"Estamos realmente numa expectativa muito grande que agora em junho estão chegando as águas do São Francisco lá no Ceará e nós vamos resolver um problema de quase 500 anos. Por exemplo, a segurança hídrica de Fortaleza, que nunca mais vai sofrer de falta de água. O presidente provavelmente vai visitar o Ceará e todo o Projeto do São Francisco no meio de junho, e essa é uma obra que vai ficar na memória de todos os nordestinos", afirmou Marinho.
A chegada das águas ao Ceará estava prevista para março, mas problemas técnicos na barragem de Negreiros, localizada em Salgueiro (PE), atrasaram, outra vez, o envio da água para o reservatório de Milagres (PE) - última barragem a receber as águas da transposição antes do Ceará - para Jati, no Cariri.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), no entanto, os últimos serviços para garantir a funcionalidade do empreendimento até o reservatório de Jati serão concluídos até o final de maio, permitindo que as águas da Transposição cheguem em meados de junho ao Ceará, como anunciou o ministro. Depois disso, o reservatório irá encher e, conforme a Pasta, em agosto a água poderá ser entregue ao Cinturão das Águas (CAC), empreendimento responsável por levar os recursos hídricos de Jati ao Castanhão e que possibilitará o abastecimento de 4,5 milhões de pessoas.
As águas da Transposição vêm para o Ceará por meio do Eixo Norte do Pisf, responsável também por levar os recursos a Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os trabalhos no Eixo Norte estão em fase final, hoje com 97,44% de execução física.
Cinturão das Águas
Já sobre o Cinturão dos Águas, o superintendente e Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra), Yuri Castro, responsável pela condução das obras do CAC, garante que o empreendimento já está pronto para receber os recursos hídricos da Transposição, com mais de 95% da construção do trecho emergencial concluídos.
O trecho, de 53 km de extensão, irá transportar por gravidade o recurso hídrico até Missão Velha, onde será direcionado para o Riacho Seco, seguindo pelo Rio Batateira e Rio Salgado, principal aquífero do Açude Castanhão e afluente do Rio Jaguaribe.
De acordo com ele, os cerca de 5% restantes para a conclusão do trecho emergencial não atrapalham o envio da água ao Castanhão, por corresponderem apenas a acabamentos, e não ao canal por onde o recurso hídrico passará.
"Esses 5% são obras complementares que continuam, como estradas de acesso ao canal, drenagem, calha, meio-fio, que não impedem que a água passe pelo canal, que já está pronto", explica Yuri.
Ao todo, o Cinturão das Águas deverá ter 145 km de extensão. Como 53 km já do trecho emergencial já estão prontos, que correspondem aos lotes 1 e 2, ficam faltando entregar 92 km de canal dos lotes restantes. Os últimos lotes serão responsáveis por aduzir as águas de Jati a Nova Olinda, no Rio Cariús, afluente do Açude Orós, que também abastece o Castanhão.
Sobre essa obra do outro eixo do CAC, Yuri diz que, dos 145 km, 70% já estão prontos, e que o restante do trecho deve levar 18 meses para ser concluído. No entanto, ele salienta que os prazos podem ser alterados, já que, no momento, as obras nos lotes 3 e 4 se encontram-se paralisadas por conta da pandemia. A perspectiva, segundo ele, é que elas sejam retomadas em meados de junho.
Incerteza sobre recursos
Com a crise econômica e sanitária instalada por conta do avanço da Covid-19 no País, o titular da Sohidra, Yuri Castro, afirma que as obras do outro trecho do Cinturão das Águas (CAC), que levará as águas de Jati a Nova Olinda, podem sofrer atrasos por conta da pandemia.
"Nós tivemos muita interrupção de recursos financeiros na execução do Cinturão das Águas, o que ocasionou diversos atrasos. Os recursos são 81% do Governo Federal e 19% do Estado. Não dá para garantir que teremos dinheiro para continuar conforme o calendário", afirma.
Apesar do cenário de incerteza, ele salienta que mais R$ 41 milhões foram enviados no início desse mês pelo Governo Federal para dar continuidade às obras em andamento.
Por Diário do Nordeste
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