Conselho Federal de Medicina apresentou posição da entidade ao presidente Jair Bolsonaro. CFM disse não haver 'evidência científica forte' da eficácia da cloroquina no tratamento de covid-19 (Foto: Guilherme Mazui/G1)
O Conselho Federal de Medicina (CFM) teve uma reunião nesta quinta-feira (23) no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro e disse que não recomenda o uso da hidroxicloroquina para pacientes em tratamento de covid-19. O órgão afirmou, no entanto, que decidiu liberar os médicos a receitarem o remédio em três casos específicos:
- Quando o paciente está em estado crítico, internado em terapia intensiva, com lesão pulmonar estabelecida. A hidroxicloroquina pode ser usada pelos médicos "por compaixão". Isso ocorre quando o paciente já está fora de possibilidade terapêutica e o médico, com autorização da família, utiliza a substância;
- Quando o paciente, com sintomas da covid-19, chega ao hospital. Existe um momento de replicação viral em que a droga pode ser usada pelo médico com autorização do paciente e familiares;
- Quando o paciente tem sintomas leves, parecidos com o da gripe comum. Nesse caso, o médico pode usar a hidroxicloroquina, descartando a possibilidade de que o paciente tenha: influenza A ou B, dengue, ou H1N1. Também nesse caso, a decisão deve ser compartilhada com o paciente.
"O Conselho Federal de Medicina não recomenda o uso da hidroxicloroquina. O que estamos fazendo é dando ao médico brasileiro o direito de, junto com seu paciente, em decisão compartilhada com seu paciente, utilizar essa droga. Uma autorização. Não é recomendação", disse o presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro.
A hidroxicloroquina já é usada no tratamento da malária. O presidente Jair Bolsonaro é um defensor do uso para covid-19. O tema foi um dos motivos de divergência que pesaram na demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
A hidroxicloroquina já é usada no tratamento da malária. O presidente Jair Bolsonaro é um defensor do uso para covid-19. O tema foi um dos motivos de divergência que pesaram na demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Segundo Ribeiro, não há “nenhuma evidência científica forte” sobre a eficácia do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.
“O posicionamento é que não existe nenhuma evidência científica forte que sustente o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19. É uma droga amplamente utilizada para outras doenças, já há 70 anos, mas em relação ao tratamento da covid-19, não existe nenhum ensaio clínico, prospectivo, randomizado, feito por grupos de pesquisadores de respeito, com trabalhos publicados em revistas de ponta, que apontem qualquer tipo de benefício", afirmou.
“O posicionamento é que não existe nenhuma evidência científica forte que sustente o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19. É uma droga amplamente utilizada para outras doenças, já há 70 anos, mas em relação ao tratamento da covid-19, não existe nenhum ensaio clínico, prospectivo, randomizado, feito por grupos de pesquisadores de respeito, com trabalhos publicados em revistas de ponta, que apontem qualquer tipo de benefício", afirmou.
Ribeiro explicou que existem estudos observacionais sobre o medicamento, com “pouco valor científico”, mas considerados “importantes”. Por isso, o CFM liberou o uso nos casos específicos.
CFM não libera uso preventivo
O presidente do CFM também destacou que não há “qualquer indicação” para o uso da hidroxicloroquina como forma de se prevenir do coronavírus.
“Não existe qualquer indicação do uso preventivo da hidroxicloroquina em relação à covid-19. Isso é consenso em qualquer literatura do mundo e essa é a postura também do Conselho Federal de Medicina. Uso preventivo, não", ressaltou Ribeiro.
Efeitos colaterais
Ribeiro afirmou que o uso só foi liberado em razão da pandemia e que, em outras situações, “muito provavelmente”, a entidade não autorizaria a aplicação do remédio.
“Os efeitos colaterais existem, são graves, mas são raros. E existem inúmeros relatos observacionais na literatura”.
“Nós não podemos desprezar essa informação neste momento, devido ao quadro sui generis que estamos passando em razão de uma doença totalmente desconhecida. Em outras situações, muito provavelmente o CFM, quase certamente o CFM, não liberaria o uso da droga, a não ser em caráter experimental. Mas diante dessa doença devastadora, a opção foi dar um pouco mais de valor ao aspecto observacional de vários médicos, de médicos importantes, médicos sérios que têm usado essa droga”, completou.
Pesquisas com hidroxicloroquina
A cloroquina, ou hidroxicloroquina, é um fármaco já aprovado para tratamentos de outras doenças, como artrite reumatoide e malária. No entanto, ainda não há pesquisas que comprovem a eficácia desta medicação contra a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e quais os níveis seguros de administração dessa substância.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que nenhum medicamento, até agora, se mostrou seguro e eficaz contra a covid-19. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou protocolo que indica o uso da cloroquina para pacientes graves e moderados.
Em meados de março, um estudo feito pelo infectologista Didier Raoult, da Universidade de Medicina de Marselha, na França, com 30 pacientes apontou um possível uso do medicamento. Mas a metodologia foi criticada por especialistas.
A polêmica levou o medicamento a ser incluído no programa europeu de estudos clínicos contra a Covid-19, chamado Discovery. França, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Holanda vão testar em 3,2 mil pacientes com a hidroxicloroquina e três antivirais usados contra o HIV e o ebola.
Médicos recomendam que a população não se automedique com esses ou outros fármacos. As primeiras notícias sobre o medicamento levaram ao desabastecimento e fizeram a Anvisa colocar a droga na lista dos remédios controlados.
CFM não libera uso preventivo
O presidente do CFM também destacou que não há “qualquer indicação” para o uso da hidroxicloroquina como forma de se prevenir do coronavírus.
“Não existe qualquer indicação do uso preventivo da hidroxicloroquina em relação à covid-19. Isso é consenso em qualquer literatura do mundo e essa é a postura também do Conselho Federal de Medicina. Uso preventivo, não", ressaltou Ribeiro.
Efeitos colaterais
Ribeiro afirmou que o uso só foi liberado em razão da pandemia e que, em outras situações, “muito provavelmente”, a entidade não autorizaria a aplicação do remédio.
“Os efeitos colaterais existem, são graves, mas são raros. E existem inúmeros relatos observacionais na literatura”.
“Nós não podemos desprezar essa informação neste momento, devido ao quadro sui generis que estamos passando em razão de uma doença totalmente desconhecida. Em outras situações, muito provavelmente o CFM, quase certamente o CFM, não liberaria o uso da droga, a não ser em caráter experimental. Mas diante dessa doença devastadora, a opção foi dar um pouco mais de valor ao aspecto observacional de vários médicos, de médicos importantes, médicos sérios que têm usado essa droga”, completou.
Pesquisas com hidroxicloroquina
A cloroquina, ou hidroxicloroquina, é um fármaco já aprovado para tratamentos de outras doenças, como artrite reumatoide e malária. No entanto, ainda não há pesquisas que comprovem a eficácia desta medicação contra a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e quais os níveis seguros de administração dessa substância.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que nenhum medicamento, até agora, se mostrou seguro e eficaz contra a covid-19. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou protocolo que indica o uso da cloroquina para pacientes graves e moderados.
Em meados de março, um estudo feito pelo infectologista Didier Raoult, da Universidade de Medicina de Marselha, na França, com 30 pacientes apontou um possível uso do medicamento. Mas a metodologia foi criticada por especialistas.
A polêmica levou o medicamento a ser incluído no programa europeu de estudos clínicos contra a Covid-19, chamado Discovery. França, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Holanda vão testar em 3,2 mil pacientes com a hidroxicloroquina e três antivirais usados contra o HIV e o ebola.
Médicos recomendam que a população não se automedique com esses ou outros fármacos. As primeiras notícias sobre o medicamento levaram ao desabastecimento e fizeram a Anvisa colocar a droga na lista dos remédios controlados.
G1 Bem-Estar
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