Os resultados são referentes a uma parte dos participantes das fases 1 e 2, que foram conduzidas de forma conjunta. Eles ainda não foram revisados por outros cientistas – requisito necessário para publicação em revista científica – mas foram disponibilizados em um repositório on-line na sexta-feira (25).
A imunização, cujo nome oficial é Ad26.COV2.S, foi desenvolvida pela farmacêutica Janssen Pharmaceuticals, que pertence ao grupo J&J. A imunização foi a quarta a obter autorização de testes de fase 3 no Brasil, em agosto; na semana passada, a empresa anunciou que começaria a terceira etapa em todo o mundo, com 60 mil voluntários. No Brasil, segundo a Anvisa, haverá 7 mil participantes.
Os testes
Ao todo, os testes foram feitos com 796 participantes, divididos em 3 grupos (que não tinham, necessariamente, a mesma quantidade de voluntários cada um).
Dos 3 grupos, 2 tinham voluntários com idades de 18 a 55 anos. O terceiro grupo tinha voluntários com 65 anos de idade ou mais (394 pessoas).
Os testes foram realizados entre 22 de julho e 24 de agosto (em períodos diferentes para cada um dos três grupos).
Nos 3 grupos, houve participantes que receberam uma dose maior ou menor da vacina.
Em cada um dos 3 grupos, havia um subgrupo de participantes que deveria receber duas doses (reforço) da vacina. Na época na publicação dos resultados, entretanto, os cientistas ainda não tinham os dados referentes à segunda dose.
Além disso, nem todos os resultados de segurança e geração de anticorpos da primeira aplicação estavam disponíveis para todos os participantes.
Cada um dos 3 grupos teve seu próprio grupo controle (grupo que recebe uma substância inativa, o placebo, para medir os efeitos observados nos outros participantes).
As pessoas foram distribuídas em cada grupo de forma aleatória (randomizada), e nem os voluntários, nem os pesquisadores sabiam quais pessoas receberam qual dose ou se receberam o placebo (esse tipo de estudo é chamado de "duplo-cego").
Com as informações que estavam disponíveis, os pesquisadores concluíram o seguinte:
A geração de anticorpos foi similar nos participantes com idades de 18 a 55 anos e nos que tinham 65 anos ou mais.
Os efeitos colaterais mais comuns foram febre, fadiga, dor de cabeça e dor no corpo. A febre foi de leve a moderada, e se resolveu de 1 a 2 dias após a vacinação.
A melhor forma de continuar estudando a vacina é aplicá-la em dose única, com a menor dose testada – porque ela foi suficiente para induzir uma resposta imune satisfatória e gerou efeitos colaterais menos intensos nos participantes.
"Todas as outras vacinas de Covid-19 atualmente em desenvolvimento requerem duas doses, enquanto as respostas de anticorpos neutralizantes em todos os participantes relatados foram obtidas após uma única dose de Ad26.COV2.S", destacam os cientistas no estudo.
"Uma vacina eficaz de dose única teria vantagens sobre uma vacina de duas doses em termos de implementação, especialmente durante uma pandemia", pontuaram os pesquisadores.
"A potência de uma única vacinação com nossa vacina candidata Ad26.COV2.S é apoiada por nosso estudo recentemente relatado em primatas não humanos, em que uma única dose forneceu proteção completa contra a replicação do Sars-Cov-2 no pulmão e quase completa proteção contra a replicação viral no nariz", afirmaram na pesquisa.
Eles lembram, entretanto, que ainda não se sabe qual é a "quantidade" de resposta imune necessária para garantir proteção contra a Covid-19 – e que mesmo vacinas que gerem uma resposta imune mais "fraca" podem ser suficientes para proteger contra a doença.
Os resultados da vacina em macacos foram publicados no dia 30 de julho na revista científica "Nature", uma das mais importantes do mundo.
Por G1
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