A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que, ao lado do Instituto D'Or, conduz os testes no país, confirmou por meio de uma nota que as testagens por aqui também foram interrompidas. Segundo o comunicado, muitos dos cinco mil voluntários brasileiros já receberam a segunda dose do imunizante "e até o momento não houve registro de intercorrências graves de saúde".
Mais cedo, Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, havia dito que a intenção do governo brasileiro é começar a vacinação em janeiro de 2021.
A informação sobre a pausa foi noticiada pelo site de conteúdo médico STAT, ligado ao jornal Boston Globe, com base em fontes de informação anônimas. Mais tarde, a empresa confirmou que fará a interrupção em nota enviada a diversos veículos de imprensa de língua inglesa, como a rede de TV NBC e o jornal Financial Times.
"Como parte de um teste controlado, randomizado global da vacina de coronavírus de Oxford, nosso procedimento padrão de revisão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão de dados de segurança", disse a AstraZeneca no comunicado. "Esta é uma ação de rotina que precisa ocorrer sempre que há problema de saúde inexplicado em potencial em um dos testes, enquanto é investigado, garantindo a manutenção da integridade dos testes", continua no comunicado.
Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses da vacina contra Covid-19, com investimento de US$ 127 milhões. O primeiro lote foi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Mais cedo, ainda nesta terça, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a intenção do governo brasileiro é começar a vacinar as pessoas a partir de janeiro do ano que vem. A declaração foi dada durante reunião ministerial a uma youtuber mirim que foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para conversar com os ministros.
— Vai ter vacina e remédio pra todo mundo ou não vai? — perguntou Esther, de 10 anos.
— Esse é o plano. A gente tá fazendo os contratos com quem está fazendo a vacina e a previsão é que essa vacina chegue para nós a partir de janeiro. Em janeiro do ano que vem, a gente começa a vacinar todo mundo — disse.
'Cautela em abundância'
O imunizante de Oxford é um dos nove que já estão em testes de fase 3 (avaliação de eficácia em voluntários humanos) no mundo.
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Segundo o STAT, ainda não se sabe a natureza da reação adversa que teria ocorrido nem quando ela teria ocorrido. Uma fonte do jornal afirmou que a paralisação ocorre por "cautela em abundância".
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Paralisações do tipo são comuns em testes clínicos, e o anúncio não significa de antemão que o teste da vacina possa ter sido comprometido. No Brasil, pelo menos 5 mil voluntários da área de saúde participam do estudo, 2 mil deles apenas no estado de São Paulo.
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As ações da AstraZeneca tinham fechado em alta de 2,11% na Bolsa de Valores de Nova York nesta terça, mas nas negociações de after-hours (após horário comercial) registraram queda de 6,5%.
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que já recebeu uma mensagem da AstraZeneca, que comunicou a interrupção dos estudos a todos os países participantes dos testes. Em nota, órgão brasileiro afirmou que vai aguardar mais informações do laboratório para se pronunciar oficialmente.
Outras vacinas em teste no país
O Brasil testa outras vacinas candidatas. O laboratório chinês Sinovac conduz estudos sobre seu imunizante, também em fase 3, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. Nesta semana, o laboratório chinês divulgou a informação de que os estudos preliminares se mostraram seguros em voluntários com mais de 60 anos, embora a resposta imunológica nesses pacientes tenha sido menor do que em adultos mais jovens.
Outras tentativas de imunização são: a da Janssen Pharmaceuticals, da Johnson & Johnson, e a da parceria entre a Pfizer e a BionTech, ambas já com autorização para testes no país.
Já o governo do Paraná espera autorização para começar os testes da vacina russa Sputnik V em até 10 mil voluntários. Segundo o governo russo, os resultados iniciais de seu imunizante foram bem-sucedidos, embora a comunidade científica esteja reticente.
Por O Globo
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