quinta-feira, abril 23, 2020

COVID-19: Uso indiscriminado de medicamentos traz risco à saúde


Farmácias do Recife estão sem estoque de medicamento destinado a tratar vermes e parasitas como piolhos e pulgas 

Após a divulgação de que a ivermectina seria uma nova aposta da ciência ao combate do novo coronavírus, as farmácias registraram um aumento na procura do medicamento destinado a tratar vermes e parasitas como piolhos e pulgas. Esse tipo de uso é chamado de off-label, quando um remédio é utilizado para uma destinação diferente da que consta na bula. Com o desaparecimento da droga das prateleiras, especialistas alertam para os riscos da automedicação.

A equipe do Diario de Pernambuco procurou a ivermectina em farmácias de todas as regiões do Recife, o medicamento estava indisponível, sem previsão de volta. Em uma farmácia do centro da cidade, o estoque que havia sido reabastecido na sexta-feira foi zerado no dia seguinte. O mesmo já ocorreu com a nitazoxanida que desde o dia 16 passou a ser comercializada apenas com receita médica especial, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a alta na procura do remédio como método de tratamento do coronavírus, sem comprovação científica.


A infectologista Paula Magalhães, adverte que o uso sem recomendação médica traz diversos riscos. Na bula do remédio, a diarreia, náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos aparecem como reações adversas ao uso. Outros sintomas como tontura, sonolência, vertigem, tremor, prurido, erupções e urticária são destacados. Além das reações adversas, quem utiliza o remédio também pode sofrer com a interação medicamentosa com outras drogas.

A recomendação da coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz é de que somente os pacientes que possuem prescrição façam uso da ivermectina. Paula alerta que, mesmo que um profissional de saúde decida recomendar o remédio para um paciente acometido com a Covid-19, um acompanhamento do tratamento precisará ser realizado pelo médico e responsável técnico do tratamento.

Sem a existência de um medicamento ou vacina para o tratamento do novo coronavírus, a recomendação para a prevenção da doença continua sendo o isolamento social. “Até que estudos comprovem a eficácia de alguma medicação, devemos preservar o distanciamento. O isolamento está agora em 50%, quando o ideal para que a curva da doença fosse achatada é de pelo menos 70%”, alerta Paula.

Diário de Pernambuco

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