terça-feira, outubro 15, 2019

PF cumpre mandado em endereço ligado ao presidente do PSL-PE

O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE) — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão em um endereço ligado ao deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), nesta terça-feira (15), na investigação sobre o uso de candidaturas laranjas pelo partido na eleição de 2018. Bivar é presidente do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Ao todo, nove mandados foram autorizados pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) para a Operação Guinhol, atendendo a um pedido do Ministério Público Eleitoral.

Entenda o que são candidatos-laranja

A investigação busca esclarecer se ocorreu fraude no emprego dos recursos destinados às candidaturas de mulheres - ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados na campanha das candidatas do sexo feminino. Segundo a PF, há indícios de que o dinheiro foi desviado para ser utilizado em outras candidaturas.

"É um absurdo completo. Esse inquérito está se arrastando há muito tempo, tudo foi esclarecido, não havia necessidade alguma dessa busca e apreensão. O delegado está fazendo uma pescaria para encontrar alguma coisa", afirmou o advogado de Bivar, Ademar Rigueira, ao G1 por telefone.

A defesa do presidente do PSL também informou que vai colaborar com as investigações da PF.

O inquérito policial foi instaurado após pedido do TRE-PE, após indícios de que representantes locais do partido político teriam disfarçado movimentações de recursos do fundo partidário, especialmente os destinados às candidaturas de mulheres.

Candidatura suspeita

A PF não informou a qual candidatura a operação desta terça faz referência, mas uma das investigadas, desde fevereiro, é Lourdes Paixão, que recebeu R$ 400 mil da direção nacional do PSL, terceira maior verba concedida pelo partido. A candidata obteve 274 votos em 2018.

O dinheiro do fundo partidário foi enviado para a candidata pela direção do PSL, que tinha como presidente, na época, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Ele foi demitido do cargo depois das primeiras reportagens sobre as candidaturas-laranja.

O advogado de Lourdes informou, em fevereiro, que dinheiro repassado pelo partido teria sido utilizado para confecção de adesivos e santinhos para a candidata.

No endereço divulgado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o G1 encontrou uma oficina no local onde a empresa deveria funcionar. Entretanto, na época em que o material encomendado por Lourdes supostamente foi impresso, a oficina de funilaria já funcionava no local, conforme informaram os funcionários. A oficina está no edifício ao menos desde março de 2018.

Disputa entre Bivar e Bolsonaro

Nos últimos dias, Luciano Bivar e o presidente Jair Bolsonaro protagonizaram uma disputa na cúpula do PSL. Após Bolsonaro orientar um apoiador a esquecer o partido e dizer ao homem que Bivar está “queimado”, o presidente da sigla disse que o presidente da República estava “afastado”.

Bolsonaro não chegou a deixar o partido oficialmente, mas, na última sexta-feira (11), o ex-ministro do TSE Admar Gonzaga, que advoga para Bolsonaro, solicitou acesso a dados financeiros do PSL. O objetivo é saber como Bivar está manejando as contas da legenda.

Por G1 PE

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