quarta-feira, outubro 09, 2019

Família de Beatriz Mota faz ato de repúdio contra Câmara de Petrolina

Lúcia Mota, mãe de Beatriz, grita contra a Câmara de Vereadores de Petrolina. Foto: Cortesia/Família

Beatriz tinha 7 anos quando foi morta dentro de um colégio de Petrolina. Foto: Reprodução/Facebook.

Os pais da menina Beatriz Mota, assassinada a facadas dentro de um colégio particular de Petrolina, realizaram um ato de repúdio em frente à Câmara de Vereadores do município. Ocorrido na manhã desta terça-feira (8), foi motivado pelo advogado de defesa de Alisson Henrique Carvalho Cunha, Wank Medrado, ter usado a tribuna da câmara para defendê-lo. Alisson é suspeito de ter apagado as imagens das câmeras de segurança. A morte de Beatriz aconteceu em 10 de dezembro de 2015 e, até hoje, permanece sem nenhuma resposta.

Com um carro de som em frente à Câmara de Vereadores, a mãe de Beatriz, Lúcia Mota, bradou: “Essa casa não representa Petrolina. Essa casa acolhe pessoas que estão sendo processadas, criminosos. É isso que está acontecendo aqui. Quantas mães já tiveram a oportunidade de vir aqui defender seus filhos?”.

Lúcia também questionou por diversas vezes o que Alisson alegou à Polícia no dia do crime. “Este homem apagou as imagens do assassino de Beatriz. Apagou e deu fuga ao assassino. Ah, não foi você, Alisson? Então quem foi? (...) Porque fugiu? Porque não ficou e se defendeu? Porque não procurou a família? Porque não se explicou à sociedade?”, acusou.

Em nota, a Câmara de Vereadores de Petrolina explica que “sempre foi solidária a dor da família e, com a mesma expectativa de todos, aguarda o desfecho da investigação”. Em nota, a instituição explica que o uso da tribuna é livre e que foi cedida por duas vezes aos pais de Beatriz. “Esta casa não poderia cercear o direito ao Dr. Wank, que solicitou o espaço através de ofício, para prestar os devidos esclarecimentos sobre a decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que deu provimento à revogação da prisão de Alisson Henrique de Carvalho Cunha”, acrescenta.

“A Câmara Municipal apenas cumpriu o regimento interno da casa, que prevê em seu artigo 102, parágrafo único, que o grande expediente será dividido em duas partes: a primeira para uso da tribuna pelos vereadores, antecedendo a ordem do dia; e a outra parte para uso livre por autoridades e personalidades diversas”, discorre a instituição.

Advogado de Alisson, Wank Menezes, explicou que era necessário esclarecer o que o homem estava sendo acusado exatamente. “A mãe da menina usou o espaço por duas vezes para acusá-lo. A sociedade de Petrolina precisava saber que ele não tem ligação direta com o crime. Todo mundo quer que se descubra o responsável, mas não se pode cometer uma injustiça para isso”, defendeu. “Ele está com a família na cidade, mas está emocionalmente abalado. Por enquanto, prefere não aparecer em público”, acrescentou.

Sem respostas
O assassinato de Beatriz Mota se arrasta há quase quatro anos. Desde que o crime aconteceu, em 10 de dezembro de 2015, o inquérito já passou pelas mãos de quatro delegados diferentes, como Gleide ngelo. Atualmente, o caso está com a delegada Polyanna Neri.
Em nota, a Polícia Civil (PCPE) afirma que Polyanna trabalha “com dedicação exclusiva” e que foi instituída “uma força-tarefa composta por mais três delegados de Polícia e suas respectivas equipes, todos com experiência na investigação de homicídios”. “Quanto à investigação, que corre em segredo de justiça, a delegada e a força-tarefa se pronunciarão apenas na conclusão dos trabalhos”, conclui a PCPE.

Mas se dependesse da vontade da família, o caso já teria saído da esfera estadual para as mãos da Polícia Federal. “Estamos aguardando retorno da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Uma audiência pública federal que acontecerá no Recife”, conta Sandro Mota, pai de Beatriz.

Por enquanto, não há uma data prevista para esta audiência, que depende das agendas de deputados e da comissão para ser marcada. “Ainda acreditamos que tudo será esclarecido e os culpados condenados rigorosamente. Não vivemos luto. Nós vivemos uma luta por justiça”, finaliza Sandro.

Por Diário de Pernambuco

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