O município de Itacuruba teve parte de seu território reduzido, e sua sede inundada e reconstruída na caatinga, na década de 80, devido à implantação da usina hidroelétrica de Itaparica e formação do lago que alimenta suas turbinas. O "progresso" prometido não veio e afetou milhares de vidas que viram sua história ser inundada e o desenvolvimento não vir.
As desigualdades sociais são profundas e as marcas do trauma são materializadas, com índices alarmantes, na forma de depressão e suicídio, em todas as faixas etárias. Em abril, durante o “World Nuclear Spotlight”, uma articulação mundial de empresas nucleares, no RJ, foi apresentado um plano de expansão de usinas nucleares, onde o MME declarou que o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares no País.
Itacuruba foi apresentada como um local já estudado e apto a receber propostas para construção de um Sítio Nuclear com 6 reatores, ao custo inicial de 120 bilhões de reais. A WNA tornou-se então mais ousada, apostando em um forte lobby mundial para vender sua tecnologia e obter lucros em países que ainda não detêm esta tecnologia, anunciando a não emissão de carbono como pressuposto de uma “energia limpa”, não revelando que a cadeia do urânio, o combustível das usinas, e seu processo de extração e “enriquecimento” é extremamente poluente.
Os custos da desmontagem, descontaminação e armazenamento das usinas são altos e não são considerados nos custos totais da obra, o que implica ao final em riscos de abandono do sítio nuclear e aumento das tarifas de energia, de forma a pagar os custos do descomissionamento. Os povos tradicionais já se posicionavam contra este empreendimento, inclusive pela forma como foi conduzido, não respondendo aos questionamentos, mas também não negando, e sem consulta prévia a esses povos, conforme a Convenção 169 da OIT, que o Brasil homologou em 2004.
Em todo esse processo, compreendemos que ser contra esse empreendimento é ser a favor da vida, história e identidade dos povos de Itacuruba e de todo país que, até hoje, sofrem as consequências negativas dos discursos em prol do "progresso", mas que, na prática, impõe trauma e manutenção das desigualdades.
Em todo esse processo, compreendemos que ser contra esse empreendimento é ser a favor da vida, história e identidade dos povos de Itacuruba e de todo país que, até hoje, sofrem as consequências negativas dos discursos em prol do "progresso", mas que, na prática, impõe trauma e manutenção das desigualdades.
Dizemos não à usina não apenas em Itacuruba, mas em todo país. O Brasil não pode mais continuar na contramão da história. Países europeus como Alemanha, França e Portugal passaram a rever seus parques nucleares compreendendo os riscos e alto custo desta forma de energia elétrica. O Brasil tem outras fontes limpas e sustentáveis ainda a explorar, suficientes para a atual e futuras gerações. Que os investimentos, então, sejam na educação, ciências e tecnologias para a melhor conciliação entre produção de energia e respeito à vida.
Por Tony Bahia Notícias de Barra do Tarrachil-BA.
Por Tony Bahia Notícias de Barra do Tarrachil-BA.
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