Veja afirma que foram analisadas 649.551 mensagens.
A Veja diz na seção Carta ao Leitor que analisou dezenas de mensagens trocadas ao longo dos anos entre membros da revista e os procuradores e que todas as comunicações seriam verdadeiras, palavra por palavra.
A revista diz que numa conversa de 28 de abril de 2016, Moro teria orientado os procuradores a tornar mais robusta uma peça. O suposto diálogo se refere a Zwi Skornicki, representante o estaleiro Keppel Fells, que tinha contrato com a Petrobras.
No suposto diálogo, o procurador Deltan Dallagnol teria dito à procuradora Laura Tessler: “No caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do funcionário da Petrobras Eduardo Musa e, se for por lapso que não foi incluído, ele disse que vai receber amanhã e dá tempo. Só é bom avisar ele.
Laura teria respondido: “Ih, vou ver”.
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A revista afirma que, no dia seguinte, o Ministério Público Federal incluiu um comprovante de depósito de US$ 80 mil feito por Skornicki a Musa, e que Moro aceitou a denúncia minutos depois do aditamento e que, na sua decisão, mencionou o documento que havia pedido. Segundo a revista, isso demonstraria que ele claramente ajudou um dos lados do processo a fortalecer sua posição.
Em outra suposta conversa de 2 de fevereiro de 2016, Moro avisa a Dallagnol que a Odebrecht entrou com uma petição sobre determinada questão e que abriria prazo de três dias para os procuradores se manifestarem.
No dia 5, segundo a revista, o procurador Dallagnol manda pelo aplicativo Telegram a manifestação do Ministério Público quase pronta. A revista afirma que a situação é completamente irregular porque Dallagnol teria enviado a Moro uma versão inacabada do trabalho para que o juiz pudesse adiantar a sentença.
A revista destaca outro suposto diálogo em que o chefe da força-tarefa Deltan Dallagnol daria dicas a Moro sobre argumentos para garantir uma prisão. O diálogo seria de 17 de dezembro de 2015, quando Moro teria informado ao procurador que precisava da manifestação do Ministério Público Federal no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. Dallagnol teria respondido sobre o prazo: “Até amanhã meio-dia”. E o procurador, segundo a revista, teria acrescentado: “Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém”.
Em outro diálogo atribuído a Moro e a Dallagnol, Moro teria perguntado sobre rumores de uma delação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e teria dito: “Espero que não procedam”. Dallagnol teria respondido que tudo não passa de rumores e que sempre que Moro quisesse, colocaria o então juiz a par. Moro teria reiterado ser contra a delação. Isso sem saber o conteúdo, segundo a revista.
A revista ressalva que a proposta de delação atingia políticos com foro privilegiado e que a palavra final para assinar o acordo com Cunha passaria para a Procuradoria-Geral da República e a homologação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato. Segundo a revista, um dos procuradores teria dito que a ideia era analisar a proposta em conjunto com os colegas para uma decisão de aceitar ou rejeitar a delação.
Dois dias depois, o procurador Ronaldo Queiroz teria dito que o material é fraco. A revista afirma que, no dia seguinte, outro procurador, provavelmente Orlando Martello Júnior, teria expressado o posicionamento de Curitiba, que a revista destaca ter sido o mesmo de Moro: “Achamos que o acordo deve ser negado de imediato".
Na reportagem, a revista Veja afirma que uma das obsessões de Sergio Moro seria manter os casos da Lava Jato em Curitiba e que, nesse esforço, o então juiz teria mentido a um ministro do Supremo ou, na hipótese mais benigna, ocultado dele uma prova importante.
A revista conta então que a defesa do preso Flávio David Barra pediu ao ministro do STF Teori Zavascki a suspensão do seu processo tocado pela 13ª Vara de Curitiba, alegando que Moro não tinha competência para julgar o caso por haver indício de envolvimento de parlamentares, entre eles o então senador Edison Lobão (MDB-MA). Segundo a revista, Teori cobrou explicações a Moro, que disse não saber nada sobre o envolvimento de parlamentares. Mesmo assim, afirma a revista, o ministro do STF suspendeu em 2 de outubro as investigações, o que forçou o então juiz a remeter o caso de Curitiba para Brasília três dias depois.
A revista diz que o comportamento de Moro perante Teori Zavascki foi impróprio e baseia essa opinião num diálogo registrado no Telegram 18 dias depois entre o procurador Athayde Ribeiro Costa e a delegada Erika Marena, da Polícia Federal. No suposto diálogo, eles teriam se referido a Moro pelo apelido de Russo e usado o termo eprocar como sinônimo de protocolar o documento no sistema da Justiça, o e-Proc.
O diálogo seria o seguinte:
Athayde: Sabem dizer onde localizo a planilha/agenda apreendida por Barra, que descreve pagamentos a diversos políticos? Lembro que o Russo tinha pedido protocolo separado. Vamos precisar para manter a prisão dele lá em cima.
Érica: O Russo tinha dito para não ter pressa para eprocar isso, daí coloquei na contracapa dos autos e acabei esquecendo de eprocar. Vou fazer isso logo.
Em outro suposto diálogo publicado por Veja, Dallagnol teria comentado com os colegas que conversou 45 minutos com o ministro do STF Luiz Edson Fachin e que teria exclamado: “Fachin é nosso”.
Por Jornal Nacional
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