O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (28) que a investigação sobre a facada que levou durante a campanha eleitoral, em setembro de 2018, em Juiz de Fora, será reaberta.
Bolsonaro deu a declaração durante conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Nesta terça, o "Diário Oficial da União" publicou a nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente. Ramagem substituiu Maurício Valeixo, cuja demissão motivou a decisão do então ministro Sergio Moro (Justiça) de deixar o governo.
“Vai ser reaberta a investigação. Foi negligenciado. Foi a conclusão. Foi um lobo solitário. Como pode um lobo solitário com três advogados? Quatro celulares? Inclusive, andando pelo Brasil”, questionou o presidente.
A investigação da Polícia Federal sobre o atentado concluiu que Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada, agiu sozinho no momento do crime e por motivação política. Bolsonaro sempre reclamou de não ter sido identificado o suposto mandante do atentado. Adélio Bispo foi considerado portador de doença mental e inimputável pela Justiça Federal em Minas Gerais. Bolsonaro não recorreu da decisão judicial.
Pouco depois da conversa com os apoiadores, já em entrevista a jornalistas, Bolsonaro relativizou. “Defendo que, em sendo legal, em sendo possível, sim”, respondeu o presidente ao ser indagado se defende a retomada das investigações. “A conclusão que chegou lá é que é um lobo solitário. Eu acho que não era um lobo solitário. Eu não quero forçar a barra nem descobrir, inventar um responsável. Tá longe, tá longe. Nunca passou por mim cometer injustiças”, acrescentou Bolsonaro.
Com os apoiadores, o assunto foi introduzido na conversa por uma visitante, que perguntou a Bolsonaro: “Presidente, estão cuidando daquele povo que apareceu lá agora da tentativa do assassinato do senhor?”
Após responder que a investigação será reaberta, Bolsonaro disse entender que o caso da facada é “200 vezes mais fácil de solucionar que o da Marielle [Franco]”, referindo-se à vereadora do PSOL, assassinada no Rio de Janeiro em 2018.
Esta não foi primeira vez que Bolsonaro comparou o atentado que sofreu ao caso Marielle Franco. Na última sexta-feira, dia em que Moro pediu demissão, o presidente afirmou que a Polícia Federal – sob a gestão do ex-juiz – se preocupou mais com o caso da vereadora que com “seu chefe supremo”.
“Cobrei muito dele isso aí. Não interferi. Eu acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber, e entendo, me desculpe seu ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu tá muito menos difícil de solucionar”, afirmou Bolsonaro na ocasião.
Além do inquérito que concluiu que Adélio agiu sozinho no momento do crime, a PF deu início, também em 2018, a uma segunda investigação, que apura possíveis conexões do agressor. Esse segundo inquérito ainda não foi concluído.
Por Gustavo Garcia, Pedro Henrique Gomes e Hamanda Viana, G1 e TV Globo — Brasília
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