Após o Ministério da Saúde anunciar um novo protocolo permitindo o uso de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de Covid-19, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) afirmou, nesta quinta-feira (21), que a prescrição de qualquer medicamento para pacientes é uma prerrogativa dos profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento.
A secretaria afirmou que recebeu com "preocupação" as novas orientações, pois "nenhum destes medicamentos têm eficácia comprovada contra a doença e seu uso pode causar diversos efeitos colaterais, como disfunção grave de órgãos, incapacidade permanente e até óbito".
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende o uso da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Mas não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização.
O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No intervalo de menos de um mês, os dois deixaram o governo.
O G1 questionou à secretaria se o medicamento seria prescrito para casos leves no estado a partir da nova orientação. Em nota, a SES informou que "não há proibição, impedimento ou determinação contrária a que médicos pernambucanos prescrevam qualquer medicamento no tratamento do coronavírus" e apontou que, no entanto, "há comprovadamente possibilidade de graves efeitos colaterais pelo uso da Cloroquina, que precisam ser avaliados pelos profissionais de Saúde".
A SES-PE também afirmou também que as novas orientações divulgadas pelo Ministério da Saúde foram apresentadas "sem nenhum plano específico de abastecimento dos serviços do SUS", especialmente para as unidades de atenção primária.
"A estimativa é que as unidades de saúde do Estado, incluindo as das redes municipais, precisarão de mais de 1 milhão de comprimidos, só neste mês de maio - número muito superior às 186 mil cápsulas enviadas, desde março, pelo Ministério da Saúde", disse no texto.
A Secretaria de Saúde também apontou que "mais de 20 especialistas de oito entidades médicas e instituições de Saúde do Brasil, como a Fiocruz e a Sociedade Brasileira de Infectologia, alertaram para a inexistência de benefícios da cloroquina no tratamento da doença".
Por G1 PE
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