E foi pensando nisso, que os jovens da Casa das Juventudes de Petrolândia vieram dar o seu recado para que os amigos possam evitar esse tipo de brincadeira que machuca e até mata!
O caso de uma estudante nordestina que morreu após ser vítima da rasteira aumentou o receio de pais e mestres. Emanuela Medeiros, 16, bateu a cabeça no chão, na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró (RN). Ela sofreu traumatismo craniano, foi socorrida pela direção do colégio e levada ao Hospital Regional Tarcísio Maia, mas acabou morrendo. O caso aconteceu em novembro do ano passado e viralizou nesta semana.
Práticas como o "desafio da rasteira", alertam especialistas, ressurgem a cada ano e ganham adeptos entre crianças e adolescentes, na mesma medida que preocupam pais e educadores. Exemplo disso foi o jogo Baleia Azul, que levava ao suicídio, assim como o da Boneca Momo. Outro exemplo foi o Bird Box, onde os jogadores eram estimulados a vendar os olhos para fazerem tarefas cotidianas.
Pedro Simas, vice-diretor pedagógico do Colégio Boa Viagem, disse que a escola já desenvolve iniciativas que contemplam o assunto e, desde o início da semana, quando começaram a circular imagens do "desafio" em uma escola da Venezuela, foi convocada uma reunião para traçar outras estratégias de enfrentamento do problema.
Psicólogos começaram a passar em cada turma para alertar sobre os perigos da agressão física. Outra iniciativa da escola é um aplicativo onde é feita uma comunicação direta com os pais. Através da ferramenta, a equipe encaminhou o texto de uma psicóloga, feito a pedido da direção, sobre o assunto.
Desafiar a morte e a dor é uma característica do ser humano e isso não é diferente com os adolescentes, avalia Simas. “Na década de 1970, havia uma brincadeira de colocar corrente falsa na rede e pedir para um amigo sentar e em seguida cair. Isso já era feito com risco. Com as mudanças geracionais cada vez mais velozes, a escola precisa estar vigilante”, acrescentou.
No Centro Escolar Carochinha, o assunto foi levantado pelos pais durante reunião. A orientação da escola foi pedir que as famílias parassem de reproduzir a informação. Isabel Ledebour, psicóloga e uma das proprietárias da unidade, disse também que professores e outros funcionários estão mais alertas na hora do recreio para esse tipo de evento. “Vários pais nos mandaram mensagens e pedi para eles esclarecerem os filhos também. Aqui, estamos de sobreaviso e observando. Quanto menos se divulga, menos se pratica”, acredita Isabel.
Um dos vídeos do “desafio” divulgados na internet mostra estudantes do Marista, no Rio Grande do Norte, fazendo a brincadeira. A rede, que também está presente em Pernambuco, emitiu nota oficial sobre o assunto. Os colégios que integram o Marista Centro-Norte, uma das três unidades administrativas do Marista no Brasil, iniciaram, nesta semana, um trabalho de conscientização.
“Por meio de suas equipes pedagógicas, a instituição tem promovido reflexões com os alunos, durante o período de aulas, sobre as consequências da atitude, que coloca em risco a integridade física dos seus participantes. Além das medidas preventivas, a instituição reitera estar atenta aos movimentos em sua comunidade. Em relação ao vídeo com os alunos de Natal, informa que todos já foram orientados com suas respectivas famílias”, diz a nota.
Após tomar conhecimento do problema, o Colégio Santa Emília, em Olinda, agiu junto aos alunos e pediu empenho dos pais. “Preocupado com essas consequências, o CSE está alertando todos, como também solicitando a colaboração dos senhores para que evitem uma situação perigosa e drástica para nossos alunos.”
Vítima pode sofrer sequelas irreversíveis
A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia também emitiu nota para alertar aos pais e educadores sobre a necessidade de reforçar a atenção com as crianças e adolescentes. Na mensagem, é explicado que a queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo, além de danos à coluna vertebral.
“Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito. Como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas. Acompanhar e informar/educar sobre a gravidade dos fatos, pode ser a primeira linha de ação”, diz um trecho do comunicado.
Assessor de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro percorre escolas, empresas e outros espaços interessados em entender e enfrentar o que ele caracteriza de crime cibernético. Atua na prevenção, a diferentes problemas que ceram os jovens.
“O pior é que há adolescentes que acham que nada pode acontecer com eles, porque são menores de idade. Se a pessoa envolvida é menor de 13 anos, ele não vai apreendido, mas os pais ou representantes legais podemresponderporele. Além disso, a vítima também pode entrar com ação de indenização pelo dano causado. No caso de ser maior de 13 anos e menor de 18 anos, cabe a aplicação de medida socioeducativa. E se resultar em morte, o homicídio pode ser considerado doloso”, alertou.
Até a própria escola pode ser responsabilizada, diz Santoro, se o caso se repetir por falta de providências. “Se é repetitivo, significa ausência da escola. Os pais precisam saber o que acontece na internet, até mesmo pelos veículos oficiais”, explicou. A partir de março, Santoro iniciará a temporada de palestras em 2020. Elas podem ser marcadas pelo número 2137-4076, das 8h às 14h.
Outros "desafios perigosos" da internet
Baleia azul - O “jogo” online desafiava jovens a atitudes autodestrutivas, culminando em suicídio.
Boneca momo - Uma suposta boneca teria sido inserida em vídeos infantis para orientar crianças a esfaquearem seus pais.
Bird box - Inspirados em um filme, internautas lançaram um desafio para que as pessoas fizessem tarefas cotidianas com olhos vendados, as expondo a vários riscos.
Por: Marcionila Teixeira
Diário de Pernambuco/Casa das Juventudes de Petrolândia
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