quarta-feira, setembro 30, 2020

Fazenda em Limoeiro-PE onde eletricista foi assassinado durante corte de energia tem dívida de R$ 28 mil com a Celpe

José Reginaldo de Santana Júnior, de 31 anos, foi morto a tiros em Limoeiro, no Agreste do estado — Foto: Reprodução/WhatsApp

Fazenda em Limoeiro onde eletricista da Celpe foi assassinado — Foto: Reprodução/TV Globo

Eletricista da Celpe foi morto tentando cortar a energia elétrica de cliente em Limoeiro — Foto: Reprodução/WhatsApp

A Fazenda Haras Vovó Zito, onde um eletricista de 31 anos foi assassinado após cortar a energia do local, tem uma dívida de R$ 28 mil com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) (veja vídeo acima). No imóvel, às margens da rodovia PE-95, na zona rural de Limoeiro, no Agreste, José Reginaldo de Santana Júnior e um técnico de eletrotécnica de 39 anos foram alvo de ameaças e tentativa de suborno antes do crime ocorrido na tarde da terça-feira (29).

A TV Globo teve acesso ao depoimento do técnico da Celpe à Polícia Civil. Na delegacia do município, a testemunha do assassinato contou ao delegado Fabrício Pimentel que chegou à fazenda, junto com o colega José Reginaldo, por volta das 14h17, em uma caminhonete da companhia. A porteira estava destrancada e eles foram conferir o medidor, verificando que a medição do imóvel não tinha irregularidades.

No depoimento, o técnico relatou que, enquanto realizava a suspensão do fornecimento de energia da fazenda, uma mulher que estava dentro da residência informou que o proprietário do imóvel estava no centro da cidade, mas voltaria em breve. Em seguida, a esposa do proprietário do imóvel chegou ao local e permaneceu em silêncio.

Ainda de acordo com o relato do técnico da Celpe, enquanto ele e José Reginaldo recolhiam o material para irem embora, chegou ao local um homem que trabalhava na fazenda, que estava falando no telefone com alguém, e disse à dupla: “Religa a energia que nós vamos dar um negocinho para vocês”.

O técnico contou à polícia que ele e o colega negaram a oferta e, quando estavam saindo do local, chegou o proprietário da fazenda, que ofereceu dinheiro para que religassem a energia do imóvel, sendo a oferta novamente recusada.

Segundo o depoimento, nesse momento, o proprietário entrou na casa e os funcionários da Celpe voltaram para a caminhonete da empresa, mas perceberam que a porteira estava trancada com cadeado.

Conforme informado pelo técnico da Celpe ao delegado, quando voltaram à casa para pedir a chave, o proprietário veio ao veículo da companhia com um revólver na cintura e uma arma longa na mão apontando para a dupla, ordenando que os dois funcionários da Celpe jogassem os celulares para fora do veículo.

Também de acordo com o depoimento do técnico, o proprietário apontou a arma para José Reginaldo e disse para ele religar a energia e o eletricista obedeceu e desceu do veículo, mas foi baleado quando estava próximo ao porta-malas.

Em seguida, ainda segundo o depoimento, o proprietário ordenou que o técnico religasse a energia e ameaçou matar a mãe do funcionário caso ele o denunciasse. Depois, o técnico foi trancado dentro do porta-malas do veículo da Celpe e, após 10 minutos, um homem que se identificou como advogado do proprietário o liberou.

À TV Globo, o advogado do proprietário da fazenda disse que o suspeito do crime deve se apresentar ainda nesta quarta-feira (30) à polícia e que essa apresentação dependia apenas de uma conversa prévia com o delegado. Até a última atualização desta reportagem, o suspeito não havia se apresentado à polícia.

Notas

A Polícia Civil informou, em nota, que o homicídio foi registrado na Delegacia de Limoeiro, que "está tomando todas as providências em sua função de Polícia Judiciária em relação ao caso, que está sob a responsabilidade do delegado Fabrício Pimentel".

Também em nota divulgada na terça-feira (29), a Celpe afirmou que "recebeu com consternação a notícia do assassinato do colaborador", que "lamenta o ato brutal praticado contra o eletricista e informa que está prestando o apoio necessário à família da vítima" e que "condena, veementemente, qualquer conduta violenta, sobretudo que atente contra a vida".

A companhia também declarou que o departamento jurídico acompanha a instauração do procedimento investigativo "e demanda das autoridades públicas o pleno cumprimento da lei".

Por G1 PE


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