terça-feira, dezembro 29, 2020

Ex-marido é preso suspeito de contratar assassinato de gerente de banco por seguro


O ex-marido da gerente bancária assassinada em Curitiba foi preso, nesta terça-feira (29), suspeito de contratar a morte da vítima, de acordo com a Polícia Civil.

A delegada Vanessa Alice disse que, segundo as investigações, Antonio Henrique dos Santos pretendia, com a morte da ex-esposa, ficar com a guarda da filha que tem com ela e, assim, ter acesso a uma indenização que a menina poderia receber, pelo seguro de vida.

Ele já era investigado anteriormente por tentativa de feminicídio contra a gerente. A mulher, conforme a polícia, possuía medida protetiva contra o ex-marido.

Na segunda-feira (28), Tatiana Lorenzetti, de 40 anos, foi morta a tiros, na saída de uma agência da Caixa Econômica Federal, no bairro Capão Raso.
O suspeito de atirar nela, segundo informado pela Polícia Militar (PM), fugiu de carro e morreu em confronto com policiais em outro ponto da cidade.

Segundo a delegada, eles confessaram o crime e disseram que receberiam R$ 25 mil pelo assassinato, que o crime deveria ser forjado como latrocínio, e o valor pago pelo ex-marido seria dividido entre o atirador e os outros dois.

O ex-marido da gerente se apresentou à polícia na Delegacia da Mulher também nesta quarta-feira. Ele foi preso temporariamente por feminicídio como principal suspeito pelo crime e, segundo a polícia, ficou em silêncio no interrogatório.

O G1 tenta contato com as defesas do ex-marido, Antonio Henrique dos Santos, e dos outros suspeitos.

Negociação pela morte da gerente

Em um documento, no início de dezembro, a Polícia Civil havia apontado que Antônio ofereceu dinheiro a um outro homem para matá-la.

A informação foi repassada à polícia após uma interceptação telefônica feita durante uma operação contra tráfico de drogas.

As informações mostraram que o ex-marido ofereceu R$ 70 mil a um primeiro suspeito em troca de assassinar a gerente.

À época, segundo a delegada, a polícia pediu a prisão do ex-marido, o que foi negado pela Justiça.

De acordo com a polícia, o ex-marido acabou se desentendendo com este primeiro suspeito na negociação pelo valor a ser pago antes do assassinato.

“O Antônio vinha já há algum tempo procurando pessoas para cometerem o crime”, destacou a delegada.

Eles não efetuaram o acordo, e Antônio contratou outras pessoas. O primeiro homem não teve envolvimento com a morte da vítima.

Boletins de ocorrência

Informações da polícia apontam que a vítima já havia registrado diversos Boletins de Ocorrência (B.O.) contra o ex-marido.

Em um boletim registrado no dia 4 de fevereiro deste ano, Tatiana contou que conviveu com Antônio Henrique dos Santos por aproximadamente quatro anos e que tiveram uma filha, na época, com nove anos de idade.

No documento, ela afirmou que os dois não viviam mais juntos e que tinha medida protetiva. Tatiana ainda relatou um problema que teve com o ex-marido sobre a guarda da filha.

Segundo ela, no boletim, o pai ficou com a criança no último período de férias e deveria levá-la para a escola, no primeiro dia de aula, conforme determina o termo de guarda e visita. Mas, até a presente data, segundo o registro, o pai não havia levado a filha para a escola, faltando os dois primeiros dias de aula.

Procurado pelo diretor, de acordo com o B.O., Antônio não explicou o motivo para não levar a filha à escola e desligou o telefone durante a conversa.

No dia 17 de abril, uma nova discussão sobre a guarda da filha foi registrada pela gerente. Antonio, depois da negativa da mãe para ficar com a criança, foi buscar a filha na casa da avó, que não permitiu a entrada dele, trancando o portão até a chegada dos policiais, segundo o documento.

Em 24 de setembro, Tatiane informou à polícia que o carro dela foi atingido por uma pedra que quebrou o vidro lateral traseiro.

Em um outro Boletim de Ocorrência, do dia 7 de dezembro, a gerente afirmou que foi o ex-companheiro que jogou a pedra, descumprindo a medida protetiva.

No dia 2 de dezembro, o Ministério Público do Paraná apresentou parte de uma investigação criminal contra suspeitos de tráfico de drogas.

A interceptação telefônica que apontou a negociação do ex-marido para tentar contratar um homem para matar Tatiana consta nestes documentos.

Por G1 PR e RPC Curitiba

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