Pernambuco registrou uma queda de quase 80% no número de mortes pela Covid-19 entre a semana com a maior quantidade de óbitos ocorridos no estado - de 10 a 16 de maio - e a última semana epidemiológica - de 28 de junho a 4 de julho. O pico no quantitativo de casos graves da doença e de mortes ocorreu em maio, na 20ª semana epidemiológica, quando foram contabilizados 2.231 casos considerados graves e cerca de 700 mortes. Nesse período, a média de mortes por dia era de aproximadamente 100. Entre os dias 28 de junho e 4 de julho, isto é, na 27ª semana epidemiológica, o estado teve 571 casos graves e 158 óbitos, ou seja, houve uma redução de 75% nos casos e de 79% nas mortes, comparando os dois períodos.
Apesar da redução drástica entre maio e final de junho, foi registrado um aumento no número de casos no início de julho, sinalizando relaxamento da população com relação aos cuidados. "Mesmo assim, notamos, na última semana, em comparação com a anterior, uma mudança no comportamento, uma atenuação da queda, que era notada, além de um pequeno incremento no número de casos", afirmou o secretário estadual de Saúde, André Longo, em coletiva de imprensa transmitida virtualmente nesta quinta-feira (9). No entanto, segundo ele, essa tendência não gerou um aumento no número de internações. "A nossa ocupação de leitos, que continua em queda, chegou a patamares inferiores a 68%, em especial na Região Metropolitana do Recife", pontuou o secretário.
Longo enfatizou que os cuidados recomendados à população continuam válidos no estado. "Temos visto aglomerações e pessoas sem máscara. O vírus ainda está entre nós. Para seguirmos em frente, precisamos dos cuidados e da responsabilidade de todos em cada momento em que se permite conviver com a nova normalidade", destacou o secretário. O gestor ressaltou ainda que, caso haja impacto no sistema de saúde, novas medidas serão tomadas. "Se tivermos impacto na rede hospitalar, comprometendo a saúde das pessoas, não iremos hesitar em dar passos para trás no plano de convivência", disse.
O secretário de Saúde ressaltou que o distanciamento social deve ser praticado, mesmo com a reabertura de alguns setores. "Além disso, lavem as mãos corretamente e usem máscara quando for necessário sair de casa. A batalha contra a Covid-19 continua e está longe de acabar. Todos nós precisamos ter compromisso neste momento com o enfrentamento desta doença no estado", afirmou. "Estamos acompanhando os dados de todas as cidades e, se for necessário, vamos tomar medidas", completou Longo, que não descarta a possibilidade de decretar quarentena mais rígida em cidades cujos dados não estiverem satisfatórios, como ocorreu em cinco municípios da Região Metropolitana do Recife e em Caruaru e Bezerros, no Agreste.
De acordo com o secretário, não há filas para leitos no sistema de saúde do estado atualmente. Pernambuco chegou a ter, em maio, mais de 300 pessoas aguardando por uma vaga. "Hoje, temos ociosidade de leitos, tanto na UTI adulta quanto na pediátrica e também nas enfermarias. A taxa de ocupação é de menos de 70% nas UTIs para adultos e menor que 80% na UTI pediátrica, que tem 30 leitos. Se houver necessidade, conseguimos expandir os leitos pediátricos, inclusive contratando da rede privada", explicou Longo. Dos 801 leitos de UTI, 69% estão ocupados. Nas enfermarias, com 968 vagas, a taxa de ocupação é de 46%.
Aulas
Suspensas no estado até o dia 31 de julho, as aulas nos diversos segmentos da educação ainda não têm previsão para serem retomadas em Pernambuco. "Ainda estamos em fase de discussão dos protocolos. Temos observado os movimentos no Brasil e no mundo. Fred Amancio (secretário estadual de Educação e Esportes) tem feito um diálogo com diversas instituições para fazer o melhor desenho para os nossos estudantes e para ser possível aproveitar da melhor forma os conteúdos ainda neste ano. Isso será feito com toda a segurança e cautela que esse setor merece para a sua retomada", esclareceu André Longo. O secretário de Saúde disse que o setor educacional - das creches ao ensino superior, além de cursos livres e de idiomas - movimentam cerca de 2,5 milhões de pessoas no estado.
Boletim
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou, nesta quinta-feira, 1.163 novos casos da Covid-19 em Pernambuco. Entre os confirmados hoje, 1.050 (90,3%) são casos leves, ou seja, pacientes que não demandaram internamento hospitalar e que estavam na fase final da doença ou já curados. Os outros 113 (9,7%) se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Agora, Pernambuco totaliza 68.767 casos já confirmados, sendo 20.688 graves e 48.079 leves.
Dos casos confirmados em Pernambuco, 132 foram registrados em mulheres grávidas. O boletim de hoje registra ainda um total de 47.996 pessoas recuperadas da doença. Desse total, 10.187 são de casos graves, que demandaram leitos no sistema de saúde, e 37.809 casos leves. Os casos graves confirmados da doença estão distribuídos por 180 municípios pernambucanos, além do arquipélago de Fernando de Noronha e de ocorrências de pacientes de outros estados e países.
Foram confirmados laboratorialmente 86 óbitos, sendo 45 de pacientes do sexo feminino e 41 do sexo masculino. Com isso, o estado totaliza 5.409 mortes pela doença. As mortes registradas no boletim de hoje ocorreram entre 21 de abril e 8 de julho. Dos óbitos no informe de hoje, 61 (71%) ocorreram de 21 de abril a 5 de julho. Os outros 25 (29%) aconteceram nos últimos três dias. Os pacientes tinham idades entre 15 e 94 anos. As faixas etárias eram: 10 a 19 (1), 20 a 29 (2), 30 a 39 (5), 40 a 49 (8), 50 a 59 (10), 60 a 69 (19), 70 a 79 (21), 80 anos ou mais (20).
Os novos óbitos confirmados são de pessoas residentes nos municípios de Aliança (1), Barra de Guabiraba (1), Belo Jardim (1), Bom Jardim (1), Buíque (1), Cabo de Santo Agostinho (2), Camaragibe (5), Canhotinho (1), Caruaru (5), Catende (1), Escada (1), Igarassu (1), Jaboatão dos Guararapes (12), Jurema (2), Olinda (10), Panelas (3), Paulista (5), Petrolina (3), Primavera (2), Recife (19), Rio Formoso (1), Sanharó (1), Santa Cruz do Capibaribe (3), São Caitano (2), São Lourenço da Mata (1) e Surubim (1).
Dos 86 pacientes que vieram a óbito, 59 apresentavam comorbidades confirmadas, como diabetes (26), hipertensão (24), doença cardiovascular (20), doença respiratória (7), doença renal (6), obesidade (6), tabagismo/histórico de tabagismo (6), histórico de AVC/AVE (6), doença de Alzheimer (5), câncer (4), doença pulmonar (3), doença hepática (3), doença neurológica (2), doença vascular (1), etilismo (1), doença hematológica (1), esquistossomose (1), hipertireoidismo (1), desnutrição (1), doença cromossômica (1), dislipidemia (1) e epilepsia (1). A SES-PE esclarece que um paciente pode ter mais de uma comorbidade. Nove não tinham doenças preexistentes, e os demais casos ainda estão em investigação pelos municípios.
Com relação à testagem dos profissionais de saúde com sintomas de gripe, em Pernambuco, até agora, 16.695 casos foram confirmados e 21.453 descartados. Outros 95 casos ainda estão em investigação no estado. As testagens entre os trabalhadores do setor abrangem os profissionais de todas as unidades de saúde, sejam da rede pública - estadual e municipal -ou privada.
Diário de Pernambuco
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