Neste dia 10 de dezembro celebramos os 100 anos de Clarice Lispector. Uma mulher que esteve à frente de seu tempo, de uma narrativa singular, tantas vezes incompreendida, e que se transformou numa das maiores escritoras de todos os tempos e honradamente este ano reconhecida oficialmente como Patrona da Literatura Pernambucana.
Ucraniana de nascença, brasileira por naturalização e pernambucana de coração, Clarice veio aos dois meses de idade com os seus pais refugiados de guerra, e foi em Recife que ela viveu praticamente toda a sua infância e início da adolescência, espaço presente em muitos de seus contos e romances.
Em Recife, Clarice estudou também no Ginásio Pernambucano e entre seus professores teve Agamenon Magalhães. Seu gosto pela leitura e pela escrita nasceu ainda muito cedo, sempre muito criativa e curiosa escrevia textos diferentes: adorava misturar tudo!
Formou-se em Direito em 1943, ano em que também se casou com Maury Gurgel Valente, diplomata com quem viveu por muitos anos, inclusive fora do Brasil, e teve seus dois filhos: Pedro e Paulo. Teve suas primeiras experiências no jornal e, embora tenha tido uma vida reservada e se dissesse tímida, tinha um grande círculo de amizade que contava com escritores de sua geração como Érico Veríssimo, João Cabral de Melo Neto, como também artistas plásticos, inclusive da América Latina.
E foi utilizando a palavra escrita de maneira singular que as suas narrativas fazem-na uma das maiores escritoras brasileiras do século XX. De um estilo intimista e interiorizado, a obra clariceana nos leva a uma viagem epifânica pelo seu mundo de impressões da vida exterior e interior e nos imerge em profundos fluxos de consciência. Sempre à frente de seu tempo trouxe à pauta cotidiana questões ligadas ao feminino, provocando-nos a críticas e a reflexões acerca das questões de gênero, seus conflitos, sofrimentos, empoderamento, liberdade. Entre tantos outros temas abordados a sempre procura pelo entendimento das coisas, o uso metafórico para mergulhar no desconhecido, a incessante busca pelo sentido do “eu” e da própria existência.
Sua obra é vasta e muito rica. Entre suas principais obras estão: “Perto do coração selvagem” (1944), “Laços de família” (1960), “A maçã no escuro” (1961), “A legião estrangeira” (1964), “A paixão segundo G.H.” (1964), “Felicidade clandestina” (1971), “Água viva” (1973) e “A hora da estrela” (1977).
Desse modo, nesse centenário da nossa Clarice Lispector se faz imprescindível colocá-la no centro de nossos diálogos literários através de seus contos, crônicas, romances, cartas, e assim trazê-la para mais perto de nós como inesgotável fonte de inspiração. É o nosso jeito de celebrar e honrar a memória e a arte dessa brasileira-pernambucana genial.
Por: Regina Celi de Moraes Borges - Correspondente do Blog de Assis Ramalho em Jatobá/Itaparica
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