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domingo, dezembro 29, 2019
Baterista morre após sofrer descarga elétrica em aparelho de som antes de show no Piauí
Eduardo Henrique, o Dudu Batera — Foto: Reprodução/ Facebook
O músico Eduardo Henrique Araújo, de 31 anos, morreu após sofrer uma descarga elétrica na noite de sábado (28) enquanto manuseava equipamentos eletrônicos em uma casa de eventos na praia da Barra Grande, localidade do município de Cajueiro da Praia, no litoral do Piauí.
Dudu Batera, com era mais conhecido, trabalhava como baterista na banda Dona Bia, que se apresentaria na noite de sábado em Barra Grande. Dudu também fez parte da banda Mero Homem, que terminou após a trágica morte do vocalista Irisnaldo de Oliveira Pinho, em 2018.
Aplicativo brasileiro gratuito sintetiza voz humana para deficientes visuais
Fernando Botelho é deficiente visual e fundador da empresa F123 Consultoria - Divulgação
Um aplicativo gratuito está melhorando a vida de milhares de deficientes visuais que utilizam computadores e outros dispositivos tecnológicos, como smartphones e tablets. Produzido pela empresa F123 Consultoria, um sintetizador de voz, batizado de Letícia, reproduz uma voz feminina em português e pode ser usado em praticamente todos os tipos de leitores de tela e sistemas operacionais de tecnologia assistiva.
Para fazer uso de um computador, o deficiente visual utiliza o chamado leitor de tela, um programa que converte o texto exibido em tela em um discurso sintetizado em voz, permitindo que o usuário navegue na internet ou use qualquer software ouvindo o que está escrito no monitor e usando comandos no teclado para executar qualquer tipo de operação. Cada leitor de tela possui um sintetizador de voz associado, e é justamente essa nova opção de voz que foi criada pela F123. O projeto foi um dos primeiros, no Brasil, a serem patrocinados pela Expo Dubai 2020, evento que reunirá milhões de pessoas no ano que vem para celebrar conquistas humanas, sob o tema “Conectando Mentes, Criando o Futuro”.
"A gente queria uma voz que fosse de boa qualidade, que não fosse muito robótica, como são as principais vozes disponíveis em português, e que funcionasse em diferentes plataformas, já que a maioria funciona apenas no sistema Windows ou apenas no [sistema operacional] Android e por aí vai. A nossa voz pode ser disponibilizada em várias plataformas e sistemas operacionais, como Windows, Linux e Android", explica Fernando Botelho, fundador da F123 e um dos criadores da voz Letícia.
INSS fechará agências ineficientes e adotará reconhecimento facial
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Próximo de completar um ano à frente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o procurador federal Renato Vieira, 17º presidente do órgão, diz que o INSS precisou passar por grande transformação para equilibrar a demanda crescente diante da necessidade de economizar e da redução no quadro de servidores.
Para 2020, Vieira não descarta o fechamento de agências do órgão consideradas ineficientes e prevê colocar no ar a prova de vida -procedimento hoje feito nas agências bancárias- por meio da biometria e do reconhecimento facial ainda no primeiro semestre.
Um dos eixos desse equilíbrio, afirma o presidente do INSS, foi atualizar o funcionamento do instituto, que, segundo ele, ainda mantinha o modelo de atendimento igual ao da década de 1990.
"As necessidades da sociedade mudaram desde a década passada até 2019, 2020. Com a tecnologia, diversas outras instituições se transformaram. O melhor exemplo são as instituições financeiras. Os bancos passaram por um amplo processo de transformação digital desde 20 anos para cá", diz Vieira.
O atendimento massivamente presencial, a necessidade de agendamento, os processos físicos e a baixa especialização na análise de benefícios eram características, afirma ele, de um órgão que não se atualizou.
"Por incrível que pareça, o INSS, com toda a complexidade que tem, pelo tamanho, importância e recursos, não tinha processo administrativo eletrônico ainda, assimétrico com grande parte do governo federal", diz.
A partir de maio deste ano, o instituto iniciou a implantação de uma das três estratégias definidas como prioritárias no que o presidente considera a reorganização do órgão. Em seis meses, quase 100% dos serviços foram digitalizados e, em outubro, apenas 10% dos atendimentos para requerimentos foram feitos presencialmente.
O presidente do INSS atribui à boa recepção o grande volume de solicitações de maneira remota, pela central telefônica 135 ou pelo Meu INSS, site que concentra a cesta de serviços. Em outubro, 82,4 mil requerimentos foram feitos pessoalmente, 442,1 mil, por meio do site, e 287,9 mil, por telefone.
As agências não podem recusar atendimento. Então, o trabalhador que prefere ir até um posto de atendimento tem o direito de agendar ou dar andamento ao serviço que necessita.
"É verdade que existe uma camada hipervulnerável da população que não tem acesso a serviço digitais, que não consegue fazer uma transação", diz Vieira.
"Não somos insensíveis a isso. Por isso, todos os serviços estão disponíveis no 135, por uma ligação gratuita. A pessoa ainda pode fazer o requerimento pelo telefone, conversando com o atendente, da mesma forma que ele faria em uma agência. Essa facilidade estimulou a adesão do cidadão", afirma.
A criação de centrais de alta especialização em tipos específicos de benefícios aumentou a eficiência das análises. Se janeiro teve 655 mil conclusões, 977 mil requerimentos foram analisados e concluídos em outubro.
As três estratégias buscaram atacar o que o INSS definiu como os eixos mais urgentes, que eram a fila de espera, as suspeitas de fraude e o alto grau de judicialização.
Na transformação digital, o efeito de maior impacto para o trabalhador segurado ao INSS foi o distanciamento da agência.
Segundo o presidente do instituto, pelo menos 300 mil atendimentos mensais eram sobre pedidos de extrato de pagamento. "Esse extrato é exatamente igual ao que o segurado acessa no Meu INSS", diz. Em outubro, esse serviço ainda atendeu 128 mil pessoas.
Dos 96 serviços de responsabilidade do INSS ou intermediados pelo órgão, como o agendamento de perícia, 90 passaram a ser realizados de maneira remota.
Do agendamento, que levava à definição de uma data para a entrada efetiva com o pedido na agência, os pedidos de benefícios como aposentadoria, pensão por morte e salário-maternidade passaram a ser processados automaticamente, a partir do momento do agendamento.
Com a fila sempre aumentando, houve a necessidade de tornar o processo mais eficiente. O presidente do INSS diz que o ano de 2018 foi um período de grande desequilíbrio entre o número de pedidos e a capacidade de análise e resposta, deixando mensalmente um saldo no estoque.
O pagamento de um bônus por processo analisado fora da rotina, o início do teletrabalho, a jornada semipresencial e a criação de centrais especializadas em cada tipo de benefício previdenciário tiveram início em julho, dentro da estratégia de redução de fila.
No teletrabalho (o home office), os servidores atuam somente nessas centrais especializadas e precisam produzir 30% mais. Nesse modelo, cada grupo fica dedicado a um tipo de benefício, o que elevou a produtividade em 84% desde o início.
"A falta de especialização do servidor que fazia tudo gera uma série de problemas, de velocidade no atendimento, de segurança na decisão e de erros administrativos", afirma Vieira.
FolhaPress/Diário de Pernambuco
Cantora de forró morre após passar mal em show no Piauí
Selfie tirada pela cantora Andreia Ribeiro momentos antes de passar mal — Foto: Divulgação
A cantora e compositora Andreia Ribeiro morreu na manhã deste domingo (29), após passar mal durante um show em José de Freitas, cidade a 48 km de Teresina.
O vice-prefeito da cidade, Antônio Abreu, disse que a cantora participava de um evento de pré-réveillon na cidade. "Andreia tirou uma foto que iria ser mandada para a mãe dela, começou a cantar uma outra música quando desmaiou", relatou.
A cantora foi socorrida e levada para o Hospital Nossa Senhora do Livramento. Em seguida, foi transferida para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde chegou às 5h30, e morreu três horas depois, segundo a assessoria da unidade de saúde.
A prefeitura de José de Freitas emitiu uma nota de pesar lamentando a morte da cantora.
G1 PI
Morre a atriz Hilda Rebello, mãe do diretor Jorge Fernando
A atriz Hilda Rebello, mãe do diretor Jorge Fernando, morreu neste domingo (29), no Rio de Janeiro. A artista de 95 anos estava internada no CTI do Hospital Pró-cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, há uma semana. A informação foi confirmada pela família da atriz através de rede social e pelo hospital.
O velório está marcado para esta segunda-feira (30), a partir das 10h, no crematório da Penitência, no Caju, Zona Portuária. A cerimônia de cremação está marcada para as 15h30.
Hilda estava tratando uma infecção respiratória e, em nota, o hospital explicou que a morte ocorreu em decorrência de complicações associadas a infecção respiratória.
Jorge Fernando morreu aos 64 anos, no fim de outubro, após uma parada cardíaca.
Clique e veja matéria completa >> Morre a atriz Hilda Rebello, mãe do diretor Jorge Fernando
Por G1
Aposentados e pensionistas devem atualizar dados na base do INSS
Aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios do INSS devem manter os dados, como endereço, email e telefone, atualizados no instituto. No último dia 23, a autarquia publicou uma nota na sua página na internet alertando que as informações precisam estar em dia.
"Toda comunicação é feita por carta ou e-mail, quando cadastrado", acrescenta Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).
Adriane adverte que manter os dados em dia é de extrema importância, porque "caso o INSS precise comunicar com o segurado e não tiver sucesso, ele geralmente suspende o benefício até que o segurado apareça". Vale destacar que essa atualização não é a prova de vida feita anualmente pelos segurados.
De acordo com o instituto, a atualização pode ser feita pelo site Meu INSS ou pela Central Telefônica 135. No Meu INSS, é necessário fazer login, com uso do CPF e senha. Na coluna à esquerda, o beneficiário deve clicar em "Alterar dados de contato". Em seguida, abrirá uma tela com os campos de endereço, e-mail e telefone, que podem ser atualizados pelo usuário.
Esse serviço também está disponível na Central 135, que funciona de segunda a sábado, de 7h às 22h. É necessário informar dados como número do benefício, data de nascimento, CEP, nome completo e CPF do beneficiário para realizar a atualização.
Não é prova de vida
Vale destacar que essa atualização de dados no INSS não é a prova de vida feita anualmente por aposentados e pensionistas que recebem por meio de conta-corrente, conta poupança ou cartão magnético.
Como regra geral, o procedimento deve ser feito na instituição bancária em que recebe o benefício. Existem bancos que utilizam a data do aniversário da pessoa, assim como há os que convocam o beneficiário no mês anterior ao vencimento da prova de vida.
Basta apresentar um documento de identificação com foto como carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira nacional de habilitação, por exemplo. Algumas instituições financeiras já utilizam a tecnologia de biometria nos terminais de autoatendimento.
O Dia
Petrolândia: Dona Deta, uma história de superação
História de: Dona Deta
Autor: Paula Rubens
IGH Petrolândia
SINOPSE
Em sucessivos recomeços ela aprendeu a ser a dona de seu destino. Apesar da aparência frágil arregaçou as mangas e trabalhou duro. Junto com os filhos e com o apoio da irmã, superou, e muito, o esperado para uma sertaneja viúva que tinha pela frente a missão de criar nove filhos sozinha.
HISTÓRIA COMPLETA
Filha de Afonsina e Miguel Pereira, a mais nova das mulheres recebeu o nome da avó materna MARIA JOSEFA DA SILVA quando nasceu aos 02.01.1938. Sua irmã mais velha já era “Maria”, assim lhe apelidaram de MARIETA. O apelido grande acabou simplificado para DETA. Tão aprovado foi que acabou adotado pelos filhos como nome de família, embora não oficial.
De origem simples, seus pais viviam do trabalho na terra e da criação de animais na propriedade que possuía no Sítio dos Barros, no municipio de Petrolândia. As dificuldades eram muitas numa comunidade de apenas meia dúzia de casas, distantes da cidade. A distância até a feira, escola e médico mais próximos, no Núcleo Colonial de Barreiras, precisava ser vencida à cavalo ou burro e muitas vezes à pé.
A casa de barro, pequena, era iluminada por candeeiro, luz elétrica não havia. A água era transportada do rio, no lombo do jumento em potes de barro e latas, ou do açude existente na propriedade da família, quando cheio pela chuva. Todos precisavam ajudar, havia muito a fazer. Seja na lavoura, cuidando dos animais, ou da casa, as crianças participavam da ajuda. Deta era uma delas. Desde cedo ajudava limpando mato, plantando sementes, indo buscar água e realizando outras tarefas leves em auxílio aos adultos.
A única diversão era brincar com seus sete irmãos maternos e com Dorinha, filha do primeiro casamento do pai, criada por suas tias, que freqüentemente os vinha visitar. Outras crianças não havia no vilarejo. Festa só nas novenas de São Pedro, na comunidade de Várzea Redonda, uma vez por ano. Nessas ocasiões vestiam a melhor roupa e iam participar da reza e dos comes e bebe do festejo, o único que conheciam. Na volta o piso da charrete era forrado com panos e a criançada cansada voltava dormindo.
No dia a dia o cardápio era resumido. De manhã, a primeira refeição do dia, servida muito cedo, resumia-se ao pirão de café torrado e pisado no pilão de madeira. Mas os pais criavam gado e cabras e do que a terra dava tinha-se com fartura. Não faltavam o leite fresquinho para comer com cuscuz feito do milho moído na hora, queijo assado na brasa, manteiga caseira e a carne seca com feijão e arroz vermelho, pirão de bode, pirão de gergelim, batata doce, macaxeira, amendoim, abóbora, coentro. Enriquecia-se o cardápio com melancia, amendoim, batata doce, abóbora, coentro, banha de porco entre outros. Por sorte, seu família, alem das terras do Sitio dos Pereira, tinha terras na Várzea Redonda, na margem do rio e também na serra próximo a Tacaratu. Na vazante rio plantavam batata, arroz e mandioca, Nas terras úmidas e férteis da serra, milho, feijão, legumes e frutas como banana, manga e pinha. Assim, sempre tinha para o consumo e para vender.
Foi assim, que a custa de muito trabalho, com ajuda da mulher e dos filhos, que o pai a conseguiu construir uma grande casa de alvenaria, mobiliada com cristaleira, mesa de madeira e fogão a lenha. Um luxo para quem era da roça! Também mandou fazer grandes caixas de madeira para armazenar farinha e silos de flandres, onde o feijão depois de acondicionado tinha sua entrada hermeticamente fechada com cera de abelha a fim de evitar o contato do cereal com o ar e podia passar anos sem se estragar. Agora a família tinha condições de acolher com prazer e fartura os viajantes, conhecidos e parentes, que vinham vender bode nos dias de feira.
A partir dos 11 anos, Deta começou a freqüentar a Escolas Reunidas Núcleo Colonial do São Francisco de Barreiras. Por ser muito distante ia de jumento ou a pé, acompanhada por Ana, sua irmã mais velha. No bornal levavam pedaços de rapadura para o lanche que era consumido no caminho de volta para casa, depois da aula, quando a fome não podia esperar o longo percurso até o almoço. Gostava da escola, logo conseguiu ler e escrever, mas o grande destaque era sua habilidade em matemática, motivo de orgulho e prenuncio da empreendedora que um dia viria a ser. Cursou até a 3ª série do Ensino Fundamental, concluindo o que era ofertado na época, o aperfeiçoamento foi adquirindo com a vida.
Depois de mocinha ajudava nos afazeres de casa e onde mais fosse preciso. Por volta dos quatorze anos, aprendeu a fiar o algodão, para fazer redes, um item importante na casa, utilizado por todos, já ainda não possuíam camas. O processo de fiação começava por apanhar o algodão do pé, depois limpá-lo catando as sementes. Uma vez limpo, o algodão ia sendo aberto de modo a formar uma espécie de tecido fino, que era enrolado à mão em forma de cordão e depois introduzido em um fuso madeira para reduzir sua espessura e dar uniformidade ao fio. Com uma mão ia se introduzindo o cordão, com a outra puxando fio e enrolando os novelos que depois eram encaminhados ao tear de Dona Dardô, filha de Né Bento, para a confecção das redes.
Entre outras tarefas, Deta cuidava da roupa da casa que a cada quinze dias juntava,colocava num saco e ,com sua irmã Maria, seguia de jumento em um percurso de aproximadamente uma hora e meia, para lavá-las no Rio São Francisco. Lá encontravam outras mulheres fazendo mesmo. Enquanto a roupa quarava, davam uma pausa para comer a carne seca e a rapadura que levavam de casa, e aproveitavam para se divertir tomando banho de rio, num raro momento de lazer. Depois de lavadas as roupas eram usadas sem que se precisasse passar, apenas as de sair eram engomadas e passadas a ferro de brasa ( artefato de ferro em formato semelhante aos atuais ferros elétricos, com pegador de madeira, aquecido por carvão incandescente depositado no seu interior ).
Moça feita, vendo sua vizinha “Tonha” costurar, Deta despertou seu interesse e pediu para que a ensinasse. Recebendo as peças já cortadas, começou a costurar peças simples e recebendo orientações. Com o decorrer do tempo passou a costurar para toda a família e vizinhos, aumentando assim as possibilidades de renda.
Mas a melhor de todas as tarefas era a farinhada, segundo Deta. Levavam a mandioca para a casa de farinha de Seu Marcolino, a quem pagavam com um percentual da produção. As mulheres ajudavam raspando, colhendo a goma e preparando beijus, enquanto os homens moíam a mandioca e torravam a farinha. Todos juntos, homens, mulheres e crianças passavam a noite nessa tarefa, trabalhando, cantando e comendo beiju quentinho com café. Uma festa! Na falta de dança e festas no Sitio dos Pereiras, a diversão dos banhos de rios e das farinhadas representavam uma feliz trégua na pesada rotina.
Mas, foi em uma das festas de São Pedro que conheceu Zé. Após 2 anos de namoro, com 17 anos e meio, casaram em 01 de junho de 1955. O Sítio dos Nunes ficou em festa . Durante três dias festejaram com muita alegria, com direito a sanfoneiro, forró, cachaça e muito churrasco.
Na mesma comunidade onde nasceu e se criou, Deta passou a morar em casa própria, de alvenaria, mobiliada com mesa e quatro tamboretes e candeeiro. Agora possuía cama de mola, um rádio minúsculo a pilha, vestuário diversificado e passou a frequentar outras comunidades. Embora ainda a jumento, o casal, vez ou outra, visitava os parentes.
Um ano após o casório, festejavam a chegada do primeiro filho Luiz. Passados dois anos, veio a segunda filha Raimunda. Aos 21 anos chega o terceiro filho, Raimundo. Ainda na mesma comunidade nasce o quarto filho, Renato e 20 dias depois Miguel Pereira, seu pai, vem a falecer.
Passados cinco meses a família muda-se para o então segundo Projeto da SUVALE. Era o ano de 1960, a última etapa do projeto iniciado em Barreiras em 1945. Diferente dos primeiros colonos que recebiam o terreno com casa, água, luz e equipamento de irrigação, eles receberam apenas terra e água. Tudo estava por fazer. Inicia-se o desmatamento e plantação da área conquistada.
Em casa, ainda no Sitio dos Pereira, a família aguarda a estruturação da propriedade. Limpo o terreno, uma pequena casa de taipa foi construída, mudam-se para o lote. Vida simples, porém em melhores condições de trabalho.
Dois anos depois colhem a primeira lavoura. Para facilitar o acesso dos filhos à escola, em 1965, o marido aluga casa na “ruinha”, pequena rua de residências e comércio na comunidade Barreiras. Deta retoma a atividade de costura, chegando a produzir vestidos para noivas da comunidade, para ajudar nas despesas. Enquanto isso, o marido e os filhos mais velhos cuidavam do trabalho agrícola, sustento, de fato, da família. Mas, posteriormente, inaugura-se uma escola no Centro Comunitário, próximo das granjas, então a família retorna a morar o lote, ainda na casinha de taipa. Nessa época nasceram Liduina, Edna e Ivonete.
Por volta de 1972 a SUVALE entrega a casa do Lote. Casa de tijolos aparentes, com água encanada, energia e banheiro, quanto evolução! Nascem Ricardo e Gracinha. Quatro meses depois Deta fica viúva e assume toda responsabilidade com a educação e sustento dos filhos e mais a manutenção do Lote. Não foi fácil, mas pelos filhos precisou ser forte. Na ocasião o apoio da família e dos amigos foi de fundamental importância. Seu irmão Alfredo, funcionário da CODEVASF, tutelou os sobrinhos como dependentes para receber “abono família”. Sua irmã Maria passou a morar com ela e dedicou sua vida aos cuidados dos sobrinhos, permitindo, assim, que Deta pudesse se dedicar a roça e ao comércio da produção nas feiras de Barreiras e Petrolândia, em determinado tempo também na “Cidade Livre” e Tacaratu. Dr. Cruz, administrador da CODEVASF, responsável pelo projeto, concedeu um financiamento para a implantação de um galinheiro.
Assim, passou a criar frango de corte e galinha de postura, além de cuidar das vacas leiteiras e dos pastos, sempre contando com ajuda dos filhos. Enquanto isso, as filhas continuavam se dedicando aos estudos, As mais velhas cursam faculdade em Caruaru e Arcoverde e passam a trabalhar como professoras. Nessa época , alguns dos filhos já começam a construir novas famílias. Chega o primeiro neto, Luiz Henrique, para a alegria de todos, especialmente Deta.
A vida seguia de modo simples e com muito trabalho. Da necessidade, nasceu a Deta empreendedora. Atenta , não deixava passar nenhuma oportunidade. Aproveitava até a passagem dos romeiros para o Juazeiro. Quando eles paravam em Barreiras para se abastecer de água nos tanques da distribuição, lá estava ela vendendo lanche, frutas e biscoitos para os esfomeados romeiros, que compravam tudo.Quando começaram a instalar o canteiro de obras ela foi lá e fechou contrato para fornecer frango à cozinha da empresa Mendes Júnior. De madrugada, panela de água quente no fogo, acordava os filhos para ajudar a matar e depenar, na mão, quilos e mais quilos de frango. Ninguém reclamava. Todos tinham consciência da importância desse dinheiro certo ao final de cada mês.
Assim foram progredindo. Mas eis que, aos 51 anos, quando pensou que a vida havia entrado nos eixos, tomou consciência de que nova mudança estava por vir. A barragem inundaria toda a área da sua propriedade , a família teria que sair de lá. Diante do descaso do poder público em resolver de que modo isso iria acontecer, Deta juntou-se aos demais agricultores da área para cobrar uma atitude do sindicato e junto com eles, como o apoio da igreja, não hesitou em participar da invasão do canteiro de obras da Usina da Chesf para exigir providencias urgentes e justas.
Assim foi que, indenizadas as benfeitorias, recebeu novo terreno no Projeto Apolônio Sales. Ela e os filhos precisaram desmatar para começar um pequeno plantio e construir a casa de morar. Já com água da inundação chegando perto de casa, mudou para lá com a família.
Foi um novo recomeço. O desafio era grande. A primeira dificuldade foi a falta de água para produzir, que foi sanada com a iniciativa dos filhos adquirindo bomba e construindo a própria rede de irrigação. Apesar dos transtornos iniciais, a mudança trouxe novas oportunidades, que a família, acostumada com o trabalho, soube muito bem aproveitar. Enquanto alguns trabalhavam na agricultura e avicultura, outros estudavam ou trabalham com outras atividades, como empreenderes ou no serviço público.
Satisfeita com o progresso dos filhos, Deta se permitiu diminuir o ritmo de trabalho para curtir a chegada de novos netos e netas, que aumentavam a família. Aos setenta anos ganha um mini game dos filhos e não sossega até “zerar” o jogo passar para o próximo desafio. Ela, que quando jovem não tinha tempo nem para escutar a novela no minúsculo radinho de pilha na casa do Sítio dos Pereiras, agora pode viajar à passeio com a família e gastar horas em divertidas competições no vídeo games com as filhas.
Dona Deta, aos 80 anos ainda trabalha na roça de forma leve e por prazer: colhe limão, acompanha os cuidados de produção e coleta de mangas e bananas. Agora, participa mais das atividades sociais. É componente do grupo Reviver, da terceira idade de Petrolândia, comandado por Bezinha. Com a turma reza, dança ciranda, quadrilha no São João e faz muitas viagens.
Em 2018 foi homenageada pela CEVASF/Revista Movimento como uma das trinta mulheres fortes que contribuem e fazem a diferença na microrregião do Sertão de Itaparica. Em 2019, surpreendeu inclusive aos filhos, quando de última hora, sem avisar a ninguém, entrou portando uma faixa com os dizeres “ Nós somos Petrolândia” a pedido da diretora da peça “ Petrolândia, uma cidade inundada”, apresentada no auditório do Centro Cultural.
Mais jovial do que nunca agora frequenta regularmente as aulas de Pilates e Hidroginástica. Utiliza com muita habilidade o whatsapp. Os joguinhos? Agora utiliza tablete e celular de ultima geração. Diante de alguma dificuldade pede ajuda as netas, sempre prontas a ajudar, orgulhosas das habilidades da vó “moderninha”.
A família continua a crescer, nasceram Lara e Gabriel, dando origem a geração dos bisnetos e a mais uma neta Eloyse. Nasce também o bisneto, Igor Gabriel, primeiro neto de Ricardo, seu filho. Por último o mais novo bisneto, José Luiz, filho de Gracinha, sua filha mais nova, trazendo alegria e a certeza de que a vida se renova a cada instante.
Ao lado da família, que aos domingos lota a casa para desfrutar do seu doce de leite com ovos (ambrosia), Dona Deta, diz-se muito grata à Deus, que segundo suas palavras, “foi ajeitando as coisas pra que tudo desse certo”. Por isso, diz ela, não guarda mágoas nem grandes saudades do que viveu, guarda apenas gratidão.
Autor: Paula Rubens
IGH Petrolândia
SINOPSE
Em sucessivos recomeços ela aprendeu a ser a dona de seu destino. Apesar da aparência frágil arregaçou as mangas e trabalhou duro. Junto com os filhos e com o apoio da irmã, superou, e muito, o esperado para uma sertaneja viúva que tinha pela frente a missão de criar nove filhos sozinha.
HISTÓRIA COMPLETA
Filha de Afonsina e Miguel Pereira, a mais nova das mulheres recebeu o nome da avó materna MARIA JOSEFA DA SILVA quando nasceu aos 02.01.1938. Sua irmã mais velha já era “Maria”, assim lhe apelidaram de MARIETA. O apelido grande acabou simplificado para DETA. Tão aprovado foi que acabou adotado pelos filhos como nome de família, embora não oficial.
De origem simples, seus pais viviam do trabalho na terra e da criação de animais na propriedade que possuía no Sítio dos Barros, no municipio de Petrolândia. As dificuldades eram muitas numa comunidade de apenas meia dúzia de casas, distantes da cidade. A distância até a feira, escola e médico mais próximos, no Núcleo Colonial de Barreiras, precisava ser vencida à cavalo ou burro e muitas vezes à pé.
A casa de barro, pequena, era iluminada por candeeiro, luz elétrica não havia. A água era transportada do rio, no lombo do jumento em potes de barro e latas, ou do açude existente na propriedade da família, quando cheio pela chuva. Todos precisavam ajudar, havia muito a fazer. Seja na lavoura, cuidando dos animais, ou da casa, as crianças participavam da ajuda. Deta era uma delas. Desde cedo ajudava limpando mato, plantando sementes, indo buscar água e realizando outras tarefas leves em auxílio aos adultos.
A única diversão era brincar com seus sete irmãos maternos e com Dorinha, filha do primeiro casamento do pai, criada por suas tias, que freqüentemente os vinha visitar. Outras crianças não havia no vilarejo. Festa só nas novenas de São Pedro, na comunidade de Várzea Redonda, uma vez por ano. Nessas ocasiões vestiam a melhor roupa e iam participar da reza e dos comes e bebe do festejo, o único que conheciam. Na volta o piso da charrete era forrado com panos e a criançada cansada voltava dormindo.
No dia a dia o cardápio era resumido. De manhã, a primeira refeição do dia, servida muito cedo, resumia-se ao pirão de café torrado e pisado no pilão de madeira. Mas os pais criavam gado e cabras e do que a terra dava tinha-se com fartura. Não faltavam o leite fresquinho para comer com cuscuz feito do milho moído na hora, queijo assado na brasa, manteiga caseira e a carne seca com feijão e arroz vermelho, pirão de bode, pirão de gergelim, batata doce, macaxeira, amendoim, abóbora, coentro. Enriquecia-se o cardápio com melancia, amendoim, batata doce, abóbora, coentro, banha de porco entre outros. Por sorte, seu família, alem das terras do Sitio dos Pereira, tinha terras na Várzea Redonda, na margem do rio e também na serra próximo a Tacaratu. Na vazante rio plantavam batata, arroz e mandioca, Nas terras úmidas e férteis da serra, milho, feijão, legumes e frutas como banana, manga e pinha. Assim, sempre tinha para o consumo e para vender.
Foi assim, que a custa de muito trabalho, com ajuda da mulher e dos filhos, que o pai a conseguiu construir uma grande casa de alvenaria, mobiliada com cristaleira, mesa de madeira e fogão a lenha. Um luxo para quem era da roça! Também mandou fazer grandes caixas de madeira para armazenar farinha e silos de flandres, onde o feijão depois de acondicionado tinha sua entrada hermeticamente fechada com cera de abelha a fim de evitar o contato do cereal com o ar e podia passar anos sem se estragar. Agora a família tinha condições de acolher com prazer e fartura os viajantes, conhecidos e parentes, que vinham vender bode nos dias de feira.
A partir dos 11 anos, Deta começou a freqüentar a Escolas Reunidas Núcleo Colonial do São Francisco de Barreiras. Por ser muito distante ia de jumento ou a pé, acompanhada por Ana, sua irmã mais velha. No bornal levavam pedaços de rapadura para o lanche que era consumido no caminho de volta para casa, depois da aula, quando a fome não podia esperar o longo percurso até o almoço. Gostava da escola, logo conseguiu ler e escrever, mas o grande destaque era sua habilidade em matemática, motivo de orgulho e prenuncio da empreendedora que um dia viria a ser. Cursou até a 3ª série do Ensino Fundamental, concluindo o que era ofertado na época, o aperfeiçoamento foi adquirindo com a vida.
Depois de mocinha ajudava nos afazeres de casa e onde mais fosse preciso. Por volta dos quatorze anos, aprendeu a fiar o algodão, para fazer redes, um item importante na casa, utilizado por todos, já ainda não possuíam camas. O processo de fiação começava por apanhar o algodão do pé, depois limpá-lo catando as sementes. Uma vez limpo, o algodão ia sendo aberto de modo a formar uma espécie de tecido fino, que era enrolado à mão em forma de cordão e depois introduzido em um fuso madeira para reduzir sua espessura e dar uniformidade ao fio. Com uma mão ia se introduzindo o cordão, com a outra puxando fio e enrolando os novelos que depois eram encaminhados ao tear de Dona Dardô, filha de Né Bento, para a confecção das redes.
Entre outras tarefas, Deta cuidava da roupa da casa que a cada quinze dias juntava,colocava num saco e ,com sua irmã Maria, seguia de jumento em um percurso de aproximadamente uma hora e meia, para lavá-las no Rio São Francisco. Lá encontravam outras mulheres fazendo mesmo. Enquanto a roupa quarava, davam uma pausa para comer a carne seca e a rapadura que levavam de casa, e aproveitavam para se divertir tomando banho de rio, num raro momento de lazer. Depois de lavadas as roupas eram usadas sem que se precisasse passar, apenas as de sair eram engomadas e passadas a ferro de brasa ( artefato de ferro em formato semelhante aos atuais ferros elétricos, com pegador de madeira, aquecido por carvão incandescente depositado no seu interior ).
Moça feita, vendo sua vizinha “Tonha” costurar, Deta despertou seu interesse e pediu para que a ensinasse. Recebendo as peças já cortadas, começou a costurar peças simples e recebendo orientações. Com o decorrer do tempo passou a costurar para toda a família e vizinhos, aumentando assim as possibilidades de renda.
Mas a melhor de todas as tarefas era a farinhada, segundo Deta. Levavam a mandioca para a casa de farinha de Seu Marcolino, a quem pagavam com um percentual da produção. As mulheres ajudavam raspando, colhendo a goma e preparando beijus, enquanto os homens moíam a mandioca e torravam a farinha. Todos juntos, homens, mulheres e crianças passavam a noite nessa tarefa, trabalhando, cantando e comendo beiju quentinho com café. Uma festa! Na falta de dança e festas no Sitio dos Pereiras, a diversão dos banhos de rios e das farinhadas representavam uma feliz trégua na pesada rotina.
Mas, foi em uma das festas de São Pedro que conheceu Zé. Após 2 anos de namoro, com 17 anos e meio, casaram em 01 de junho de 1955. O Sítio dos Nunes ficou em festa . Durante três dias festejaram com muita alegria, com direito a sanfoneiro, forró, cachaça e muito churrasco.
Na mesma comunidade onde nasceu e se criou, Deta passou a morar em casa própria, de alvenaria, mobiliada com mesa e quatro tamboretes e candeeiro. Agora possuía cama de mola, um rádio minúsculo a pilha, vestuário diversificado e passou a frequentar outras comunidades. Embora ainda a jumento, o casal, vez ou outra, visitava os parentes.
Um ano após o casório, festejavam a chegada do primeiro filho Luiz. Passados dois anos, veio a segunda filha Raimunda. Aos 21 anos chega o terceiro filho, Raimundo. Ainda na mesma comunidade nasce o quarto filho, Renato e 20 dias depois Miguel Pereira, seu pai, vem a falecer.
Passados cinco meses a família muda-se para o então segundo Projeto da SUVALE. Era o ano de 1960, a última etapa do projeto iniciado em Barreiras em 1945. Diferente dos primeiros colonos que recebiam o terreno com casa, água, luz e equipamento de irrigação, eles receberam apenas terra e água. Tudo estava por fazer. Inicia-se o desmatamento e plantação da área conquistada.
Em casa, ainda no Sitio dos Pereira, a família aguarda a estruturação da propriedade. Limpo o terreno, uma pequena casa de taipa foi construída, mudam-se para o lote. Vida simples, porém em melhores condições de trabalho.
Dois anos depois colhem a primeira lavoura. Para facilitar o acesso dos filhos à escola, em 1965, o marido aluga casa na “ruinha”, pequena rua de residências e comércio na comunidade Barreiras. Deta retoma a atividade de costura, chegando a produzir vestidos para noivas da comunidade, para ajudar nas despesas. Enquanto isso, o marido e os filhos mais velhos cuidavam do trabalho agrícola, sustento, de fato, da família. Mas, posteriormente, inaugura-se uma escola no Centro Comunitário, próximo das granjas, então a família retorna a morar o lote, ainda na casinha de taipa. Nessa época nasceram Liduina, Edna e Ivonete.
Por volta de 1972 a SUVALE entrega a casa do Lote. Casa de tijolos aparentes, com água encanada, energia e banheiro, quanto evolução! Nascem Ricardo e Gracinha. Quatro meses depois Deta fica viúva e assume toda responsabilidade com a educação e sustento dos filhos e mais a manutenção do Lote. Não foi fácil, mas pelos filhos precisou ser forte. Na ocasião o apoio da família e dos amigos foi de fundamental importância. Seu irmão Alfredo, funcionário da CODEVASF, tutelou os sobrinhos como dependentes para receber “abono família”. Sua irmã Maria passou a morar com ela e dedicou sua vida aos cuidados dos sobrinhos, permitindo, assim, que Deta pudesse se dedicar a roça e ao comércio da produção nas feiras de Barreiras e Petrolândia, em determinado tempo também na “Cidade Livre” e Tacaratu. Dr. Cruz, administrador da CODEVASF, responsável pelo projeto, concedeu um financiamento para a implantação de um galinheiro.
Assim, passou a criar frango de corte e galinha de postura, além de cuidar das vacas leiteiras e dos pastos, sempre contando com ajuda dos filhos. Enquanto isso, as filhas continuavam se dedicando aos estudos, As mais velhas cursam faculdade em Caruaru e Arcoverde e passam a trabalhar como professoras. Nessa época , alguns dos filhos já começam a construir novas famílias. Chega o primeiro neto, Luiz Henrique, para a alegria de todos, especialmente Deta.
A vida seguia de modo simples e com muito trabalho. Da necessidade, nasceu a Deta empreendedora. Atenta , não deixava passar nenhuma oportunidade. Aproveitava até a passagem dos romeiros para o Juazeiro. Quando eles paravam em Barreiras para se abastecer de água nos tanques da distribuição, lá estava ela vendendo lanche, frutas e biscoitos para os esfomeados romeiros, que compravam tudo.Quando começaram a instalar o canteiro de obras ela foi lá e fechou contrato para fornecer frango à cozinha da empresa Mendes Júnior. De madrugada, panela de água quente no fogo, acordava os filhos para ajudar a matar e depenar, na mão, quilos e mais quilos de frango. Ninguém reclamava. Todos tinham consciência da importância desse dinheiro certo ao final de cada mês.
Assim foram progredindo. Mas eis que, aos 51 anos, quando pensou que a vida havia entrado nos eixos, tomou consciência de que nova mudança estava por vir. A barragem inundaria toda a área da sua propriedade , a família teria que sair de lá. Diante do descaso do poder público em resolver de que modo isso iria acontecer, Deta juntou-se aos demais agricultores da área para cobrar uma atitude do sindicato e junto com eles, como o apoio da igreja, não hesitou em participar da invasão do canteiro de obras da Usina da Chesf para exigir providencias urgentes e justas.
Assim foi que, indenizadas as benfeitorias, recebeu novo terreno no Projeto Apolônio Sales. Ela e os filhos precisaram desmatar para começar um pequeno plantio e construir a casa de morar. Já com água da inundação chegando perto de casa, mudou para lá com a família.
Foi um novo recomeço. O desafio era grande. A primeira dificuldade foi a falta de água para produzir, que foi sanada com a iniciativa dos filhos adquirindo bomba e construindo a própria rede de irrigação. Apesar dos transtornos iniciais, a mudança trouxe novas oportunidades, que a família, acostumada com o trabalho, soube muito bem aproveitar. Enquanto alguns trabalhavam na agricultura e avicultura, outros estudavam ou trabalham com outras atividades, como empreenderes ou no serviço público.
Satisfeita com o progresso dos filhos, Deta se permitiu diminuir o ritmo de trabalho para curtir a chegada de novos netos e netas, que aumentavam a família. Aos setenta anos ganha um mini game dos filhos e não sossega até “zerar” o jogo passar para o próximo desafio. Ela, que quando jovem não tinha tempo nem para escutar a novela no minúsculo radinho de pilha na casa do Sítio dos Pereiras, agora pode viajar à passeio com a família e gastar horas em divertidas competições no vídeo games com as filhas.
Dona Deta, aos 80 anos ainda trabalha na roça de forma leve e por prazer: colhe limão, acompanha os cuidados de produção e coleta de mangas e bananas. Agora, participa mais das atividades sociais. É componente do grupo Reviver, da terceira idade de Petrolândia, comandado por Bezinha. Com a turma reza, dança ciranda, quadrilha no São João e faz muitas viagens.
Em 2018 foi homenageada pela CEVASF/Revista Movimento como uma das trinta mulheres fortes que contribuem e fazem a diferença na microrregião do Sertão de Itaparica. Em 2019, surpreendeu inclusive aos filhos, quando de última hora, sem avisar a ninguém, entrou portando uma faixa com os dizeres “ Nós somos Petrolândia” a pedido da diretora da peça “ Petrolândia, uma cidade inundada”, apresentada no auditório do Centro Cultural.
Mais jovial do que nunca agora frequenta regularmente as aulas de Pilates e Hidroginástica. Utiliza com muita habilidade o whatsapp. Os joguinhos? Agora utiliza tablete e celular de ultima geração. Diante de alguma dificuldade pede ajuda as netas, sempre prontas a ajudar, orgulhosas das habilidades da vó “moderninha”.
A família continua a crescer, nasceram Lara e Gabriel, dando origem a geração dos bisnetos e a mais uma neta Eloyse. Nasce também o bisneto, Igor Gabriel, primeiro neto de Ricardo, seu filho. Por último o mais novo bisneto, José Luiz, filho de Gracinha, sua filha mais nova, trazendo alegria e a certeza de que a vida se renova a cada instante.
Ao lado da família, que aos domingos lota a casa para desfrutar do seu doce de leite com ovos (ambrosia), Dona Deta, diz-se muito grata à Deus, que segundo suas palavras, “foi ajeitando as coisas pra que tudo desse certo”. Por isso, diz ela, não guarda mágoas nem grandes saudades do que viveu, guarda apenas gratidão.
IGH Petrolândia
O IGHPETROLÂNDIA, fundado em 09.07.2016, é uma organização voltada para o estudo e pesquisa da história e geografia de Petrolândia , de modo a oferecer, de forma gratuita , ao poder público, estudantes , professores e ao publico em geral, uma fonte confiável de conhecimento sobre o município, além de garantir a preservação de documentos relacionados à história da região e do Brasil.
OBJETIVO : Preservar a memória e promover estudos para o desenvolvimento e difusão do conhecimento da História, Geografia e ciências a fins, especialmente do município de Petrolândia, assim como atuar em defesa do meio ambiente, da cultura e o seu patrimônio.
Dentre esses três anos de existência, o IGH tem realizado pesquisas que resultaram em vários trabalhos , tais como:
PROJETOS realizados:
Lançamento do Site IGH Petrolândia - Onde estão disponíveis fotos, mapas, publicações e documentos sobre a história de Petrolândia.
Resgate do Pastoril - Pesquisa que resultou na criação do Grupo PASTORIL ESPERANÇA, formado por crianças do Bairro Nova Esperança, local de população carente e desassistida por políticas públicas.
PROJETOS PERMANENTES:
MUSEU DA PESSOA - Registro da história de moradores de Petrolândia na internet através da plataforma do site WWW.museudapessoa.net, onde relatos , fotos, áudios e vídeos são preservados , de modo que a história da cidade vai sendo contada através da história das pessoas.
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Por: Instituto Geográfico Histórico de Petrolândia-IGPH
Da Redação do Blog de Assis Ramalho
Petrolândia: Curta o último domingo do ano de 2019 no Bar e Balneário Roça de Samyr
O restaurante serve as delícias preparadas pela cozinha da tia Leni, com saborosos pratos como peixe frito, baião-de-dois e buchada de bode.
O Bar e Balneário do empresário e mergulhador Samyr Oliveira está localizado na estrada para o Mirante da Serrota, a menos de 10 minutos do centro de Petrolândia.
O Bar e Balneário Roça de Samyr está no Google Maps. Escolha a melhor rota e divirta-se no Lago de Itaparica.
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