. A filha Monique foi vereadora por Chapada dos Guimarães, e o filho João José era ex-secretário de Educação de Sumaré (SP).
Covid-19 em MT
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) notificou, até domingo (4), 315.087 casos e 7.999 mortes pela doença desde o início da pandemia.
Entre casos confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, há 505 internações em UTIs públicas e 500 enfermarias públicas. Isto é, a taxa de ocupação está em 97,68% para UTIs adulto e em 57% para enfermarias adulto.
Em Mato Grosso, mais de mil mortes por Covid-19 foram registradas nos últimos 14 dias.
Por Kessillen Lopes, G1 MT
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