Paulo Afonso (BA): “A pequena Sabrina”. Por Francisco Nery Júnior

A pequena Sabrina, doce Sabrina, de 4 anos de tenra idade, faleceu na madrugada do dia 10 deste mês. Havia sido atacada pelo cão pitbull da família, no centro de Paulo Afonso, e sofreu fraturas no crâneo e desfiguração da face conforme publicado no site. Dos dentes ferozes do pitbull, para a morada nos céus nas asas dos anjos. Assim partiu. Assumiu prematuramente o que era seu. Pequenina, de tal é o reino dos céus.

As coisas acontecem e imediatamente passam a pertencer ao passado. Impossível reverter os acontecimentos. O que não nos impede, todavia, um pouco de meditação. Nada e mais nada de censura. O atacante é um irracional. Age pelos instintos que lhe foram programados. Os criadores o dizem porém dócil, a depender do tratamento dos donos. É o que dizem. A conveniência de tê-los (os pitbulls) por perto, principalmente onde há crianças, melhor deixar a meditação para mais tarde. Aos pais e parentes da frágil criança, basta a dor profunda de vê-la partir.

Podemos, contudo, conversarmos todos sobre a aquisição dos nossos melhores amigos, os cães. As ruas estão cheias deles a mendigar a nossa atenção e a explorar as latas de lixo em busca da sobrevivência. Cada vez os temos mais. Poderíamos tê-los menos se um trabalho de castração mais compreensivo fosse realizado. A nossa opção é esquecê-los. Os ignoramos como se não os tivéssemos domesticado. A nossa opção para o cão da família é partir para o pet shop e comprar, muitas vezes a preço de ouro, um filhote de espécie que possa nos projetar. Desfilamos com ele para adquirir status e aparecer.

O melhor de termos um cão é a interação com a sua alma. E os cães de rua também têm alma! É só procurar. Podemos amá-los? Sim. A minha mãe dizia que quem ama o feio, bonito lhe parece.

Temos uma vantagem: nossos cães de rua são lindos de morrer! É só olhar com os olhos da alma.

E para encerrar com um avanço importante, a Câmara dos Deputados acaba de aprovar, em plenário, prisão de 2 a 5 anos para quem maltratar cães e gatos (os outros animais continuam contemplados pela lei dos animais silvestres, mais branda). Mantê-los amarrados com correntes e cordas é maltratá-los; é CRUELDADE.

Francisco Nery Júnior

Nota do autor – Abaixo, comentário que enviei para o site no dia da morte de Sabrina:

Com todo respeito aos pais do pequeno anjo que acaba de partir, nesta hora de dor, onde o cão apenas exerceu a sua programação genética, impossível deixar de dizer, ou recomendar, se for o caso: vamos adotar as dezenas de cães das nossas ruas. Se o pessoal soubesse o retorno que eles nos dão!!!!!! Cuido de uns dez, direta e indiretamente. Se vocês soubessem como me sinto bem e recompensado! Como me troco com eles… Tem mais: eles nunca vão trair vocês. A fidelidade e o amor que nos dedicam são irreprocháveis. Estou a escrever. O meu mais próximo acaba de entrar na sala do computador. Aproximou-se e tacou-me um beijo canino na perna. Ganhei o dia!

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Por Redação do PA4.COM.BR