quinta-feira, outubro 15, 2020

Delegados recebiam mensalinho de R$ 5 mil para passar informações sobre investigações, diz PF

Pagamentos eram feitos para que empresários fossem avisados pelos policiais.

As investigações da Polícia Federal descobriram que um grupo de empresários, do ramo de saúde, pagava uma espécie de mensalinho, no valor de R$ 5 mil, para que delegados federais dessem informações sobre qualquer operação que fosse planejada pela instituição contra eles.

Um dos grupos, segundo as investigações, atuava fornecendo medicamentos a prefeituras do RJ. E, por isso, queriam, de acordo com investigadores, que o delegado Wallace Noble, de 39 anos, desse informações sobre possíveis investigações sobre o setor.

O delegado Wallace Noble foi preso nesta quinta-feira (15), na segunda fase da operação Tergisversação. O empresário Marcelo Freitas Lopes , também com mandado de prisão, não foi encontrado pelos policiais.

A polícia diz que já comprovou pagamentos de R$ 10 milhões em propina pelo grupo. O Ministério Público Federal diz que havia uma organização criminosa que agia de maneira sistêmica dentro da Superintendência da PF no RJ:

"A atuação da organização criminosa (...) teria se caracterizado como um quadro de corrupção sistêmica instalado em busca de recebimento de propina por parte dos aludidos delegados de Polícia Federal"

Segundo a corporação, as investigações mostram ainda que durante os meses de fevereiro e abril de 2017, o delegado Wallace Noble teria recebido R$ 480 mil em propinas pagas por empresas localizadas em Volta Redonda, no Sul Fluminense.

Na ocasião, o delegado estava em missão na região e conseguiu concluir o inquérito em pouco tempo tomando presencialmente o depoimento de envolvidos que residiam no Rio, o que não é usual e poderia ser feito através de carta precatória.

Depoimentos de colaboradores e depósitos bancários obtidos pela PF mostrariam que essa forma de agir foi uma maneira do policial se aproximar dos investigados e receber propinas.

A primeira etapa da operação, em junho do ano passado, prendeu um delegado da ativa da PF, um escrivão da PF e um advogado.

A força-tarefa afirmou à época que o esquema excluía, mediante propina, os nomes de empresários e de suas companhias das investigações em curso em um núcleo da Polícia Federal. Seis pessoas foram denunciadas pelo MPF pelos crimes de corrupção ativa e passiva.

Os suspeitos nesta segunda fase são investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, organização criminosa e obstrução à justiça.

Nesta quinta-feira, os policiais estiveram ainda na casa de um delegado federal aposentado e no apartamento de um delegado da Polícia Civil do Rio. A Corregedoria da instituição acompanhou as buscas.

G1 RJ

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