Levantamento fez 25.025 entrevistas em 133 municípios. Entre as conclusões está que 1,4% da população tem anticorpos para a doença. "A contagem de casos de coronavírus não deve ser feito em milhares, ela já deve ser feita certamente em milhões", afirma coordenador da pesquisa
Isso quer dizer que em um grupo de sete pessoas com o coronavírus, apenas uma sabe que está infectada.
Das 15 cidades com maior prevalência de acordo com o levantamento, 11 estão na região Norte:
Na cidade de Breves, no Pará, praticamente um quarto da população está ou esteve com coronavírus
Em Tefé, no Amazonas, quase 20%
Em Belém, mais de 15% tiveram a doença
Em Manaus, 12,5%
Em Macapá, quase 10%.
No Nordeste, Fortaleza e Recife têm os maiores índices de infectados.
Em São Paulo, 3% foram infectados. No Rio de Janeiro, 2%. Na região Sul, apenas Florianópolis apresentou prevalência superior a 0,5%.
Na região Centro-Oeste, a pesquisa não encontrou caso positivo nas 9 cidades estudadas, apesar de já existir casos e mortes confirmados.
Das cidades visitadas, 21 eram capitais. Os domicílios e as pessoas testadas foram escolhidos por sorteio. Os pesquisadores também analisaram a proporção da população que se contaminou em cada região do país.
Como é feita a pesquisa
O levantamento já teve três etapas concluídas no Rio Grande do Sul. Pesquisadores do Ibope, participantes do projeto, com equipamentos de proteção individual, foram a campo e fizeram 25.025 entrevistas. Aplicaram também testes rápidos para o coronavírus em 133 municípios de todos os estados do país, incluindo o Distrito Federal.
Em 90 cidades, conseguiram testar pelo menos 200 pessoas. Essa amostragem representa pouco mais de um quarto da população brasileira, com 54 milhões de habitantes.
A pesquisa mostra ainda que nas 90 cidades, a proporção de pessoas com anticorpos foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro da pesquisa.
A partir dos resultados dos testes, os pesquisadores calculam que um total de 760 mil brasileiros nestas áreas foram infectados. Na véspera da pesquisa, os números oficiais apontavam, nestas 90 cidades, 104.792 casos confirmados do coronavírus, e 7,6 mil mortes.
Para o coordenador da pesquisa e reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, o número é "preocupante". "Essas outras pessoas que têm o coronavírus e não sabem involuntariametne podem transmitir para outras pessoas. E isso faz com que a epidemia continue crescendo nesse ritmo preocupante que tem ocorrido no Brasil", disse.
"A gente pode dizer, com a maior tranquilidade, com base na nossa pesquisa que a contagem de casos de coronavírus não deve ser feito em milhares, ela já deve ser feita certamente em milhões", diz.
O reitor ainda reforça as recomendações de isolamento social, devido às taxas crescentes da doença.
"Enquanto as curvas no Brasil não estiverem na descedente ou enquanto a taxa de transmissão brasileira for recordista mundial, nossa recomendação dos cientistas para a população é ficar em casa o máximo possível não há nenhuma recomendação científica que justifique a flexibilização das medidas de distanciamento social nesse momento ", afirma.
G1
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