Tecnologia desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece uma alternativa de aproveitamento dos rejeitos de minério armazenados nas barragens a montante, as mais comuns no Brasil, semelhantes às que se romperam em Mariana, Brumadinho e às que ameaçam Barão de Cocais e São Sebastião das Águas Claras, em Minas Gerais.
O material (rejeito) quando processado por uma tecnologia denominada calcinação flash, transforma-se em uma espécie de cimento – pozolana – que serve como base para vários outros materiais, tais como concreto, argamassa e pelotas de minério, que podem ser utilizados na pavimentação de estradas, construção civil, agricultura, piscicultura. A técnica também recupera ferro para fabricação de aço.
O mentor da tecnologia, professor Evandro Moraes da Gama, Engenheiro de Minas, Geólogo de Engenharia e Hidrogeólogo, foi convidado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) para uma conversa sobre o assunto. Segundo o professor, a primeira medida que deve ser tomada pelo poder público é o descomissionamento das barragens a montante. “Há 17 anos, quando começamos a trabalhar com a reciclagem de rejeitos, já alertávamos as mineradoras e a sociedade civil sobre o fato de que não haveria barragem que segurasse a quantidade de rejeitos que estava sendo depositada”, conta Evandro.
A partir daí, após o descomissionamento, com a tecnologia existente seria possível retirar todo o resíduo e transformá-lo em produtos, proporcionando uma forma sustentável de gerir a cadeia da mineração. A pozolana, substância oriunda do processo de calcinação flash, pode ser utilizada no lugar do calcário na mistura feita para gerar o cimento tradicional. “Dessa forma, propiciamos também uma vida maior às jazidas de calcário”, explica Gama.
Para o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, o assunto é do mais alto interesse do colegiado. O Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio São Francisco (PRH-BHSF) prevê, dentre seus eixos, a Segurança de Barragens. “Portanto, falando em nome dos usuários, da sociedade civil e do poder público, o CBHSF tem a obrigação de acompanhar o que está sendo feito em relação à legislação, às intervenções e às novas tecnologias”, afirma Miranda.
Durante a conversa, da qual participaram também o membro do CBHSF Marcelo Ribeiro e o diretor de comunicação, Paulo Vilela, o presidente do Comitê convidou o professor Evandro Gama para palestrar na próxima reunião Plenária do colegiado, que será realizada em dezembro deste ano, em Brasília. “O Comitê precisa de uma estreita aliança com a ciência e com a academia para avançar na enorme tarefa de fazer recuperação hidroambiental”, disse Miranda. E acrescentou: “Queremos dar um grande destaque a esse assunto. Você caiu do céu. O Comitê estava trabalhando exatamente essas ideias pioneiras. É preciso apresentar soluções ao invés de ficar apenas discutindo o desastre e suas consequências”.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Martins
*Fotos: Mariana Martins
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