A mais recente pesquisa feita pelo Instituto Datafolha aponta para um presidente da República com popularidade em queda . A rejeição à gestão Jair Bolsonaro nos oito primeiros meses supera os índices de seus antecessores. Mas a mesma pesquisa mostra que, ao mesmo tempo, Bolsonaro mantém um "núcleo de resistência" de apoiadores que beira os 30%. É a velha máxima do copo meio cheio e meio vazio, a depender do ponto de vista.
Como especialistas sempre costumam olhar as pesquisas, menos para o resultado em si, e mais para ver o movimento que elas indicam, a notícia ruim para o governo é que pode-se dizer que o "viés é de baixa".
Em um mês, a rejeição ao governo Bolsonaro passou de 33% para 38%. Entre julho e agosto, o presidente se viu tragado pela crise das queimadas, os discursos anti-ONGs, as brigas com países de primeiro mundo sob alegação de que a Amazônia é nossa. Nesse mesmo período, aumentou o contingente de pessoas que passaram a reprovar a conduta do presidente. O percentual passou de 25% para 32%.
Há dados que podem servir de estímulo para prováveis candidatos no campo da centro-direita em 2022, como o governador de São Paulo João Doria (PSDB). A nova pesquisa mostra que o presidente está perdendo fôlego em sua "fortaleza" durante a campanha do ano passado. Entre os eleitores mais escolarizados, com ensino superior, o índice dos que classificam a gestão do presidente como ruim ou péssima passou de 35%, em abril, para 43%. Entre os mais ricos teve queda acentuada caindo de 52% em julho para 37% agora. Na região Sul, considerada reduto bolsonarista, a avaliação negativa de seu governo aumentou de 25% para 31%.
Se o movimento de reprovação aumenta, a avaliação direta sobre como Bolsonaro anda se portando ainda não é suficiente para dizer que o presidente perdeu todo o apoio que tinha. Pelo contrário, 55% disseram que nunca ou na minoria da vezes ele se comporta de maneira inadequada. Outros 42% dizem que isso ocorre sempre ou na maioria das ocasiões. Retrocedendo no tempo, esses dois percentuais se assemelham aos votos que o candidato Bolsonaro recebeu no segundo turno das eleições de 2018.
Embora esteja em queda desde janeiro, o presidente ainda mantém a fidelidade de uma base que costuma ser suficiente para levar políticos a segundos turnos de eleições. Foi desta forma, com apoio de cerca de 30% do eleitorado, que o PT conseguiu se manter competitivo nas últimas corridas ao Planalto. É justamente essa a aposta de Bolsonaro para os próximos anos: manter a polarização para enfrentar novamente, na reta final, um nome da esquerda.
O Globo
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