Em Olinda, a orla ganhou ainda mais adeptos da caminhada no calçadão, mas muitos sem máscara de uso obrigatório (Foto: Leandro de Santana/DP)
A praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, em nada lembrava um cenário de pandemia do novo coronavírus na manhã deste domingo (21). Atividades ainda não autorizadas, como banho de mar, futebol na areia e aglomeração de pessoas, podiam ser vistas ao longo de toda a orla. Somente era possível saber que a rotina de um dia de sol ainda não havia voltado por completo porque algumas pessoas usavam máscaras e não se via comércio ambulante ou nos quiosques.
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O movimento intenso na praia de Boa Viagem acontece logo após determinação do governo do estado, anunciada na última sexta-feira (19), liberando calçadões, praias e parques na Região Metropolitana do Recife. A regulamentação do acesso a esses espaços, entretanto, fica a cargo das cidades. A decisão começou a valer desde o sábado (20).
No Recife, por exemplo, a população foi liberada apenas para exercícios físicos individuais nas praias e parques. Atividades como corridas, caminhada e ciclismo, portanto, estão autorizadas. Já o banho de mar, mesmo sozinho, continua proibido no Recife, assim como aglomerações para comer, beber, tomar sol ou praticar atividades físicas coletivas. As pessoas também foram orientadas a usar máscaras, praticar o distanciamento físico e cuidar da higiene pessoal.
Jeová Ricardo, 27 anos, é empresário e aproveitou para pedalar sozinho a bicicleta dele. Antes da liberação, conta que só andava com o veículo de duas rodas à noite porque tinha pouca gente circulando. “Vim espairecer um pouco, pegar um sol, tentar relaxar a mente. Mas vi muita gente fazendo atividades não autorizadas. Eu estou certo que vai aumentar o número de casos com essa flexibilização”, comentou.
No calçadão, um grupo de pessoas vestidas de verde e amarelo e portando bandeiras do Brasil também se aglomeravam em manifestação política. No Recife, não há restrição de horário para frequentar a praia.
Jaboatão
Perto dali, na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes,o movimento de pessoas era menor, mas havia famílias com crianças tomando banho de mar e muitas pessoas caminhando sem máscaras. Algumas colocavam o acessório somente quando percebiam a presença da imprensa.
O corretor de imóveis, Marcelo Winograd, 56, disse que viu muita desobediência às regras impostas, por força da pandemia, ao longo da caminhada. “Vi muita gente se aglomerando com criança.”
Somente neste domingo a Prefeitura de Jaboatão anunciou a autorização para o acesso às praias. O decreto municipal foi publicado em edição extraordinária, no sábado, autorizando caminhadas e atividades físicas na faixa de areia e no calçadão, além do uso das ciclovias e ciclofaixas, desde que de forma individualizada.
Mas ainda não são permitidos banho de mar, prática de esportes náuticos e qualquer tipo de atividade econômica. Também continua proibido o uso de barracas, guarda-sol, cadeiras, isopor, caixas térmicas, consumo de alimentos e bebidas. Os parquinhos infantis, equipamentos esportivos, módulos de ginástica e musculação, campos e quadras permanecem fechados.
Em reunião, no sábado, representantes das secretarias municipais elaboraram o protocolo de segurança para esta primeira etapa. Diante do quadro de estabilidade dos casos, foi possível estabelecer as novas medidas, que poderão ser ampliadas por etapas ou mesmo serem suspensas, se forem registrados mais casos da doença no município.
Olinda
Em Olinda, estão liberados calçadão, ciclovias e orla para a prática de exercícios individuais. O banho de mar está proibido e o uso de máscara é obrigatório.
Na cidade patrimônio da humanidade, o movimento estava parecido com o das últimas semanas, quando as pessoas já estavam buscando o calçadão para caminhar ou mesmo passear. Neste domingo, o Diario também flagrou banhistas e pessoas sem máscaras.
“O movimento na orla de Olinda somente diminuiu um pouco no lockdown, mas, depois da reabertura, as pessoas já estavam indo para o calçadão”, disse o advogado Flávio Ramos, 51. Ele aproveitou a liberação parcial do espaço para passear com a cachorrinha, que estava há 90 dias sem sair do apartamento. “Dia desses tinha gente até jogando vôlei, mas o pessoal da prefeitura proibiu.”
Jennifer Carolina, 25, aproveitou a manhã de sol para caminhar pela primeira vez no calçadão depois do início da pandemia. Ele veio andando de Ouro Preto. “A praia estava me fazendo falta. Ficar isolada deixa a gente triste. Ver pessoas, socializar e respirar a natureza ajuda a controlar a ansiedade”, disse a estudante universitária.