domingo, junho 14, 2020

Varejo reabre em Pernambuco nesta segunda com protocolos sanitários; confira

 


O plano de retomada das atividades econômicas entra em mais uma etapa em grande parte dos municípios de Pernambuco nesta segunda-feira (15). A flexibilização passa a valer para o varejo de rua, de bairros e de centro, que tenham até 200 metros quadrados com horário estabelecido entre 9h e 18h e para salões de beleza e serviços de estética. Também entram na retomada o comércio de veículos, serviços de aluguel e vistoria de veículos com 50% dos funcionários de vendas. Porém, cada setor deverá seguir os protocolos estabelecidos pelo governo do estado para funcionar dentro dos padrões de exigências sanitárias para evitar que o número de casos da Covid-19 volte a subir e, consequentemente, crie a necessidade de fechar as atividades econômicas novamente. A lista é grande e conta com medidas sobre distanciamento social, higiene e comunicação e monitoramento.

Os estabelecimentos que se enquadram entre os autorizados a reabrir nesta segunda-feira abrangem a maior parte do comércio. "A gente sabe que os consumidores vão voltar aos poucos, mas essa retomada já ajuda. Ela vai atingir a maioria das lojas porque a maioria é pequena mesmo. Em muitos casos, mesmo quem tem loja grande, tem outra unidade menor e vai poder reabrir. Então essa medida vai atender a maioria dos lojistas. Talvez só não atenda as grandes redes agora neste início", afirma Eduardo Catão, presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas de Pernambuco (FCDL-PE).

Ele garante que a entidade fez um trabalho de conscientização junto aos lojistas para que os protocolos estabelecidos pelo governo do estado sejam seguidos. "Fizemos esse alerta para que depois não haja a necessidade de voltar a fechar porque o prejuízo vai ser grande. Já passamos quase 90 dias fechados, tem que ter precaução agora. Então os lojistas vão ter mais cuidados. Vai ter número de clientes determinados, todo mundo de máscara, álcool em gel e todos os protocolos estabelecidos. Nas cidades menores vai ser até mais tranquilo e esperamos que funcione tudo bem. Nosso objetivo não é só reabrir as lojas. Mas temos que ter o respeito com os clientes e com as equipes e a responsabilidade com o estado como um todo para que possa reduzir essa taxa de infectados", ressalta.

Preparados

Alguns lojistas aproveitaram o período que as lojas físicas estavam fechadas para investir nas transformações necessárias para o atendimento na reabertura. É o caso de Isis Lopes, proprietária de quatro unidades da Villa Kids e uma da By CP. "Compramos secadoras de roupas para colocar nas lojas e elas são colocadas nas máquinas e expostas a temperaturas altas. Pesquisamos muito e conversamos com infectologista para ser algo que o vírus não resistisse e também não danificasse as peças. Inclusive, o cliente pode solicitar que a peça seja colocada lá e esperar 15 minutos, se ele desejar ter a certeza que tem um produto limpo. É importante que os clientes possam ver as medidas para se sentirem mais seguros", diz.

O investimento nas cinco máquinas girou em torno de R$ 3 mil, mas ela também aportou o mesmo valor em produtos de cuidado e higiene e outros tipos de serviços. "Todos os funcionários ganharam máscaras personalizadas, viseira, temos um cuidado forte com a higienização do ambiente e dos colaboradores, fiz treinamento sobre distanciamento e desde abril mantenho transporte. Desta forma também tenho ajudado os maridos desempregados porque pago a eles como se fosse um Uber para pegar os funcionários e eles não precisarem pegar transporte público para chegar ao trabalho. Vou manter em junho", completa Isis Lopes.

Vale ressaltar que a nova etapa não começa a valer nesta segunda-feira em 85 municípios que fazem parte das regiões de saúde de Palmares, Goiana, Caruaru e Garanhuns. O governo de Pernambuco anunciou na última quinta-feira que a flexibilização do comércio e salões de beleza nestes locais seria adiada por, pelo menos, mais uma semana porque esses locais não acompanharam a tendência de queda de contaminação do coronavírus e da demanda de leitos de UTI.

Medidas acessíveis para salões de beleza

Os salões de beleza e serviços de estética também devem atender a um padrão de protocolos para garantir a segurança sanitária de clientes e funcionários e evitar a disseminação do coronavírus. Cuidados que precisam ser redobrados por serem atividades que costumam exigir contato direto entre colaboradores e consumidores. As medidas foram discutidas entre o governo do estado e com o Sindicato Patronal dos Salões de Beleza de Pernambuco (Sinbeleza-PE) para que pudessem ser acessíveis a todos os estabelecimentos pernambucanos, já que o estado tem aproximadamente 24 mil salões de beleza e mais cerca de 21 mil MEIs de todos os portes.

Segundo Cinthia Almeida, presidente do Sinbeleza-PE, foi feito um trabalho para massificar todas as informações referentes aos protocolos e também mostrar que elas são acessíveis e importantes nos cuidados com a saúde. "Não são protocolos rígidos, são medidas acessíveis e que atendem às necessidades. O sucesso de conseguir passar por essa fase de forma mais tranquila depende do tanto de responsabilidade que cada um vai ter", acredita.

Ela explica, por exemplo, que o protocolo exige um distanciamento de 1,5 metros em relação a lavatórios e bancadas. "Mas se o salão vai adesivar a marcação ou colocar barreira física de acrílico, depende só dele e isso abrange vários tipos de estabelecimentos". O uso de EPIs também será necessário, com a máscara sendo obrigatória e a orientação para o uso de escudos faciais em caso de contato mais próximo. "Se você entrar na internet, tem vários vídeos ensinando a fazer os dois, não precisa de um grande investimento para quem não puder", acrescenta.

Mesmo com a necessidade de investir em produtos de higiene e limpeza, também existem soluções mais baratas. "Pode usar o álcool em gel, mas também pode pedir que o cliente lave as mãos com sabão antes de começar a atender. Pode usar alcool 70 líquido para fazer a desinfecção, mas também pode usar a solução de água com água sanitária que é mais barata. Pode usar um tapete sanitizante na porta, mas também pode colocar um pano com água sanitária e ficar trocando e umedecendo na solução de tempos em tempos", sugere.

Para ela, a maior dificuldade será em relação ao agendamento. "Antes muitos clientes chegavam de forma espontânea e agora tudo vai ter que ser agendado. Não tem regra de como o agendamento deve ser feito, mas precisa ter espaçamento de tempo entre um cliente e outro para evitar aglomeração e dar tempo de fazer a higienização do local e equipamentos, caso não tenha mais de um kit. Tudo vai ter que ser desinfetado, inclusive pentes, chapinha, escova, babyliss, tudo". reforça. A autoclave, máquina para esterilzar equipamentos de manicure e corte de cabelo, tem um custo a partir de R$ 1.500, mas a presidente explica que ela já era obrigatória desde antes. "A esterelização é obrigatória antes da Covid-19 ou poderia haver chance de contaminação de hepatite ou AIDS, então não é algo novo para quem já estava cumprindo as determinações do setor".

Joana Cavalcante, sócia do salão Joolie ao lado de Renata Tomaz, estabeleceu várias normas para a retomada da atividade. "Vamos ter tapete sanitizante, borrifar álcool em gel nas mãos dos clientes, trocamos as fardas para facilitar a lavagem, criamos uma sala de esterilização com a autoclave lá, mudamos horários da equipe, todos vão usar máscara, escudos faciais e protetores nos pés, demarcamos o chão. Nossa marca era um atendimento express, mas tivemos que investir em um software de agendamento para criar esse novo hábito. Nossos investimentos chegaram a R$ 3 mil para fazer as adaptações. Mas muita coisa também fizemos usando a criatividade. Fizemos treinamento gratuito com o Sebrae e familiares e amigos ajudaram a deixar o ambiente em ordem para a reabertura", completa.

SAIBA MAIS:

PROTOCOLOS PARA VAREJO


Distanciamento social

- proibido eventos públicos
- desestímulo ao uso de elevadores
- quando houver bancos e cadeiras, demarcar distância
- onde tem venda de alimentos, proibido consumo no local
- avaliar possibilidade de turnos diferenciados
- evitar reuniões presenciais com trabalhadores
- evitar aglomerações nos intervalos
- minimizar trabalho que requer proximidade entre colaboradores
- revisar rotinas de recebimento de mercadorias
- Mercadoria para coleta e entrega por motoboy deve estar em local com controle do estabelecimento

Higiene

- apenas vender mercadorias sem possibilidade de provar
- uso de máscara por funcionários, colaboradores e clientes
- provadores devem ser higienizados a cada cliente
- mercadorias devolvidas ou trocadas devem ser higienizadas ou guardadas em embalagens individuais por quatro dias para voltar a ser exposta ou vendida
- reforçar limpeza e higienização de superfícies mais tocados
- higienizar carrinhos e cestas
- produtos alimentícios em displays abertos de autoatendimento devem ser colocados em ambalagens de plástico, celofane ou papel. Em casos de produtos expostos soltos, como pães, devem ser colocados em vitrines de acrílico e em sacos e funcionário devem usar pinças para retirar

Comunicação e monitoramento

- usar meios de comunicação disponíveis para informar clientes sobre medidas adotadas
- usar meios de mídias interna e redes sociais para divulgar informações sobre prevenção de contágio
- acompanhamento da sintomatologia dos trabalhadores diariamente no início do expediente
- medição de temperatura dos trabalhadores diariamente para empresas com mais de 20 funcionários
- caso trabalhador fique doente no local de trabalho com sintomas da Covid-19, deve ser removido para área afastada de outros funcionários e clientes, assim como de alimento, até saída para atendimento médico

PROTOCOLOS PARA SALÕES DE BELEZA E SERVIÇOS DE ESTÉTICA


Distanciamento social

- distância de 1,5 metros entre bancadas de atendimento
- receber clientes apenas com hora marcada, deixando intervalo para desinfecção do local e materiais
- não permitir a espera interna
- avaliar possibilidade de turnos diferenciados
- evitar aglomerações nos intervalos
- sinalizar distância mínima entre o cliente e o balcão

Higiene

- uso de máscara por funcionários, colaboradores e clientes
- Recomendável uso de escudos faciais e luvas para profissionais que demandam proximidade e contato com o cliente
- higienizar e desinfetar equipamentos, utensílios e acessórios, além de superfícies de contato, a cada atendimento
- higienização da estação de trabalho a cada troca de colaborador
- não deve haver toalhas ou capas de corte compartilhados entre clientes
- funcionários devem evitar compartilhamento de ferramentas
- materiais que não podem ser de utilização única devem ser desinfetados com álcool 70% a cada uso
- material de manicure cortante e tesouras de corte deve ser autoclavado
- se descontaminação não for possível, deve optar por soluções descartáveis
- em caso de vendas de mercadorias, não deverá haver teste ou prova dos produtos no local

Comunicação e monitoramento

- usar meios de comunicação disponíveis para informar clientes sobre medidas adotadas
- usar meios de mídias interna e redes sociais para divulgar informações sobre prevenção de contágio
- acompanhamento da sintomatologia dos trabalhadores diariamente no início do expediente
- realização de treinamento específico para funcionários para informar melhores técnicas para evitar o contágio
- trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual
- caso trabalhador fique doente no local de trabalho com sintomas da Covid-19, deve ser removido para área afastada de outros funcionários e clientes até saída para atendimento médico

Por Diário de Pernambuco

Tacaratu: Boletim epiodológico com dados deste domingo (14/06); muncípio soma 25 casos confirmados e 9 suspeitos (veja o quadro completo)


Da Redação do Blog de Assis Ramalho

Boletim deste domingo [14/06]: Com mais 590 pacientes e 71 óbitos por Covid-19, Pernambuco chega a 3.855 mortes

As pessoas que morreram foram 39 homens e 32 mulheres, residentes nos seguintes municípios: Recife (43), Jaboatão dos Guararapes (6), Caruaru (4), Palmares (2), Barreiros (1), Camaragibe (1), Carnaíba (1), Catende (1), Custódia (1), Garanhuns (1), Igarassu (1), Joaquim Nabuco (1), Limoeiro (1), Maraial (1), Paulista (1), Petrolina (1), Quipapá (1), Ribeirão (1), São José da Coroa Grande (1) e Vitória de Santo Antão (1).

Pernambuco confirmou, neste domingo (14), mais 590 casos da Covid-19 e 71 óbitos. Com isso, o estado passou a ter 45.261 registros da doença causada pelo novo coronavírus e 3.855 mortes, dados que começaram a ser contabilizados em março, no início da pandemia. O número de curados aumentou para 28.770.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), das confirmações da Covid-19 neste domingo (14), 184 se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 406 como leves. No acumulado, Pernambuco totalizou 17.103 casos graves e 28.158 leves.

Ainda segundo a SES, dos 71 novos óbitos registrados no estado, 52 ocorreram entre os dias 19 de abril e quarta-feira (10) e 19 aconteceram nos últimos três dias. Os pacientes tinham idade entre 24 e 97 anos. As faixas etárias deles são: 20 a 29 (1), 30 a 39 (2), 40 a 49 (4), 50 a 59 (10), 60 a 69 (20), 70 a 79 (15), 80 ou mais (19).

As pessoas que morreram foram 39 homens e 32 mulheres, residentes nos seguintes municípios: Recife (43), Jaboatão dos Guararapes (6), Caruaru (4), Palmares (2), Barreiros (1), Camaragibe (1), Carnaíba (1), Catende (1), Custódia (1), Garanhuns (1), Igarassu (1), Joaquim Nabuco (1), Limoeiro (1), Maraial (1), Paulista (1), Petrolina (1), Quipapá (1), Ribeirão (1), São José da Coroa Grande (1) e Vitória de Santo Antão (1).

Dos 71 pacientes que vieram a óbito, 49 apresentavam comorbidades: hipertensão (24), doença cardiovascular (13), diabetes (13), obesidade (8), doença renal (5), doença respiratória (3), câncer (3), tabagismo/histórico de tabagismo (2), histórico de AVC (2), doença hematológica (1), doença de Parkinson (1), infecção do trato urinário (1), doença de Alzheimer (1), vasculopatia (1), neuropatia (1) e etilismo (1). Um paciente pode ter mais de uma comorbidade. Outros seis não tinham comorbidades, e os demais estão em investigação pelos municípios.

Do total de 1.609 leitos para pacientes com Srag, 73% estão ocupados. A taxa de ocupação dos 721 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 94% e a dos 888 leitos de enfermaria é de 60%. Esses dados são referentes à rede de saúde pública do estado.

Quanto aos testes laboratoriais, foram realizados 1.376 nas últimas 24 horas, totalizando 84.465 testagens. "Com relação à testagem dos profissionais de saúde com sintomas de gripe, em Pernambuco, até agora, 13.726 casos foram confirmados e 15.067 descartados. As testagens abrangem os profissionais de todas as unidades de saúde, sejam da rede pública (estadual e municipal) ou privada", afirmou a SES no boletim.

Por G1-PE
Imagem: JC

PGR pede investigação sobre invasão a hospitais


O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu em ofício enviado às unidades do Ministério Público nos estados que sejam investigadas as tentativas de invasão a hospitais durante a pandemia do novo coronavírus.

Aras decidiu enviar ofícios à chefia dos Ministérios Públicos estaduais de São Paulo e do Distrito Federal. O ofício enviado pelo procurador-geral equivale a um pedido para que os casos sejam apurados, e não à determinação de abertura imediata de investigações. A apuração dos casos caberá aos ramos estaduais do Ministério Público.

O procurador-geral cita nos pedidos de investigação episódios ocorridos nesses dois estados. No documento Aras afirma ter havido "em variados locais do país, episódios de ameaças e agressões a profissionais de saúde que atuam no combate à epidemia do vírus Covid-19, além de danos ao patrimônio público e perturbações ao serviço público". No dia 4 de julho, deputados estaduais de São Paulo invadiram as instalações do hospital de campanha no Anhembi, causando tumulto e afirmando que fariam uma vistoria. Eles criticavam o governador paulista João Doria (PSDB) e afirmavam que o governo paulista estaria mentindo sobre o número de casos e mortes no estado.

O outro caso citado por Aras ocorreu no último dia 9, no Hospital Regional de Ceilândia, a 46 km do centro de Brasília, quando um homem foi filmado xingando uma médica da unidade.

A entrada nas unidades de saúde não é permitida sem autorização e pode expor as pessoas ao risco de contaminação pelo coronavírus. A PGR também estuda pedir a abertura de investigação sobre casos em outros estados.

Além dos episódios em São Paulo e no Distrito Federal, deputados estaduais conseguiram entrar em um hospital no Espírito Santo e vereadores de Fortaleza tentaram, sem sucesso, acessar um hospital de campanha na capital cearense.

Hoje, em publicação no Twitter, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que estimular a invasão de hospitais é crime e cobrou atuação do Ministério Público.

Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília

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Da Redação do Blog de Assis Ramalho

Paulo Câmara avalia últimos dados da pandemia em Pernambuco

Governador se reuniu com o Gabinete de Enfrentamento à Covid-19, na manhã deste domingo


O governador Paulo Câmara comandou reunião, na manhã deste domingo (14), com o Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 para avaliar os últimos dados da pandemia em Pernambuco. De modo geral, conforme as informações apresentadas pela Secretaria Estadual de Saúde, os números mostram que a curva de contágio continua em fase decrescente no estado. 

Avaliamos semanalmente os dados de comportamento da doença em todas as regiões do Estado. É possível afirmar que temos uma tendência de queda, de maneira geral, nos números de casos e óbitos, além de uma diminuição da demanda por serviços de saúde”, disse o governador.

Estiveram presentes à reunião os secretários Bruno Schwambach (Desenvolvimento Econômico), Décio Padilha (Fazenda), André Longo (Saúde) e Alexandre Rebêlo (Planejamento e Gestão). As informações repassadas são alguns dos parâmetros utilizados pelo Governo do estado para definir a estratégia de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Amanhã, o Plano de Convivência com a Covid-19 entra em sua terceira etapa com a reabertura do comércio de rua e de salões de beleza e estética. A retomada desses segmentos está liberada em todo o Estado com exceção de 85 municípios das regionais de saúde de Palmares, Goiana, Caruaru e Garanhuns. Essas cidades apresentaram alta demanda por leitos de terapia intensiva e permanecem com o varejo e os salões fechados.

Por Assessoria de Comunicação
Governo de Pernambuco

PF apura desvios de medicamentos e testes de covid-19 no Amapá


A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (14) a Operação Panaceia, que investiga desvio de medicamentos, de testes de diagnósticos para covid-19 e o uso indevido de serviços públicos de saúde, em Oiapoque, no Amapá. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sede da prefeitura e da Secretaria de Saúde do município, além residências em Oiapoque e na capital Macapá. Nas buscas foram apreendidos diversos testes para detecção de covid-19, máscaras e aventais de uso hospitalar.

Em nota, a PF informou que os desvios podem ser o “possível motivo que gerou a falta de medicação na rede pública municipal”. Depois de desviados, os medicamentos e testes eram disponibilizados para pessoas sem adoção de critérios médicos e necessidade comprovada.

Também foi identificado o uso indevido de ambulâncias e equipes móveis de saúde no atendimento de pacientes, sem qualquer adoção de normas e critérios técnicos estabelecidos. Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de responsabilidade aplicados a prefeitos e vereadores, tais como desviar, se apropriar e utilizar bens públicos ou serviços públicos indevidamente. De acordo com a PF, se condenados, os investigados poderão cumprir pena de até 24 anos de reclusão.

O nome da operação, Panaceia, é uma referência à deusa da cura na mitologia grega e significa “remédio para todos os males”. De acordo com o boletim divulgado ontem (13) pelo governo do Amapá, o estado tem 16.322 casos confirmados de covid-19 e 319 óbitos pela doença. Em Oiapoque são 905 casos confirmados e 7 mortos pela doença causada pelo novo coronavírus. A Agência Brasil não conseguiu contato com a prefeitura de Oiapoque.

Por Agência Brasil

Esplanada dos Ministérios ficará fechada neste domingo


O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, determinou o fechamento da Esplanada dos Ministérios neste domingo (14). O decreto com a decisão foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal na noite de ontem (13).

De acordo com o documento, está proibido o trânsito de veículos e pedestres entre 00h e 23h59. O acesso aos prédios públicos federais localizados na Esplanada somente será permitido a autoridades e servidores públicos federais devidamente identificados e que estejam em serviço.

A decisão leva em consideração as aglomerações verificadas na Esplanada nos últimos dias, que contrariam as normas sanitárias de combate ao novo coronavírus. Além disso, o decreto diz que parte das manifestações realizadas nessas aglomerações tem declarado conteúdos anticonstitucionais e há ainda “ameaças declaradas, por alguns dos manifestantes, aos Poderes constituídos.”

De acordo com o governo do DF, qualquer manifestação na Esplanada dos Ministérios poderá ser admitida, desde que comunicada com antecedência e devidamente autorizada pelo secretário de Segurança do Distrito Federal, cargo hoje ocupado pelo delegado da Polícia Federal, Anderson Gustavo Torres.

A organização e fiscalização do trânsito será feita pelo Departamento de Trânsito (Detran) e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do DF. A fiscalização no local caberá aos órgãos de segurança pública.

Por Agência Brasil

Petrolândia: Dr. João responde live da prefeita Jane


SAIBA A VERDADE: Dr. João responde live da prefeita de Petrolândia.

Na última live apresentada pela prefeita Janielma Souza, a mesma utilizou de argumentos fracos e ataques fortes para tentar denegrir a imagem de Dr. João.

O médico, no vídeo de hoje, utilizando de provas documentais e embasado na lei, demonstra a realidade dos fatos e deixa claro, mais uma vez, a forma ardil que o grupo da prefeita Jane governa o município.

O povo conhece o passado e a índole de Dr. João, sendo impossível qualquer um tentar manchar a honra e a história desse médico de grande importância para Petrolândia e região.

#DrJoão #Resposta #Vídeo #Provas #Documentos #Petrolândia #Saúde #Muda #ContraFakeNews



Texto/vídeo:  Assessoria de Dr João Lopes

Mais de 300 profissionais de saúde já perderam as vidas para a COVID-19 no Brasil; Eis as histórias de quem perdeu vida salvando vidas


Nos bancos da universidade, nas aulas dos cursos técnicos e no dia a dia dos hospitais e centros de saúde, eles e elas aprenderam que, em primeiro lugar, está a vida humana. Que é preciso usar o conhecimento adquirido e reunir todas as forças para, sempre lutando contra o tempo, salvar o paciente. Mas a agressividade do novo coronavírus interrompeu a trajetória de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que se encontravam no “campo de batalha”, muitos na linha de frente, para preservar a vida de homens e mulheres infectados.


“Ele fez o juramento de Hipócrates, na faculdade de medicina, e trabalhou até onde pôde, pois não podia abandonar o serviço”, conta o analista de sistemas Luiz Carlos Moreira, cujo irmão, o clínico geral Sérgio Moreira, de 68 anos e residente em São Paulo (SP), morreu de COVID-19.

Durante a pandemia, aqueles que protegem podem se tornar vítimas. Há 300 anos, o escritor inglês Daniel Defoe (1660-1731) expunha em "Um diário do ano da peste" (1722) as tristes contradições de que quem combatia, na linha de frente, a epidemia da peste bubônica, que dizimou mais de 70 mil vidas em Londres no ano de 1665.

“Os próprios médicos se contaminaram com seus preventivos na boca; os homens saíam por aí prescrevendo e dizendo aos outros o que fazer até que apresentassem os sintomas e caíssem mortos, destruídos pelo mesmo inimigo que ensinavam os outros a enfrentar (...). Não há qualquer depreciação ao trabalho e à dedicação dos médicos em dizer que morreram na calamidade geral. Nem é esta minha intenção, pois é antes para louvá-los por terem arriscado suas vidas a ponto de perdê-las a serviço da humanidade.”

Em 2020, são muitas as histórias de dor, os relatos emocionados e as fortes lembranças dos familiares de profissionais de saúde que perderam a luta contra o micro-organismo, responsável pela morte de mais de 42 mil pessoas no Brasil. A pandemia do novo coronavírus foi declarada há três meses – 11 de março –, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e em parte desse período a vida da amazonense Deizeane Romão de Souza e das três filhas virou do avesso com a morte do técnico de enfermagem Nicolares Osório Curico , que trabalhava num centro de saúde em Manaus (AM).


“Era um bom homem, saudável, forte, que gostava de caminhar. Não tenho dúvida de que foi infectado no trabalho, pois trabalhavam lá, no começo, só com máscara cirúrgica”, afirma a viúva, também técnica de enfermagem.

Pelo menos 305 médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem morreram de COVID-19 no Brasil até a última sexta-feira, segundo levantamento do Estado de Minas a partir da soma de dados fornecidos pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), que reúnem informações de todo o país. Há, ainda, 28 óbitos de profissionais de enfermagem em investigação.

E a lista de profissões envolvidas no tratamento de pessoas infectadas é mais ampla: do maqueiro, que age contra o tempo para transportar pacientes com segurança, ao psicólogo, que luta para tornar menos angustiantes os dias de quem contraiu o vírus. O número real de vítimas entre os profissionais de saúde, portanto, é ainda maior. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Pará estão entre os que registraram mais casos.

De Norte a Sul, o sofrimento parece não ter fim e se mostra infinitamente superior às estatísticas – sejam elas divulgadas ou não. Em Itapema (SC), o jornalista Richard Rodrigues ainda se sente “anestesiado” pela perda de Gastão Dias Júnior, pediatra , com quem compartilhou as dores e delícias do mundo por quase 14 anos.


“Meu marido foi a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido. Era um homem bom, querido pelos seus alunos, na Universidade do Vale do Itajaí (Univale), admirado pelos pais das crianças que atendia, e o chamavam de super herói, e sempre muito presente na família”, conta Richard, entre lágrimas.

E os relatos vão se complementando, expondo sonhos destruídos, carreiras desfeitas e anos de estudos e prática transformados agora em memória.


É o caso de Cliciane Ferreira Fochesatto, que era médica no município de Fonte Boa, no Amazonas, e morreu em 9 de maio, aos 38 anos. Natural de Porto Velho (RR), ela se mudou para Nova Mamoré, quase na fronteira com a Bolívia, quando decidiu ir atrás de seu sonho de se formar em medicina.
Cliciane atravessou a fronteira e foi estudar em Cobija, a quase 120 quilômetros do Peru - até então, ela trabalhava na serraria de seu pai. "Era maravilhosa, muito protetora e amiga. Parecia mais uma melhor amiga do que mãe. Sempre foi muito amorosa com todo mundo", conta a filha de 14 anos.

São essas e outras histórias que o Estado de Minas conta neste especial. Mais do que um registro jornalístico, uma homenagem a todos os profissionais de saúde que estão no front da maior guerra que o Brasil enfrentou até agora no século 21.

Cláudia Nogueira Cardoso, médica endocrinologista no Rio de Janeiro (RJ). Morreu no início de abril, aos 56 anos


Ao conversar com a reportagem, Claumyr Cardoso não esconde o orgulho que sente pela irmã mais velha. “A paixão dela pela medicina é desde muito nova, quando ela tinha 3 ou 4 anos. Com 16, ela já tinha passado na faculdade e sempre teve notas boas”, relembra. Recém-formada no ensino médio, Cláudia passara em uma faculdade no interior do Rio de Janeiro e os pais, muito protetores e guardiões, resistiam em deixá-la sair de debaixo de suas asas.

Mesmo assim, Cláudia insistiu e conseguiu voar para a cidade de Valença, onde passara no vestibular. A mãe, ainda um pouco inconformada, foi junto com a filha e, enquanto a futura médica vivia em uma casa para estudantes, ela se hospedava em uma pousada da cidade. Mas a mãe ficou pouco tempo por lá e a distância da família começou a pesar. Cláudia então voltou à cidade natal no terceiro ano, ao conseguir transferir seu curso.

“Ela ligava pra gente, chorava e aí ia todo mundo pra Valença”, conta o irmão. Já no Rio, Cláudia se viu diante de mais uma barreira: desta vez, com 20 anos, ela estava grávida de Rodrigo, menino que anos depois se tornaria mais um médico da família. “Eu não vou deixar você abandonar o curso”, dizia a mãe à filha seguidas vezes.
Cláudia se especializou em endocrinologia e, enquanto fazia consultas em uma clínica particular na Barra da Tijuca, também atendia pobres da periferia do Rio. “O carro dela era uma farmácia. Tinha remédio de tudo lá. Quando as pessoas precisavam, ela já tinha lá ou dava um jeito de arrumar”, diz o irmão, que é dentista e cuidava dos pais enquanto a irmã trabalhava em meio à pandemia.

Mas tudo começou a ficar mais triste quando ela atendeu um paciente com COVID-19 e foi contaminada. Até o dia 2 de abril, quando foi visitar a família, os espirros e tosses não passavam de um “resfriadinho”. Mas três dias depois ela já estava internada e, em mais três dias, morta. A dor veio forte. Claumyir, Rodrigo, os pais de Cláudia e o marido (que conseguiu se recuperar da doença) ainda não superaram a perda da tão querida irmã, mãe, esposa e filha.


José Guilherme Henriques dos Santos, médico cardiologista e legista do IML de Belém, no Pará. Morreu aos 60 anos

Assim como inspirou vários jovens do país, José Guilherme foi inspirado por um médico de Belém quando tinha 13 anos. Na ocasião, José tinha caído de uma árvore em sua casa e se acidentado feio. A maioria dos médicos foi categórica: “Vamos ter que amputar o braço dele”, diziam aos pais do garoto, que eram portugueses. Apenas um disse que não era preciso e que tentaria de tudo para salvar o braço de José. A tentativa deu certo, ele se curou e não precisou amputar nenhum membro. Nascia ali o sonho do futuro pai de quatro filhos de se tornar médico.

José então se especializou em cardiologia e também passou a trabalhar no Instituto Médico-Legal de Belém. Em sua trajetória fez inúmeras consultas de graça para conhecidos e familiares. O ato de bondade era um pacto que tinha feito com Deus ao se formar na faculdade. Além disso, José era o brincalhão da turma. “Desde que eu me lembro por gente, ele sempre foi a pessoa que fazia piada para tudo e qualquer momento. Não tinha uma pessoa para quem ele não contava piada”, relembra a filha, Isabela Henrique.

José também era conhecido por sua boa memória futebolística. Sabia as escalações e os placares de todos os jogos do Paysandu, Flamengo e Palmeiras. Para ele, família era algo sagrado. Não só de sangue, os “agregados” também eram família. Talvez tenha sido por isso que ele considerava seus dois enteados como filhos. José não gostava de jaleco e muito menos que o chamassem de doutor.

A trajetória de José foi interrompida em 10 de maio, quando morreu por COVID-19. A suspeita da família é que ele tenha sido contaminado durante o trabalho no IML. Os sintomas já vinham desde antes, mas ele insistiu em não ser intubado. Nos últimos cinco dias não foi mais possível segurar, ele foi para o hospital e lá morreu. Agora, José Guilherme encontrará um de seus quatro filhos.


Sérgio Moreira, o dr. Sérgio, tinha 68 anos e morreu em 10 de maio, em São Paulo

O juramento de Hipócrates (grego, 460 a.C - 370 a.C) é feito pelos estudantes de medicina no dia da formatura. O médico Sérgio Moreira, clínico geral que trabalhava no plantão de vários hospitais em São Paulo (SP), levou até o fim da vida, aos 68 anos, o compromisso de exercer a profissão de forma honesta, ressalta seu irmão, o analista de sistema Luiz Carlos Moreira, residente na capital paulista.
Solteiro e sem filhos, dr. Sérgio, como era conhecido, foi vítima da COVID-19, ficando internado de 28 de abril ao falecimento, em 10 de maio. Passou por por todo sofrimento que o novo coronavírus impõe a suas presas, como a intubação. “Ele fez seu juramento e o cumpriu. Gostava demais da medicina, de atender a população, os mais pobres... completou sua missão”, afirma Luiz Carlos.

De uma família de sete irmãos, o dr. Sérgio gostava muito da natureza, de ir para o seu sítio, de viajar bastante. Quando ficou doente, começou a se tratar de forma mais natural até o ponto em que, vendo que não tinha mais jeito, “pediu socorro e foi para o hospital”. Os médicos, assim como a população, vivem um momento muito difícil, no meio de “uma guerra de políticos”, acredita Luiz Carlos. “Acho que a maior lição deixada pelo meu irmão é o atendimento aos pobres, independentemente da cor e camada social.




Maria Aparecida Duarte, a Cidinha, era auxiliar de enfermagem em Carapicuíba (SP) e morreu dois dias após completar 63 anos

"A doença tirou nosso alicerce, nossa estrutura." É com o sentimento de dor extrema e voz abafada pelas lembranças do sofrimento, que a analista de atendimento Andreza Silva Costa Reina, de 34 anos, fala sobre a perda da mãe, Maria Aparecida Duarte, a Cidinha, que trabalhava como auxiliar de enfermagem no Pronto- socorro Municipal de Carapicuíba, em São Paulo.

Com família numerosa – quatro filhos, 20 netos e três bisnetos – e 30 anos de profissão, Cidinha morreu em 3 de maio, vítima de COVID-19, dois dias após completar 63 anos. “Estava perto do Dia das Mães... ainda está difícil entender toda essa situação, pois minha mãe era uma pessoa muito dedicada ao trabalho, embora estivesse com muito medo de contrair a doença”, conta Andreza, a caçula. “O problema maior foi que, aqui em São Paulo, por decreto estadual, os profissionais de saúde não puderam se ausentar do trabalho. Minha mãe foi até onde pôde.”

Cidinha, que tinha diabetes e pressão alta, ficou 18 dias internada, dos quais 17 intubada “até não suportar mais”. A filha faz uma pausa e destaca que a mãe era apaixonada pela vida, gostava de viajar, de estar sempre com a família.

“Vivemos um período muito difícil, pois, a partir da doença da minha mãe, 80% da nossa família testou positivo para o novo coronavírus. Tive a doença e fiquei internada sete dias. Quando minha mãe morreu, eu estava no hospital. Meu irmão de 39 anos também ficou internado em isolamento durante 32 dias. Sofremos duas vezes. Agora, pelo menos, estamos mais tranquilos. Fica a grande saudade.”


Nicolares Osório Curico, chamado de Nicolas, era técnico de enfermagem em Manaus (AM) e morreu em 14 de abril, aos 46 anos


Desde 14 de abril, os dias se tornaram noite e as noites totalmente insones para Deizeane Romão de Souza, residente em Manaus (AM). “Há momentos em que fico desesperada”, diz a viúva, ainda não acostumada com ausência de Nicolares Osório Curico, que tinha 46 anos, era técnico de enfermagem havia 15 anos e se tornou vítima da COVID-19.

Nossa filha pequena, de 4 anos, sempre pergunta: ‘Mamãe, será que o papai não vai voltar? Cadê o papai?’. Expliquei que ele está com Jesus, mas eu mesma fico esperando um telefonema do hospital, alguém para dizer que houve um equívoco e Nicolares não morreu. Mas já se passaram quase dois meses.”

Um raro momento de alegria, embora permeado pela emoção, ocorreu com uma homenagem à memória de Nicolares, nascido na Colômbia e registrado na cidade fronteiriça de Santo Antônio de Sá (AM). O local de trabalho, o Serviço de Pronto-Atendimento (SPA) São Raimundo, estadual, deu o nome dele a uma sala. “Fiquei feliz, mas a ficha não caiu até hoje”, desabafa.

O calvário da família começou quanto Nicolares teve pneumonia. Foi ao médico, depois tomou a vacina contra a gripe, mas, com o passar dos dias, teve febre alta e falta de ar.

Depois, Nicolares tomou os medicamentos prescritos, foi trabalhar e ficou doente, até que passou oito dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da capital amazonense. “Ele comentou um dia: ‘Será que estou com essa doença?’”, recorda-se.
As lembranças estão muito fortes, e Deizeane procura pontuar a entrevista com bons momentos, quando a família saía para passear. “Era um bom homem, saudável, forte, que gostava de caminhar. Não tenho dúvida de que foi infectado no trabalho, pois trabalhavam só com máscara”.



Alan Patrick do Espírito Santo, morreu aos 38 anos num hospital de campanha em Volta Redonda (RJ)

Transformar o luto em luta, a dor em trabalho e a tristeza em solidariedade. Mesmo com o coração dilacerado, Regina Evaristo, moradora do Bairro Grajaú, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tomou essa forte e emocionada decisão diante da perda do filho Alan Patrick do Espírito Santo.

Natural de Campos (RJ), casado e pai de Emily, de 9 anos, ele morreu aos 38, em 22 de abril, num hospital de campanha em Volta Redonda (RJ). Para a mãe “afetiva” do técnico de enfermagem, a grande lição que ficou passa pela fraternidade: “Quem ama de verdade vai continuar amando, e quem não ama vai se destruir. Com essa pandemia do novo coronavírus, precisamos de fraternidade”.

Há 11 anos, juntamente com o filho Alan, Regina criou a organização não-governamental Alea - Associação Leonora Evaristo de Almeida, em homenagem a sua mãe e com o objetivo de lutar contra a violência doméstica. Agora, ela aumenta o raio de ação e passa a atuar no socorro às famílias necessitadas e no alvo da doença, distribuindo cestas básicas, EPIs (equipamentos de proteção individual) e, de braços abertos, gestos de carinho.

Mineira de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata, e há 38 anos residente no Rio, Regina conta que teve três filhos biológicos e uma dezena de filhos do coração. Com voz firme, revela que Alan, também taxista, tinha espírito altruísta. “Fazia corrida de graça, curativo em pessoas na rua. Estava sempre disposto a melhorar este mundo.”
A agonia do técnico de enfermagem comecou em 7 de Abril, no Rio, quando se sentiu mal e foi para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no qual trabalhava no acolhimento aos pacientes. O último destino foi Volta Redonda. “Meu caminho é seguir e continuar a luta que era também dele”, ressalta Regina.



Cliciane Ferreira Fochesatto, era médica em Fonte Boa (AM) e morreu em 9 de maio, aos 38 anos


Ainda que com 38 anos, Cliciane tinha apenas um de carreira. Natural de Porto Velho, em Rondônia, e filha mais velha entre três, ela se mudou para Nova Mamoré, quase na fronteira com a Bolívia.

Por lá, Cliciane criou sua filha, Maria Luiza, até 2012, quando decidiu ir atrás de seu sonho. Com 30 anos, atravessou a fronteira, cruzou a Bolívia e foi estudar medicina em Cobija, a quase 120 quilômetros do Peru – até então, ela trabalhava na serraria de seu pai.

A então estudante de medicina ficou seis anos na Bolívia e conseguia ver a família pouquíssimas vezes ao ano. Depois que formou, Cliciane conseguiu chegar um pouco mais perto da família. Agora, ela fazia o internato em Riberalta, também na Bolívia, mas a 141 quilômetros da filha. Em 6 de maio de 2019, dia em que recebeu o diploma de médica, Cliciane também recebeu a notícia mais triste de sua vida: a mãe havia morrido. O choque foi grande e, em agosto, ela voltou para Nova Mamoré. Lá, ao lado da filha, mostrou-se mais uma vez a mãezona que era.

"A Cliciane mãe era maravilhosa, era muito protetora e amiga. Parecia mais uma mehor amiga que uma mãe, ela sempre foi muito amorosa com todo mundo", diz a filha de apenas 14 anos e que se lembra das macarronadas e das tortas da mãe. Cliciane também adorava o cantor Gusttavo Lima e dançava Ninguém estraga com o sorriso no rosto.

Mas a mais nova médica não podia parar. Em 13 de agosto, foi mais uma vez em busca de seu sonho: o destino agora era Fonte Boa, no Amazonas. Por lá ficou oito meses, até que, assim como a maioria das colegas, foi contaminada pela COVID-19. A família até tentou transferi-la para Manaus, mas Cliciane morreu no helicóptero. A médica que orgulhou a família morreu 1 ano e três dias depois da mãe.


Gastão Dias Júnior, o dr. Gastão, catarinense de 51 anos, era pediatra e morreu em 22 de abril

As lágrimas que rolam na face do jornalista Richard Rodrigues, de 37 anos, ainda estão quentes pela saudade, espessas pelo tempo de convívio e, acima de tudo, marcadas pelo amor. Durante quase 14 anos, ele compartilhou a vida com o pediatra catarinense Gastão Dias Júnior, que teria completado 52 anos na sexta-feira (12), não fosse a morte pela COVID-19, num hospital de Balneário Camboriú (SC). Os dois tinham união estável e se conheceram quando o médico foi trabalhar, há 20 anos, em Manaus (AM), capital onde nasceu e morava o jornalista.

“Meu marido foi a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido no mundo. Era um homem bom, querido pelos seus alunos, na Universidade do Vaje do Itajaí (Univale), admirado pelos pais das crianças que atendia, e o chamavam de super-herói, e sempre muito presente na família”, conta Richard que, neste período de luto, está acolhido na casa da sogra, em Itapema, no litoral de Santa Catarina. “Ficou um vazio imenso, mas vou tocando a vida. Me sinto um pouco anestesiado até agora.”

Além de lecionar na universidade, dr. Gastão trabalhava em hospitais e centros de saúde. Ele “foi embora”, conforme diz Richard, 22 dias após ser internado com os sintomas da doença provocada pelo novo coronavírus. “Cumpriu uma bela missão, pois tinha paixão pela medicina e em ajudar os mais carentes. Sou muito grato a Deus por tê-lo conhecido.” Uma das lembranças gostosas da vida em comum é que o médico gostava de colecionar tartarugas decorativas.

Num longo e emocionado texto, Richard escreveu: “Aí veio o destino e sacudiu os nossos planos. Você teve que viajar sem mim. Não digo que me abandonou, pois você está em mim. Está nas minhas melhores lembranças, o seu sorriso permanece e vai permanecer sempre na minha mente”.




Mara Rúbia Silva Caceres, morreu no hospital em que trabalhava em Porto Alegre (RS), aos 44 anos. É considerada o primeiro óbito de um profissional de saúde pela COVID-19

“Quando vejo as pessoas não respeitando a quarentena, se colocando em risco sem necessidade, penso que todas deveriam saber da minha dor de perder uma grande amiga irmã que Deus me emprestou”, desabafa a colega de trabalho de Mara, Sabrina Sousa, de 41 anos.

“Ela era um misto de doçura e força. Amiga generosa que ouvia e sempre ajudava os colegas. Se você conhecesse a Mara em vida, também iria amá-la”. As duas técnicas de enfermagem trabalhavam juntas no Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre (RS).

Segundo a amiga, o propósito de Mara era ter um filho fruto do casamento que já durava aproximadamente 20 anos. Mas, em 7 de abril, a COVID-19 interrompeu esse sonho. “Por isso que ela era mãe de todos. Amigos, pacientes...”, acredita Sabrina. Elas se conheceram em maio de 2013, quando Sabrina foi efetivada para trabalhar na UTI do hospital. “Ela foi uma das minhas madrinhas. Me ensinou muito além das rotinas da UTI. Me ensinou como em meio a toda correria, a olhar o paciente como um ser único, com carinho e dedicação”, conta.

Sabrina lembra que nessa época, Mara Rúbia era funcionária “temporária” e sempre estudava pra conquistar melhor posição no concurso e ter uma vaga definitiva no hospital. “Naquele ano ela fez o concurso para serviços gerais, para se manter no GHC, que era o amor dela, como ela mesmo dizia que tinha uma dívida de gratidão”, recorda Sabrina. Sem desistir dos objetivos, Mara conseguiu se colocar como técnica de enfermagem no concurso de 2015 e começou a atuar no setor de emergência.

Dona de uma culinária apetitosa e de uma alegria ao alimentar as pessoas, Mara Rúbia se eternizou nos corredores do ambiente de trabalho que ela se sentia em casa. “Semana passada sonhei com ela, que ela estava trabalhando em um hospital. Estava na correria. Perguntei se estava muito corrido o plantão, ela disse que sim, que estavam chegando muitos pacientes. Eu disse: ‘mas tu não estava de férias?’. Ela respondeu daquele jeitinho dela: ‘Eu não paro nunca, porque não sou fraca’”, conta a amiga em tom de alegria ao se sentir próxima mesmo que em sonho.



Maurício Barbosa Lima, era médico endocrinologista no Rio de Janeiro (RJ) e morreu em 1º de maio, aos 78 anos


Maurício foi daqueles professores cujos ensinamentos extrapolam as salas de aula e os consultórios médicos. Ajudou a formar centenas de especialistas pelo Brasil e, mais do que isso, deixou sua marca em cada um deles. “Ele fez a diferença onde passou”, conta, emocionada, Olga Grincenkov, ex-aluna e amiga de mais de quatro décadas.

Até o fim da vida - encurtada em decorrência da COVID-19 -, Maurício quis se fazer presente. Aos 78 anos, recusou-se a interromper os atendimentos no Rio de Janeiro (RJ), ainda que integrasse o grupo de risco para a doença. Considerado um dos grandes endocrinologistas brasileiros, nunca se esqueceu do mais importante: o cuidado com o paciente.

Para além dos consultórios e das salas de aula, dedicava-se aos três filhos, à esposa e aos amigos com similar afinco. “Em 2004, fui vítima de um acidente muito grave: um caminhão caiu no meu carro. Mais uma vez, o Maurício mostrou a que veio para esse mundo. Foi ele quem conseguiu uma vaga no CTI (Centro de Terapia Intensiva) para mim. Soube que eu tinha sofrido um trauma e se empenhou para que eu fosse atendida - e bem atendida”, relembra Olga.

Sempre disponível para os amigos, Maurício não recusava uma boa conversa sobre futebol. Tricolor apaixonado, certamente se empolgaria ao saber do retorno do ídolo Fred ao Fluminense e relembrar os áureos anos de 2010 e 2012.

Por Estado de Minas

Profissionais da saúde são os grandes heróis da pandemia no Brasil

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Da Redação do Blog de Assis Ramalho