A arquiteta Katarina Santos, 48 anos, vive na Europa há 25 anos. Moradora de Florença, a casa dela fica a 20 minutos de carro de Prato, a Chinatown italiana, lugar de residência da maior parte de asiáticos que vivem no país. “Quando começamos a ouvir as primeiras notícias sobre o coronavírus, vinha logo em mente o ano novo chinês, comemorado poucos dias atrás, e o retorno de vários chineses. Cerca 2,5 mil tinham ido passar a festividade com a família na China, e as autoridades optaram por uma quarentena voluntária”, conta.
Ainda não foi possível afirmar se a explosão de casos na Itália teve início com uma pessoa que saiu da China ou de qualquer outro país. O governo italiano iniciou uma investigação em torno de um possível “paciente um”, um homem de 38 anos que mora em Codogno, cidade de 16 mil habitantes, considerada o epicentro do surto italiano. “Vendo as notícias da mídia de como o vírus se difunde nas outras regiões, o fiorentino ficou bastante apavorado. Os supermercados, no início da semana, ficaram vazios. Uma loucura total. Máscaras e álcool gel estão esgotados”, diz a arquiteta.
Segundo Katarina, ao contrário de vários locais no Norte da Itália, escolas e universidades estão funcionando, mas a frequência, especialmente nas universidades, é menor. “O número de turistas caiu muitíssimo, e alguns eventos foram cancelados ou adiados”, relata. Apesar do clima de tensão, a pernambucana diz que continuará a viver a rotina sem grandes alterações, mas tomando os devidos cuidados. “Vejo que todos estão seguindo as recomendações ditadas pelo sistema sanitário e me sinto tranquila em saber que temos estruturas públicas de qualidade e pessoal médico capacitado”, afirma.
Em Verona, localizada na região de Veneto onde várias cidades estão fechadas, a tensão é parecida. A dona de casa pernambucana Raphaella Dantas, 30 anos, mora na cidade há oito anos e conta que o avanço da doença na Itália foi muito rápido. “Os contágios cresceram rapidamente e pediram para a população não ir a lugares fechados, como shoppings, cinemas, bares, entre outros”, diz. O novo coronavírus levou autoridades de Veneza, a 115 km de Verona, a encerrar as celebrações do carnaval. “As cidades viveram um caso de terror e ficaram praticamente desertas. Na segunda-feira, fui ao mercado e faltavam nas prateleiras muitos produtos. As pessoas estavam começando a estocar mercadorias de primeira necessidade”, afirma.
Nessa sexta-feira (28), Raphaella foi ao Lago de Garda, o maior lago da Itália localizado entre as regiões de Lombardia, Veneto e Trentino-Alto Adige. Segundo ela, o ponto turístico estava vazio. “O dia estava ensolarado. Geralmente, há mais pessoas pelas ruas”, diz. Atenta aos comunicados oficiais e às recomendações dos órgãos de saúde, a dona de casa conta que vive “um passo de cada vez” e sabe que com “uma pandemia não se brinca”.
Por: Anamaria Nascimento - Diário de Pernambuco
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