Na manhã desta sexta-feira (12), a água começou a escoar, mas ainda chove fraco no município. Uma força-tarefa com 50 agentes do Corpo de Bombeiros de Salvador chegou à cidade nesta manhã. Eles interditaram a ponte para evitar que os moradores fiquem circulando pelo local.
"Sempre há risco. As pessoas podem ser surpreendidas. Estamos isolando o local. A gente reforça que, nesses eventos, quando a água estiver na canela, deve-se evitar passar", explicou o major Ramon Diego
Os prejuízos por conta da força da água são muitos. O cenário na manhã desta sexta-feira é de casas cheias de lamas e com marcas de água até a metade das paredes. Uma das moradoras da cidade relatou que só deu tempo de pegar os documentos e deixar o imóvel que morava com a família.
Assim como na ponte, as ruas de Coronel João Sá ficaram alagadas. As áreas mais críticas foram as ruas do Galo, Santo Antônio, Beira Rio, Senhor do Bonfim, José Antônio dos Santos e o bairro da Barroquinha.
Os moradores precisaram deixar suas casas e estão alojadas nas escolas municipais. Por conta disso, as aulas permanecem suspensas. Conforme o prefeito Carlinhos Sobral, entre 100 e 150 famílias estão desalojadas, o que corresponde a cerca de 500 pessoas.
"Não houve nenhuma fatalidade, os prejuízos são materiais. Estamos trabalhando para suprir a população com alimentos, médicos, enfermeiros, para a gente tentar amenizar essa catástrofe, principalmente para aqueles que perderam suas casas. Hoje vamos fazer levantamento. Ainda não temos ideia de quantos imóveis desabaram. Estamos levantando todos os danos, porque a água começou a baixar hoje", explicou Sobral.
Ponte
Segundo relato dos moradores, o rio começou a encher por volta das 10h da manhã de quinta-feira (11) e logo encobriu a ponte, que tem cerca de 10 metros de altura. Conforme os moradores, a água atingiu uma altura de cerca de dois metros acima da ponte.
A ponte é a única via que liga o centro da cidade ao bairro Sanharol, além de povoados como Doçura, Queimada do Meio, Tiririca, Serrotinho, Lagoa do Velho, Jitaí, Ilha de São José, Gasparino Mocambo, Macaco, Jardim, Lagoas I e II, Calderão I e II e assentamento Ronco Gibão. A ponte também dá acesso à estrada que leva aos municípios de Sítio do Quinto, Pedro Alexandre e Jeremoabo.
Martins Percilio dos Santos, que trabalha como lavrador e é presidente da Associação de Apicultores e Agricultores da cidade de Coronel João Sá, conta que saiu da localidade de Tiririca por volta das 8h de quinta-feira para ir ao banco, no centro da cidade ,e não teve como voltar.
"Vim para o lado de cá ontem, 8h da manhã, e as 10h já não passava mais ninguém na ponte. Tive que ficar do lado de cá e dormir na casa de uma irmã. Nunca vi isso na minha vida", destacou em entrevista ao G1.
Outros moradores, no entanto, começaram a atravessar novamente na ponte nesta sexta por volta das 6h, mesmo com o alagamento. Uns se arriscavam usando motos, outros de carro e outros a pé. Entretanto, após a chegada do Corpo de Bombeiros, por volta das 7h30, a ponte foi interditada.
Barragem
A barragem do Quati foi construída pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e entregue em novembro de 2000 à Associação de Moradores da Comunidade do distrito. Ela represa o Rio do Peixe para o período de estiagem, mas as águas do rio invadiram as cidade após as fortes chuvas que caem na região.
Conforme a Defesa Civil da cidade, as fortes chuvas que caem na região do Rio do Peixe contribuíram para o aumento do volume de água da barragem. A cidade de Coronel João Sá foi a mais atingida pela inundação, porque fica em uma altitude mais baixa que Pedro Alexandre. O percurso do rio entre as duas cidades é de cerca de 80 km. Não há informações da velocidade da água.
Emergência e calamidade pública
A prefeitura da cidade de Pedro Alexandre decretou situação de emergência e calamidade pública, após o município ser invadido pela água da barragem.
O documento foi publicado no Diário Oficial do município. No decreto, o prefeito Pedro Gomes Filho informou que a situação de emergência foi decretada "considerando o volume de água que tomou a cidade, causando inundações, enxurradas, alagamentos que ocasionaram danos materiais em residências, vias públicas, pontes e equipamentos públicos diversos".
Por G1 BA
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